Lula surpreende empresários
Lula surpreende empresários
Para empresários que participaram do debate na CNI, petista “mudou e não mete mais medo”, embora muitos prefiram a “continuidade sem rupturas”
BRASÍLIA – O grosso do PIB brasileiro conheceu ontem a base das propostas de Governo dos quatro pré-candidatos à Presidência da República. Diante de 400 empresários reunidos ontem na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PPS-Fente Trabalhista), José Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB) exibiram propostas bastante parecidas para a retomada do crescimento econômico, desemprego, estabilidade e retomada do crescimento. Os empresários mais influentes do País gostaram especialmente da exposição de Lula, que surpreendeu alguns, mas não esconderam uma ponta de preferência pela continuidade. Alguns declararam que preferem mudanças sem rupturas drásticas.
O presidente do grupo Gerdau, Jorge Gerdau, avaliou que o discurso de Lula realmente mudou e reflete claramente o pensamento da social democracia européia. “Acho que as palavras ‘mete medo’ não existem mais. Mas quando ele (Lula) fala em alíquota de 50% para o Imposto de Renda dos brasileiros, que já pagam tantos impostos, essas afirmações sim, assustam”, alertou.
Com um discurso político, Lula foi considerado bem-sucedido pela maior parte da platéia. Embora não tenha feito um pronunciamento voltado para os industriais, agradou ao setor a postura mais moderada e voltada para a negociação, até porque cresce a certeza entre os empresários de que ele irá para o segundo turno da eleição.
Já José Serra (PSDB), e Ciro Gomes (PPS), optaram por discursos técnicos, afinados com o mundo empresarial e financeiro.
A exposição de Anthony Garotinho (PSB) foi considerada importante para que ele apresentasse suas idéias, embora tenha enfatizado a estratégia eleitoral de buscar votos sobretudo entre a população de baixa renda.
O presidente da CNI senador Fernando Bezerra (PTB-RN) considerou tolice a avaliação negativa feita pelas agências e bancos internacionais sobre uma possível vitória do candidato petista. Ele afirmou que a eventual vitória de Lula não representaria ameaça aos investidores.
Após o debate, os empresários comentavam que não existe mais no País o chamado ‘efeito Mário Amato’, que em 1989, quando ocupava a presidência da Federação das Indústrias de São Paulo, afirmou que se Lula vencesse as eleições os industriais deixariam de investir no País.
Apesar de ter declarado que uma vitória de Lula provocaria certo estresse na economia, o presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, reconheceu que Lula fez um discurso competente. Ele enfatizou que a cinco meses da eleição, o mercado financeiro age muito mais pautado pela emoção do que pela razão. Lafer disse que ficou satisfeito porque os candidatos se mostraram preparados e deixaram claro ter a consciência de que os industriais não podem ser apenas coadjuvantes no processo eleitoral.
Poucos foram tão enfáticos nos elogios como os presidentes das Federações das Indústrias de Brasília, Lourival Dantas, e de Alagoas, José Carlos Lyra de Andrade.
Ambos consideraram o pronunciamento de Lula o melhor de todos.
As diferenças entre as propostas foram tão tênues que alguns empresários chegaram a brincar que estava difícil identificar qual deles era o candidato do Governo.
Últimos comentários:
Brayner: Devemos nos lembrar de um sábio ditado que diz: "Uma andorinha só não faz verão.", então não devemos eleger apenas o presidente, mas também os deputados, senadores e governadores que realmente almejam pelo crescimento de nosso país. É nosso dever como cidadãos orientar aqueles que não têm uma consciência política formada, sobre cada candidato principalmente seu passado político, como: se ele já foi acusado de falcatruas, envolvido em algum escândalo político, se está usando a máquina administrativa (nossos impostos) em benefício próprio etc. Antes de qualquer coisa nós devemos ser coerentes nas urnas, pois do quê adianta elegermos Lula, e pormos no senado um Marco Maciel, que está no poder desde o início da ditadura militar e nada fez ou faz pelo nosso estado, que também seu partido é neoliberal e não tem nenhum compromisso com o social, se uma coisa deste tipo vier a acontecer os projetos enviados pelo poder executivos encontrará entraves no legislativo. Há oito anos está no poder um sociólogo chamado de Fernando Henrique Cardoso, que nada fez pelo social. Quando questionado sobre as diferenças do que ele dizia quando era professor e agora presidente, a resposta foi para que esquecessem o que ele escreveu no passado, ou seja, é o homem sem palavra que não podemos confiar. Dizem que a inflação esta controlada e a disparidade social diminuiu, pois bem, lembram-se quanto custava a gasolina no início do plano real, era R$0,50 e hoje é mais de R$1.70, ou seja, um aumento superior a 240%. Também quanto você gastava para fazer a feira do mês e quanto você gasta hoje, é o mesmo valor? Se for, você continua comprando os mesmos itens? De quanto seu salário aumentou nos últimos anos? Estes aumentos vêm acompanhando o aumento das despesas? Desde do início do governo de FHC algum parente seu ficou desempregado ou até você mesmo? O que de fato aconteceu foi o aumento das diferenças, pois com esse plano real, quem era classe média baixa agora é pobre entre outras. No início do plano real o salário mínimo era algo entorno de R$75,00 e o dólar era R$1,00, sendo assim a grande maioria dos brasileiros recebiam aproximadamente US$75.00, hoje o salário mínimo é de R$200,00 (QUE DINHERÃO, HEIN!!!), e o dólar vale aproximadamente R$2.50, então o salário mínimo hoje é de US$80.00, ou seja um aumento real de 6,67%, isso é um absurdo. Então é necessário elegermos candidatos de centro-esquerda para que nosso país, de fato possa melhorar este quadro social. E concordo com o comentário do Neto.
Letícia: O tal do Sandro é mesmo um imbecil. Reacionário F.D.P.
JOHN: A onda vermelha está chegando novamente. Podemos até fazer um filme: "Onda Vermelha: A Volta". Com certeza será ganhador de todos os oscar's.
Tio Abdul: Serra, FHC, Marco Maciel e cia vão queimar no mármore do inferno.
Mução: Lula é o homem que fez a jumentinha olhar pra trás. É o supra sumo do rabo do pato.
Bambam: Votar em Lula faz parte!
Ligeiro: Lula, bom te ver!!!
Khadija: Lula, ishalá!!!
D.Jura: Lula né brinquedo não !!!
Mução: Lula é profissional!!!
Muitas semelhanças nas propostas
BRASÍLIA - Os quatro principais pré-candidatos à Presidência da República apresentaram propostas semelhantes, no debate com empresários na CNI. Todos definiram como prioridade a retomada do crescimento econômico e defenderam a adoção de uma política mais agressiva para o comércio exterior e a promoção de uma reforma tributária urgente que alivie a carga sobre a produção. Entre outros pontos de consenso, prometeram a definição de uma política industrial, a modernização da infra-estrutura do País - com ênfase especial na área de transportes -, a redução da dependência do capital externo, o controle da inflação, a manutenção do ajuste fiscal e o reforço dos programas sociais.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Serra (PSDB), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) fizeram a exposição de suas propostas e responderam perguntas de empresários. “É necessária a retomada do crescimento com distribuição de renda e geração de empregos, além de remover os gargalos da infra-estrutura, uma política tributária e formas de se prevenir contra a vulnerabilidade da economia brasileira frente ao capital especulativo”, disse Lula, que abriu o debate. Ele pedi u que todos assumissem, na frente dos empresários, o compromisso de lutar para manter a estabilidade da moeda.
Serra anunciou que criará o Ministério do Comércio Exterior, que assumirá parte das funções hoje exercidas pelo Itamaraty. Disse que o crescimento do emprego ainda é lento, porque a economia avança pouco: “Para ter crescimento, é fundamental que a indústria cresça”. Afirmou ainda que para governar é preciso “ter a casa arrumada”, ou seja, manutenção da política fiscal, com respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal, as metas de inflação e o câmbio flutuante. Caso contrário, segundo ele, “o Brasil pode virar uma Argentina.”
Ciro propôs uma reforma tributária que modifique o Imposto de Renda para favorecer a poupança. De acordo com essa proposta, acima de um determinado nível o imposto não será cobrado sobre a renda, mas sobre o que foi gasto. Ele defendeu quatro passos para o desenvolvimento sustentado do País: reforma tributária, reformulação do sistema previdenciário, renegociação da dívida interna com alongamento voluntário e estratégia para superar o déficit externo.
Garotinho disse que instalou seu Governo de transição, quando foi eleito governador, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e que, quando deixou o Governo, ouviu do presidente da entidade, Eduardo Eugênio Gouvea Vieira, que ele havia zerado a pauta com a indústria: “Foram investidos entre capital estrangeiro e nacional, no Rio de Janeiro, R$ 78 bilhões”. Ele defendeu o acesso desburocratizado dos microempresários ao crédito e a volta do Pró-Álcool - proposta já sugerida por Lula.
Os pré-candidatos foram unânimes nos elogios à CNI, que lhes entregou um estudo com as prioridades da indústria brasileira para o crescimento econômico e a preocupação com o destino dos 32 milhões de habitantes que vivem abaixo da linha da pobreza, com cerca de R$ 80 de renda mensal.
Lula e Ciro recebem elogios de empresários pernambucanos
Os empresários que acompanharam, na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), o debate da CNI com os pré-candidatos, pelo sistema de videoconferência, gostaram da participação de Lula (PT) e Ciro Gomes (PPS). “Lula mudou de uma forma extraordinária, até na roupa. Ele passa a idéia de que está em sintonia com tudo. Está mais preparado hoje do que antes. Ciro também se saiu bem, mas foi muito técnico”, comentou o presidente da Fiepe, Jorge Corte Real. Lula o impressionou por ter batido na tecla da necessidade de negociação para avanço das reformas. “Ciro defendeu uma reforma tributária, mas como viabilizá-la sem uma ampla negociação?”, questionou.
O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), José Lucas Simon, elogiou a objetividade de Ciro Gomes e a desenvoltura de Lula. “Lula não assusta mais os empresários, especialmente os locais. É bom que enterre-se este mito.
Se não houve uma degringolagem institucional com a administração de uma cidade como Recife, eles não vão ter como fazer isto com o País”, declarou.
Encantado com Lula revelou-se o empresário Armando Monteiro Filho, pai do presidente licenciado da Fiepe, Armando Monteiro Neto. “Com sua sensibilidade pelo social, Lula se saiu melhor”, declarou. Alguns empresários reclamaram que a indústria de construção civil não foi citada como instrumento de alavancagem do desenvolvimento, conforme assinalou o construtor Antenor Lino, que elogiou Ciro Gomes. “Ciro mostrou-se preparado para responder as perguntas. No caso do Lula, foi importante ele ter dito que está preocupado com a estabilidade econômica”, observou.
Embora tenham gostado de ter ouvido várias promessas de apoio a reformas na legislação tributária, os empresários reclamaram que os candidatos passaram ao largo da problemática regional, das desigualdades econômicas regionais. “Os empresários locais colocaram este ponto na agenda da CNI como uma das principais preocupações”, observou o presidente da Fiepe, Jorge Corte Real. Nas palestras, o único candidato que mencionou o tema foi o pré-candidato José Serra (PSDB).
Candidatos apóiam e STF abre brecha na Lei Fiscal
emo Tribunal Federal derruba, em caráter liminar, três pontos considerados fundamentais na Lei de Responsabilidade Fiscal, apoiada pelos presidenciáveis no debate promovido pela CNI
BRASÍLIA – Na audiência pública promovida ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), os quatro principais pré-candidatos à Presidência da República – José Serra (PSDB), Ciro Gomes (PPS), Anthony Garotinho (PSB) e Lula (PT) – defenderam a responsabilidade fiscal, o controle da inflação, a redução dos juros e a reforma tributária. O que eles não sabiam era que o Supremo Tribunal Federal (STF) iria derrubar, à tarde, em caráter liminar, três pontos considerados fundamentais da Lei de Responsabilidade Fiscal, abrindo brechas para que o poder público amplie gastos.
Em resposta a ação movida por partidos de oposição, os ministros do STF consideraram inconstitucional a chamada “regra de ouro da lei”, que impedia o endividamento da União e de Estados e municípios para cobrir despesas correntes - pagamento de salários e manutenção da máquina pública. Além disso, sugeriram a ampliação dos limites dos gastos de pessoal fixados na lei.
Os outros dispositivos derrubados pelo STF permitiam a redução dos salários dos servidores e a diminuição da jornada de trabalho deles, com o objetivo de conter o crescimento da folha de pessoal. Os ministros entenderam que essas regras desrespeitavam o princípio da Constituição que garante a irredutibilidade dos vencimentos.
O superintendente da área fiscal e emprego do BNDES, José Roberto Afonso, disse que esse mecanismo era uma alternativa à demissão de servidores para que os Estados se ajustassem ao teto das despesas com pessoal - 50% das receitas. “Portanto, os poucos Estados que ainda gastam com pessoal além do permitido na lei terão de dispensar servidores para não infringir o teto”, afirmou. O prazo para esse ajuste é dezembro.
Na sessão de ontem, os ministros também decidiram que em breve analisarão se julgam novamente o principal artigo da Lei Fiscal, o 20, que estabelece os limites de gastos com pessoal por Poder. Num primeiro julgamento, eles mantiveram os tetos com gastos de pessoal, mas diante da dificuldade do Judiciário de São Paulo de manter os limites, o relator da ação do PT, PCdoB e PSB, ministro Ilmar Galvão, propôs rediscutir o artigo.
Esse é um pontos mais polêmicos da Lei Fiscal, pois as Justiças dos Estados, na maioria dos casos, gastam muito além dos 6% da arrecadação previstos. O excesso de despesas com pessoal terá de ser eliminado até o fim deste ano, de acordo com interpretação dos TCEs, que fiscalizam o cumprimento da lei.
Cordialidade não esconde o clima de campanha
BRASÍLIA – O modelo do debate promovido ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi escolhido pelos quatro pré-candidatos. Em vez de enfrentar cara a cara os adversários, os presidenciáveis preferiram fazer discursos separados e responder perguntas dos empresários. No único momento em que os quatro se encontraram ontem na CNI ficou evidente o clima acirrado da disputa presidencial.
Embora todos tenham se cumprimentado civilizadamente, apenas o petista Luiz Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, conversaram. Mas isso não impediu que mais tarde Ciro criticasse o excesso de cordialidade de Lula, que, segundo ele, estaria apenas interessado em garantir um eventual apoio no segundo turno.
Dos quatro pré-candidatos, Serra era o mais inquieto e sisudo. Num dia especialmente complicado, com seguidas reuniões de articulação do PSDB com o PMDB, Serra chegou às 9h em ponto, horário previsto para come çar o evento. Foi o último a chegar, mas garantiu que estava dentro do horário combinado.
Mostrando impaciência, pediu que o debate não atrasasse. “Quero que fique claro que fui o último a chegar, mas estou rigorosamente dentro do horário. Gostaria que o debate começasse na hora, para não dizerem que atrasou por minha causa”, disse.
Durante a exposição de um candidato, cada um dos outros ficou numa sala separada, com um monitor. O primeiro a falar foi Lula. Ciro e Anthony Garotinho assistiram a palestra de suas salas respectivas. Serra não quis assistir e voltou para casa. Alegou que tinha muitos compromissos e não poderia esperar parado. Pediu aos organizadores que o avisassem com meia hora de antecedência, quando chegasse sua vez de falar.
PFL discute alianças e reforça nome de Maciel para o Senado
Mistério. Foi esse o clima que predominou ontem no segundo encontro da cúpula estadual do PFL este ano. A reunião, na casa do vice-governador Mendonça Filho (PFL), em Boa Viagem, havia sido agendada desde março, quando aconteceu o primeiro encontro do grupo. Em pauta, a estratégia da legenda para as eleições.
Apesar da maioria dos presentes ter evitado comentar o conteúdo da longa conversa, pelo menos três assuntos, segundo o anfitrião, foram tratados.
“Podemos dizer que o grupo aprovou a decisão nacional do partido de não ter candidato próprio à Presidência e acatou com satisfação a liberação dada pela legenda para que as alianças estaduais sejam feitas de forma mais livre. E como não poderia deixar de ser, fechamos questão no apoio a Marco Maciel para o Senado. Dessa forma, apoiaremos o candidato do PSDB, seja quem for, para a outra vaga”, ressaltou Mendonça Filho.
De acordo com o presidente do PFL, deputado André de Paula, o partido está disposto a apoiar o chapão - coligação entre todas as legendas governistas na disputa para deputado - para manter a unidade em torno do palanque da reeleição de Jarbas.
“Defendemos a presença pelo menos dos quatro principais partidos (PFL/PMDB/PSDB/PPB). Estamos dispostos a conversar com o PSL, PSC, PV e PSD. Mas não depende só de nós”, afirmou.
O chapão vem sendo cobrado por integrantes da aliança governista, principalmente aqueles ligados ao PFL, que enfrenta problemas de cauda eleitoral, isto é, não tem candidatos com poucos votos que ajudam na eleição dos mais votados. A idéia era rejeitada pelo PSDB e PPB, mas começa a ganhar a simpatia dos tucanos.
A presença do PFL na chapa majoritária encabeçada por Jarbas Vasconcelos foi tratada como natural pelos pefelistas. “Resolvido o problema causado pela verticalização, uma vez que não temos mais uma candidatura presidencial, não há dúvidas de que a chapa será Jarbas e Mendonça Filho”, concluiu André de Paula. Estiveram presentes ao encontro os deputados estaduais, o vice-presidente Marco Maciel, o presidente nacional em exercício do PFL, senador José Jorge, e o líder do PFL na Câmara dos
Deputados, Inocêncio Oliveira.
Um dia depois de recusar o convite de um grupo de pefelistas para que disputasse as eleições presidenciais, Marco Maciel reforçou o apoio à decisão da cúpula nacional do partido de não apresentar candidato. “O PFL tomou a melhor decisão. Essa postura é praticamente unânime”, avaliou. Ele considerou “muito boa” a reunião de ontem.
“Discutimos problemas do interesse do Estado e particularmente do interesse de nosso partido. Houve muitos pontos convergentes, o que nos traz tranqüilidade, especialmente com relação a manutenção da coligação em torno da reeleição de Jarbas”, argumentou.
Artigos
Dois lynchamentos e uma gratidão
José Paulo Cavalcanti Filho
Merrill Lynch recomenda, a seus clientes americanos, que parem de investir no Brasil. Sugerindo o México, como destino melhor para seus “ricos dinheirinhos” - como dizia vovó Zulmira. E tudo com base apenas em pesquisas. Lula nem foi eleito e os problemas já começaram. É bom desconfiar. A corretora vem errando muito. E vive um inferno astral. O procurador-Geral de Nova York, Eliot Spitzer, inclusive promete surpresa, próxima quinta, na audiência pública de processo em que ela responde. Por fraude
Não custa lembrar que o Lynch mais conhecido, nos States, não se chamava Edmund (sócio de Charles Merrill). Era apenas John. Um colono irlandês meio depravado que morava na Carolina Meridional, em fins do século 17. Foi ele quem, à falta de tribunais, passou a aplicar o que denominava “direito natural de defesa contra indígenas e negros”. Inaugurando os “lynchamentos”. Que é quase isso que a empresa do tatarabisneto desse primeiro Lynch está fazendo agora, conosco.
Outro lynchamento é daqui mesmo. Inaugurando a temporada de caça ao Serra. Só que esse problema está mal posto. O senhor Steinbruch poderia mesmo ter pago esse troco (15 milhões em 4 bilhões, é só 0,03%), sem contar para ninguém, ou então denunciar publicamente o fato - o que seria, falemos francamente, a única variável decente para o caso. Se pagou, ninguém sabe, ninguém viu. E denunciar, não denunciou. “Boca, não disse palavra”, usando verso de mestre Drummond.
Só bem depois, quando precisava de apoio governamental, anuncia esse quase (?) suborno. Não para ver esclarecido o episódio. Usando seu relato apenas como instrumento de pressão. E ninguém lhe cobra nada. Chega a ser cômico. Não custando lembrar que esse oba-oba todo só está existindo porque Serra continua sendo candidato, o PFL ainda não engoliu o que fizeram com a coitada da Roseana e ACM sempre manteve ótimas relações com os donos da Revista Veja. Além, claro, da compulsão por notoriedade de gente que não consegue sobreviver longe dos refletores - caso, por exemplo, do procurador Luís Francisco - aquele do Painel do Senado.
Falar nunca foi tão fácil. Sobretudo para dizer o que não se deve. Seriedade, que é bom, anda longe. Não é por nada não, mas estou desconfiado que a democracia com que sonhamos não é bem essa que estamos vendo. Urbi et orbe. Por aqui e no mundo.
P.S. A indicação de advogados pelos próprios advogados, para integrar o Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, é conquista importante. Porque agrega outras experiências e visões da realidade social - enriquecendo, com essa diversidade, nossa democracia. E fortalece um poder que com desalentadora freqüência representa, para o indeterminado cidadão comum, um derradeiro espaço de esperança.
Por tudo isso merecer o convite de companheiros, para concorrer a essa vaga, foi uma honra e tanto. Surpresa e alegria também. Agradeço a todos os que fazem a OAB. Aos muitos que se apressaram a emprestar apoio, sem que sequer o solicitasse. Mas as reflexões que fiz me convenceram das dificuldades de uma mudança assim. Sendo advogado toda a vida, não me sinto preparado para deixar de sê-lo. Para julgar os outros. Confio que os amigos compreenderão. A todos e cada um de logo dizendo, com o coração, muito obrigado.
Colunistas
PINGA FOGO – INALDO SAMPAIO
O PFL por ele mesmo
A reunião que o PFL promoveu ontem na casa do vice-governador Mendonça Filho teve por finalidade, apenas, manter a unidade do partido. Nada de importante ficou decidido. Os deputados estaduais foram informados de que o partido não lançará candidato próprio à presidência da República, para não prejudicar os acordos nos estados, e que a sua prioridade número um no dia 6 de outubro próximo será a eleição de grandes bancadas, tanto na Câmara Federal como no Senado, para continuar influente e forte no Congresso Nacional.
Do ponto de vista da província, praticamente não houve novidade. Como já era esperado, os deputados deram ciência a Marco Maciel e ao ministro José Jorge de su as dificuldades para garantir a reeleição, porém nenhum deles reclamou publicamente - diferentemente do que fazem na Assembléia Legislativa - do tratamento que lhes é dispensado pelo governo estadual. Isso presumivelmente só ocorrerá depois do primeiro turno da eleição porque ninguém quer brigar com Jarbas.
Também ficou acordado no encontro que não se deve mais lamentar o fracasso da candidatura de Roseana Sarney nem ficar repetindo velhos chavões contra a candidatura de José Serra. A hora é de pôr o bloco na rua para garantir a eleição do vice-presidente Marco Maciel.
Opção pela província
Sérgio Guerra já começou a redistribuir os seus municípios com os outros candidatos do PSDB à Câmara Federal. Ofereceu sua vaga na Câmara a Antonio Moraes (foto) mas o líder tucano declinou. “Não tenho dinheiro para fazer a campanha nem estou com vontade de deixar a Assembléia Legislativa”, desculpou-se. Os 30 prefeitos que Sérgio Guerra conseguiu agregar serão redistribuídos, na hora oportuna, com
candidatos do PSDB, PMDB e PPB.
E o Garoto?
Do deputado Armando Monteiro (PMDB), um dos organizadores do debate da CNI, analisando o desempenho dos pré-candidatos à sucessão de FHC: “Lula saiu-se bem, muito bem, Ciro também foi bom mas fez um discurso muito conceitual, e o Serra foi mais preciso do ponto de vista técnico”. Sobre Garotinho... nenhuma palavra.
Única hipótese
O deputado Gilberto Marques Paulo (PSDB) tem resistido a todos os apelos para se candidatar à reeleição. Além de estar desencantado com a vida pública, é um cidadão de classe média e não dispõe de dinheiro para fazer a campanha. Apenas numa hipótese admitiria concorrer: “casando” sua campanha no Recife com a de Roberto Magalhães.
Projeto do “imposto único” começa a andar
Passou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal o projeto de Luciano Bivar (PSL) instituindo no país o “imposto único”. O projeto será agora analisado por uma comissão especial, da qual o próprio fará parte.
Queiroz diz em que situação seria candidato
José Queiroz (PDT) comunicou ontem a líderes do seu partido que topa enfrentar Jarbas Vasconcelos na sucessão estadual, desde que tenha o apoio de toda Frente Trabalhista (PDT+PTB+PPS) e do PSB de Miguel Arraes.
Só pra contrariar
Pedro Eurico (PSDB) saiu ontra vez em defesa de João Paulo por ele ter sofrido crítica do PT devido ao seu bom relacionamento com o governo estadual. “Esses radicais querem o quê? Que o prefeito transforme a prefeitura num ‘bunker’? João Paulo vai ter que fazer muita meditação para aguentar esse pessoal”.
Duas versões
Deputados que fazem política na mata norte ficaram sem entender a posição do prefeito de Limoeiro Luiz Heráclio (PSDB). Ele pediu apoio a Sérgio Guerra para manter o delegado regional do município, Josinaldo Oliveira, e depois telefonou a Olga Câmara, chefe da Polícia Civil, dizendo que não se envolveu no caso.
Tinha tucano dizendo ontem, alto e bom som na Assembléia Legislativa, que o “compromisso” de Jarbas como o PFL encerra-se depois dessas eleições, com ou sem a vitória de Marco Maciel. A partir de 2003, disseram eles, o objetivo do governador é fazer política em Pernambuco com o PSDB e o PMDB.
Por causa de um “rebate falso”, Joaquim Francisco (PFL) antecipou das 17h para às 11h de ontem o seu retorno ao Recife. Desembarcou nos Guararapes espumando de raiva porque não o convidaram para o almoço na casa de Mendonça Filho. Só depois que soube que o “regabofe” era para a bancada estadual é que ele se acalmou.
Para Ranílson Ramos (PPS), a melhor performance de Lula até agora na televisão foi anteontem à noite no programa do Jô (Globo). “Bastou o PFL acenar outra vez com a candidatura de Sílvio Santos para Roberto Marinho dar a carga nele. O homem estava bonito e parecendo um chefe de estado”, declarou.
Carlos Lapa (PSB) resolveu bater em Jarbas novamente por causa do São João de Carpina. Mandou espalhar outdoors na cidade com esta inscrição: “Carpina tem o maior parque de eventos e o 2º melhor São João do Estado. O governador faz de conta que não sabe? Assinado: Carla Lapa, vice-prefeita e candidata a deputada.
Editorial
LIÇÃO DE FRANCÊS
O susto que o primeiro turno das eleições presidenciais da França causou, não somente aos franceses, mas a todos os que desejam um mundo pluralista, democrático, humanista, encerra lições que também servem para nós, brasileiros. A colocação do candidato da extrema direita Jean-Marie Le Pen em segundo lugar no ballotage (sondagem, como os franceses chamam o turno inicial para a escolha do presidente da República) provocou um verdadeiro terremoto no sistema político francês, ao alijar da competição o candidato socialista Lionel Jospin (que era o primeiro-ministro) e levar Le Pen para o segundo truno. Estava quebrado o equilíbrio do sistema misto (presidencialista e parlamentarista) criado por Charles de Gaulle nos anos 60 do século passado. A oposição de esquerda ficou fora do poder. E, pior, pela primeira vez desde o governo de Vichy, fantoche dos alemães durante a ocupação da França na 2ª Guerra Mundial, o país da Revolução Francesa, da república, dos direitos humanos, corria o risco de ser governado por um extremista neonazista, que representa tudo aquilo contra o que os resistentes franceses, juntamente com os Estados Unidos, Inglaterra e outros aliados, lutaram nas duas guerras mundiais.
Para evitar isso, os socialistas, os verdes e outros partidos mais à esquerda apoiaram, no segundo turno, Jacques Chirac, o atual presidente, que recebeu mais de 82% dos votos. Le Pen ficou com cerca de 18%. Diante de seu mau desempenho nas urnas, Jospin renunciou. O novo premiê é Jean-Pierre Raffarin, homem de confiança de Chirac. Quase todos os analistas atribuem o terremoto à desilusão do eleitorado com os políticos de um modo geral, que leva ao absenteísmo e à abstenção. No ballotage, a abstenção foi de 28%. A reação à possibilidade de um governo fascistóide, como o de Vichy, fez com que a abstenção caísse para 18% no segundo turno.
Por que a apatia, a abstenção? Por que uma porcentagem tão grande do eleitorado francês deixou de exercer seu direito de votar? Na Europa, como aqui, é muito grande o desapontamento dos eleitores com seus representantes, ou melhor, com aqueles que deveriam representá-los nos parlamentos e nos governos. Fim do Estado do bem-estar (o Welfare State do pós guerra); desemprego; deterioração do nível de vida de boa parte da população (enquanto os países como tais ficam cada vez mais ricos e prósperos); pressão dos imigrantes sobre a disponibilidade de empregos; são alguns dos fatores que contribuem para enfraquecer a crença do cidadão comum na democracia.
No Brasil, nossos políticos, sempre cheios de imaginação quando se trata de alguma questão de seu interesse, transformaram o direito de votar em dever, obrigação, para evitar um percentual de abstenção que inviabilizasse eleições. Mas isso não resolve; além de que grande parte dos eleitores anula seu voto ou vota em branco. A verdadeira solução para um problema tão grave passa pela melhora da qualidade de nossos costumes políticos, pelo fortalecimento e aumento de credibilidade dos partidos e candidatos, por uma reforma política profunda, que retire da vida política o caráter de meio de vida, investimento econômico e social, e lhe restitua seu caráter funcional de serviço público, de representação de toda a população; não somente dos que viabilizam com dinheiro a vitória dos candidatos. Fazemos um apelo a nossos políticos para que assumam seu papel e seu dever, passando a representar realmente todos os seus eleitores, e não somente os que garantem sua vitória nas urnas, financiando suas campanhas. E aos que t
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