Silêncio de ‘araponga’ surpreende parlamentares
O silêncio do policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, suspeito de ser um dos arapongas do grupo de Carlinhos Cachoeira na Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) mista que investiga as relações do contraventor com agentes públicos e privados surpreendeu os parlamentares da comissão.
Ele veio ao Congresso munido de decisão favorável ao pedido de habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF), para permanecer em silêncio na CPI e informou que não responderia a nenhum questionamento feito pelos integrantes da comissão.
Thomé Neto havia sido convocado inicialmente a prestar depoimento em julho, mas enviou um atestado médico à comissão pedindo o adiamento de sua oitiva remarcada para esta terça-feira (7). De acordo com o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), ele havia dado sinais de que colaboraria com as investigações.
- Ele [Thomé] tinha vindo na vez passada na tentativa de falar e voltou sem querer falar. Surpreendeu-me – disse o senador.
Vital chegou a oferecer ao policial aposentado, que estava na comissão na condição de testemunha, a oportunidade de responder perguntas apenas aos parlamentares em reunião fechada, sem a presença da imprensa. Mas, ele não aceitou alegando não ter participação na organização criminosa.
- Não fui denunciado nesse processo. Não tenho nada pra colaborar. Não conheço de nada. Acho que foi por isso que o Supremo me deu essa prerrogativa (de ficar em silêncio) – disse Thomé Neto.
Ele foi o segundo para depor no dia. Antes dele, Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, também se recusou a falar aos parlamentares.
Para Odair Cunha, o silêncio é sinal de que a organização criminosa também está montando sua estratégia de defesa.
- Estamos diante de uma organização criminosa que se infiltrou no aparelho de estado, que tem uma defesa organizada. O próprio Joaquim Gomes Thomé que compareceu hoje tinha antes a disposição de falar, vem hoje e não fala. Quanto mais o tempo passa, mais a organização se fecha - disse Odair Cunha.
Ainda que a maior parte dos convocados pela CPI tenha ficado em silêncio diante dos parlamentares, o senador Vital do Rêgo avalia que a negativa em colaborar com as investigações não atrapalha ou atrasa o trabalho da comissão.
- Claramente, tanto aqui quanto na Justiça, nós não conseguimos grandes passos nos depoimentos. O grande trabalho da CPI é buscar com a quebra de sigilos e com a análise do material que chega os elementos comprobatórios de toda essa grande organização criminosa – disse o senador.
Segundo o relator, a CPI deve durar os 180 dias previstos inicialmente, sem a necessidade de prorrogação.
07/08/2012
Agência Senado
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