Surpreende clima da votação no PT









Surpreende clima da votação no PT
Lideranças favoráveis a Tarso e a Olívio se preocupam com unidade após semana de confrontos

Após uma semana de enfrentamento, a votação para a escolha do candidato do PT ao governo do Estado começou ontem em clima de confraternização. Lideranças e militantes se esforçaram para demonstrar unidade. No café da manhã que reuniu o governador Olívio Dutra e o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, além de apoiadores, parlamentares e dirigentes, o discurso foi conciliatório. O presidente estadual, David Stival, brincou com a alta temperatura dizendo que a disputa seria quente, mas todos transpirariam democracia. Ele seguiu com Tarso, que votou na Zonal 159, na região Sul de Porto Alegre.

Olívio, acompanhado pela primeira-dama Judite Dutra, votou na Zonal 111, no bairro Passo D'Areia, após esperar dez minutos até o processo se iniciar, às 9h. Dali, seguiu para escola na Avenida do Forte, onde funcionam as zonais 112 e 158, sendo recebido por dezenas de militantes vestindo camisetas com o seu nome e portando bandeiras do PT. Olívio também pôde sentir o entusiasmo dos apoiadores na 1ª Zonal, que fica na Câmara Municipal de Porto Alegre. Quando chegou, foi cercado por filiados em busca de autógrafos, recebeu abraços e posou para fotos. Em Cachoeirinha, visitou a sede do partido, sendo recepcionado pelo prefeito José Stédile, apoiador de Tarso. Em Alvorada, foi saudado pela prefeita Stela Farias na Igreja São José Operário.
Tarso buscou demonstrar otimismo quanto ao resultado final, sem deixar de enfatizar o seu apoio ao adversário caso não vencesse a disputa. Ele optou por roteiro tão intenso quanto o de Olívio, com visita a dez locais de votação, em Porto Alegre e na região Metropolitana. Em cada município, o seu grupo avaliava os prognósticos dos fiscais e dos delegados, que informavam sobre o andamento no Interior. Em Gravataí, ainda pela manhã, a tentativa de voto de militante não filiada gerou impasse porque ela apresentou recibo da tesouraria do partido. O caso deverá ser encaminhado para avaliação da comissão eleitoral.

O movimento mais intenso ocorreu pela manhã, com a formação de longas filas em alguns locais de votação. Apesar do clima tranqüilo, militantes trocaram provocações. A torcida pró-Tarso disse que a disputa com Olívio significava 'a máquina de governo contra as bases'. Os favoráveis a Olívio afirmavam que o lugar de Tarso era na prefeitura.


Suplicy reivindica a vaga de vice
Apesar dos elogios de lideranças, pré-candidatura do senador ao Palácio do Planalto não teve força

O senador Eduardo Suplicy afirmou ontem que poderá pleitear a vaga de vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, com quem disputou a prévia do PT à Presidência da República, caso não fosse o vencedor. Os dois votaram juntos, na sede do partido, localizada na região central de São Paulo. Confiante na apuração, Suplicy chegou a dizer que a vitória no processo o levaria a ser o próximo presidente da República. A candidatura do senador paulista recebeu elogios de lideranças em diversos estados, embora a maioria revelasse que votaria em Lula. O deputado fluminense Carlos Minc justificou o voto dado a Suplicy. 'O senador tem contribuído muito para o partido, mas o mais forte é Lula. Não há tempo para firmar outra candidatura', alegou Minc. Ele acredita que a margem de vitória do presidente de honra do partido deverá diminuir por causa da tentativa de se aliar ao PL, o que acabou incentivando os setores mais à esquerda a votar em Suplicy.

Lula advertiu ontem os militantes do partido que se reuniram no II Encontro Nacional Fé e Política, em Poços de Caldas, Minas Gerais, que esta campanha eleitoral poderá ser a de mais baixo nível de todas as que já houve até hoje no país. 'Fiquei assustado com o fato de o Ministério da Saúde haver contratado empresa para fazer levantamento de denúncias no caso da governadora do Maranhão, Roseana Sarney', disse Lula para 4,5 mil pessoas que lotavam o auditório municipal. Ele afirmou que, se havia suspeitas de irregularidades, deveriam ser investigadas, mas sem fazer disso peça política contra qualquer candidato, o que representa ilegalidade. Logo que chegou ao auditório, Lula enfrentou protesto dos participantes. 'PL não, aliança com o povão', gritavam milhares de pessoas. 'Não sabemos se vamos fazer coligação com o PL, pois nesse próprio partido há lideranças favoráveis e outras contrárias', declarou o presidente de honra, sem disfarçar interesse em buscar outras alianças. 'Vamos conversar com as demais forças políticas, incluindo a ala dissidente do PMDB', anunciou.


Pesquisa passará por investigação interna
O secretário-geral do PT estadual, Francisco Vicente, afirmou ontem que pedirá investigação da pesquisa favorável ao prefeito Tarso Genro, elaborada pelo Laboratório de Observação Social (Labors) da Ufrgs. Vicente informou ter recebido documento sexta-feira comprovando irregularidades na solicitação da pesquisa e no pagamento de aproximadamente R$ 10 mil, depositados na conta particular de membro do Labors. 'É necessário instaurar processo e convocar os envolvidos, que poderão enfrentar a comissão de ética do partido', disse. A idéia foi combatida pelo prefeito de Cachoeirinha, José Stédile, apoiador de Tarso. 'A pesquisa está certa, não acredito em manipulação nem em encaminhamento à comissão de ética', assegurou. O chefe adjunto da Casa Civil, Gustavo Mello, avaliou que, se houver problemas, o partido deverá montar comissão especial. Segundo o procurador-geral do Estado, Paulo Torelly, a apuração de irregularidades deve ser normal nos partidos.


Olívio reconhece fortalecimento
O governador Olívio Dutra, inicialmente crítico quanto à prévia, reconheceu ontem que o processo trouxe benefícios ao PT. 'A disputa reforçou o partido, motivou os filiados e aumentou nossas chances eleitorais', admitiu Olívio, após ter percorrido dez locais de votação em sete municípios da região Metropolitana. A maratona se iniciou às 7h30min com café da manhã em hotel do centro de Porto Alegre e só terminou às 17h30min, após ter visitado Canoas, Esteio, Cachoeirinha, Alvorada, Gravataí e Viamão. Durante todo o percurso, Olívio cumpriu agenda de candidato, apertando centenas de mãos, beijando dezenas de crianças e tomando inúmeras cuias de chimarrão, oferecidas em cada local de votação. Encontrou-se em Canoas com o deputado federal Paulo Paim, que o saudou entusiasticamente, mas não revelou em quem votaria. 'O mais importante é manter a unidade', ressaltou Paim, garantindo que o voto não seria em branco. O secretário da Administração, Marco Maia, o deputado federal Henrique Fontana e o ex-presidente estadual do partido Júlio Quadros acompanharam Olívio durante todo o trajeto. Indagado sobre quem seria o vice-governador de sua chapa caso vencesse, Olívio evitou falar em nomes, mas assinalou que esse precisaria ter forte ligação com os movimentos sociais do campo e das cidades. O atual ocupante do cargo, Miguel Rossetto, recebeu muitos elogios. 'É um grande companheiro que está acima de qualquer corrente', afirmou Olívio. Segundo ele, a partir do resultado da prévia o partido deverá se unir em torno do escolhido e lutar contra o verdadeiro adversário do projeto. 'Que venha o seu representante. Estamos preparados para enfrentá-lo', desafiou.


Resultado final da escolha sairá hoje
O candidato do PT ao governo do Estado deverá ser conhecido hoje. Os fiscais favoráveis à candidatura de Tarso Genro acreditavam que haverá margem favorável ao prefeito de 500 votos. Os apoiadores do governador Olívio Dutra confiavam na vitória por mil votos de diferença. A disputa não terminará no partido com o fim da contagem dos votos. Depois da escolha da cabeça-de-chapa, haverá ampla discussão para a indicação do vice-governador, marcada para este final de semana. O prefeito garantiu que, se fosse escolhido candidato, daria espaço às correntes que defendem Olívio. Se o governador vencer, a decisão não será pacífica. Também será iniciada a negociação para as coligações.


Resultados

REGIONAL GUAPORÉ
Anta Gorda: Olívio, 11, Tarso, 38; Dois Lajeados: Olívio, 8, Tarso, 9; Guaporé: Olívio, 12, Tarso, 94; Serafina Corrêa: Olívio 23, Tarso, 17; União da Serra: Olívio, 4, Tarso, 43.

VALE DO SAPATEIRO
Araricá: Olívio, 11, Tarso, 6; Campo Bom: Olívio, 57, Tarso, 61; Dois Irmãos: Olívio, 48, Tarso, 30; Estância Velha: Olívio, 19, Tarso, 115; Ivoti: Olívio, 123, Tarso, 32; Lindolfo Collor: Olívio, 59, Tarso, 2; Morro Reuter: Olívio, 21, Tarso, 9; Nova Hartz: Olívio, 19, Tarso, 11; Novo Hamburgo: Olívio, 217, Tarso, 67; Picada Café: Olívio, 39, Tarso, 8; Presidente Lucena: Olívio, 26, Tarso, 2; Santa Maria do Herval: Olívio, 4, Tarso, 9; Sapiranga: Olívio, 143, Tarso, 157.

ALTOS DA SERRA
Água Santa: Olívio, 15, Tarso, 12; Barracão: Olívio, 7, Tarso, 5; Cacique Doble: Olívio, 3, Tarso, 54; Caseiros: Olívio, 17, Tarso, 4; Ibiaçá: Olívio, 9, Tarso, 1; Ibiraiaras: Olívio, 48, Tarso, 31; Lagoa Vermelha: Olívio, 42, Tarso, 33; Machadinho: Olívio, 4, Tarso, 19; Maximiliano de Almeida: Olívio, 3, Tarso, 21; Paim Filho: Olívio, 13, Tarso, 28; Sananduva: Olívio, 44, Tarso, 56; Santo Expedito do Sul: Olívio, 21, Tarso, 29; São João da Urtiga: Olívio, 24, Tarso, 20; São José do Ouro: Olívio, 3, Tarso, 50; Tupanci do Sul: Olívio, 10, Tarso, 11.

VALE DO CAÍ
Alto Feliz: Olívio, 0, Tarso, 23; Bom Princípio: Olívio, 1, Tarso, 11; Brochier: Olívio, 3, Tarso, 6; Capela de Santana: Olívio, 12, Tarso, 6; Feliz: Olívio, 15, Tarso, 5; Harmonia: Olívio, 2, Tarso, 18; Montenegro: Olívio, 78, Tarso, 72: Pareci Novo: Olívio, 7, Tarso, 4; Salvador do Sul: Olívio, 8, Tarso, 10; São Sebastião do Caí: Olívio, 16, Tarso, 13.

CAMPOS DE CIMA DA SERRA
Bom Jesus: Olívio, 11, Tarso, 6; Esmeralda: Olívio, 1, Tarso, 9; Jaquirana: Olívio, 12, Tarso, 8; Pinhal da Serra: Olívio, 23, Tarso, 1; São José dos Ausentes: Olívio, 2, Tarso, 11; Vacaria: Olívio, 79, Tarso, 92.

GRANDE SANTA ROSA
Alecrim: Olívio, 36, Tarso, 14; Alegria: Olívio, 9, Tarso, 6; Boa Vista do Buricá: Olívio, 12, Tarso, 58; Campina das Missões: Olívio, 52, Tarso, 51; Cândido Godói: Olívio, 32, Tarso, 4; Doutor Maurício Cardoso: Olívio, 41, Tarso, 19; Giruá: Olívio, 28, Tarso, 59; Horizontina: Olívio, 34, Tarso, 17; Independência: Olívio, 19, Tarso, 13; Porto Lucena: Olívio, 29, Tarso, 10; Porto Vera Cruz: Olívio, 31, Tarso, 7; Santa Rosa: Olívio, 120, Tarso, 55; Santo Cristo: Olívio, 206, Tarso, 28; Senador Salgado Fo: Olívio, 12, Tarso, 3.

ALTO URUGUAI
Aratiba: Olívio, 37, Tarso, 29; Áurea: Olívio, 12, Tarso, 3; Barão do Cotegipe: Olívio, 29, Tarso, 14; Barra do Rio Azul: Olívio, 13, Tarso, 17; Campinas do Sul: Olívio, 21, Tarso, 3; Carlos Gomes: Olívio, 3, Tarso, 43; Centenário: Olívio, 28, Tarso, 4; Charrua: Olívio, 8, Tarso, 0; Cruzaltense: Olívio, 4, Tarso, 8; Entre Rios do Sul: Olívio, 5, Tarso, 13; Erebango: Olívio, 11, Tarso, 4; Erechim: Olívio, 71, Tarso, 58; Erval Grande: Olívio, 9, Tarso, 14; Faxinalzinho: Olívio, 10, Tarso, 1; Floriano Peixoto: Olívio, 68, Tarso, 22; Gaurama: Olívio, 3, Tarso, 14; Getúlio Vargas: Olívio, 81, Tarso, 36; Ipiranga do Sul: Olívio, 10, Tarso, 0; Itatiba do Sul: Olívio, 40, Tarso, 10; Jacutinga: Olívio, 13, Tarso, 7; Marcelino Ramos: Olívio, 34, Tarso, 3; Mariano Moro: Olívio, 1, Tarso, 13; Paulo Bento: Olívio, 5, Tarso, 2; Ponte Preta: Olívio, 26, Tarso, 9; Quatro Irmãos: Olívio e Tarso, 0; São Valentin: Olívio, 33, Tarso, 13; Severiano de Almeida: Olívio, 49, Tarso, 4; Três Arroios: Olívio, 34, Tarso, 3; Viadutos: Olívio, 7, Tarso, 8.


Tarso confia na volta da unidade
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, insistiu ontem no discurso da unidade partidária durante roteiro pelas zonais de votação da prévia para a escolha do candidato do PT ao Palácio Piratini. Mesmo na hora do voto, quando destacou a sua expectativa de vitória, Tarso fez questão de elogiar o governador Olívio Dutra e a capacidade de recuperação do partido. 'A democracia não é perfeita e por isso o debate seguiu para a direção errada, mas a grandeza das lideranças está em recompor o caminho', disse, salientando que o partido sairá fortalecido da disputa. No encontro com o vice-prefeito, João Verle, apoiador de Olívio, na Zonal 113, em Porto Alegre, o cumprimento foi caloroso.

A coordenação de campanha de Tarso escolheu os municípios com vantagem para o prefeito no roteiro de visitas. Em Viamão, no início da manhã, havia fila extensa na Câmara Municipal com visível maioria de militantes apoiadores de Tarso. Ele teve em Alvorada a recepção mais entusiasmada da região Metropolitana e, em Gravataí, contou com a confirmação de seu favoritismo eleitoral. O encontro com o vice-governador Miguel Rossetto, em São Leopoldo, foi caracterizado pela cortesia no cumprimento, mas sem qualquer diálogo. A disputa ficou evidenciada na guerra das torcidas que gritavam os nomes de Rossetto e de Tarso. O prefeito ainda passou por Canoas e encerrou o roteiro com visitas a duas zonais de Porto Alegre. Ele garantiu que o esforço do corpo-a-corpo não teve o objetivo de tentar convencer os filiados indecisos, mas ocorreu 'em reconhecimento ao forte trabalho da militância'.


Diretórios sondam sobre união com PL
Diretórios do PT em São Paulo e no Pará contrariaram orientação do partido e aproveitaram ontem a realização da prévia de escolha do candidato à Presidência da República para consultar seus filiados sobre a aprovação da aliança com o PL. A idéia do plebiscito foi apresentada por correntes do PT e recusada pela executiva nacional. O secretário de Organização Nacional do partido, Sílvio Pereira, havia dito que os rebeldes poderiam sofrer intervenção. A presidente do PT de Belém, Sueli Andrade, duvida que ocorram punições. 'Todos os diretórios deveriam ter feito o plebiscito', disse.


FHC traça estratégia para garantir votação da CPMF
O presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu ontem, no Palácio da Alvorada, o comando do PSDB e o candidato José Serra para avaliar a crise com o PFL e a dificuldade em aprovar a emenda que prorroga a CPMF. A idéia é envolver a opinião pública para forçar o apoio do PFL à aprovação do imposto também no Senado. Antes do encontro, FHC conversou em particular com o ministro do Tribunal de Contas da União, Guilherme Palmeira, amigo do presidente nacional do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen.


Oposição está otimista com discórdia de aliados
O PT aposta na formação de aliança com PPS, PSB, PC do B e PDT para vencer a disputa presidencial com os partidos da base governista. Depois da baixa do PFL, parte do PMDB poderá rejeitar a candidatura de José Serra. O presidente nacional, José Dirceu, disse ontem que o PT será favorecido porque a oposição terá apenas três candidatos. Para o deputado federal Aloizio Mercadante, o PT poderá contar com o apoio de partidos da situação no 2O turno, pois 'as feridas na base do governo são irrecuperáveis'.


Pimenta acha que Serra sobe devido a programas
O ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, avaliou ontem, ao deixar o Palácio da Alvorada, que o bom desempenho do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, nas pesquisas é conseqüência dos programas de TV do partido durante as últimas semanas. 'Isso deu a idéia adequada da sua vida e competência', salientou Pimenta da Veiga. Serra lembrou que ainda é cedo para afirmar a possibilidade de o PMDB ocupar a vaga de candidato a vice-presidente.


PPB proc ura motivar militância
O PPB pretende fazer com que cada um dos 170 mil militantes conquiste 11 votos para a candidatura de Celso Bernardi ao governo do Estado, numa referência ao número que identifica o partido eleitoralmente. Essa foi a proposta lançada sábado pelo deputado Francisco Appio aos participantes de encontros regionais realizados nos municípios de Antônio Prado, Vacaria e São João da Urtiga. Segundo Appio, se isso ocorrer, estará assegurada a presença do partido no 2O turno da eleição deste ano. União e motivação foram as palavras de ordem repetidas nos três encontros e também durante reunião ocorrida em Santa Rosa na sexta-feira à noite.
'Nossos filiados já deram provas de sua capacidade de mobilização e dedicação ao partido nas eleições de 2000, fazendo com que o PPB elegesse 174 prefeitos, 153 vice-prefeitos e quase 1,5 mil vereadores', destacou Bernardi. O candidato ressaltou ainda que, nesta eleição, o principal objetivo é atender às reivindicações dos filiados. Segundo ele, a militância queria candidatura própria e que a escolha do candidato fosse feita através de prévia. Ele ressaltou que ambas as solicitações foram cumpridas. 'Agora, chegou a vez de o PPB apelar aos seus filiados: saiam às ruas, empunhem as bandeiras do partido, coloquem adesivos em seus carros e suas residências, expliquem à população que o PPB é o mesmo PDS de tantos serviços prestados ao Rio Grande do Sul', afirmou. Para Bernardi, se isso acontecer, a militância será a responsável pelo retorno do partido ao Palácio Piratini.


Prévia estadual registra poucos incidentes
O diretório estadual do PT registrou poucos incidentes durante a prévia que escolheu o candidato do partido ao Palácio Piratini. Para o presidente estadual, David Stival, o processo foi mais tranqüilo do que esperava. A comissão eleitoral decidiu impugnar as urnas dos municípios de Mato Leitão, Esperança do Sul, Nicolau Vergueiro e Terra de Areia porque os diretórios encerraram a votação antes do prazo estabelecido, marcado para as 17h. Os votos apenas serão validados, conforme Stival, se ficar comprovado que 100% dos militantes dessas localidades haviam comparecido ao local de votação. O município de Amaral Ferrador foi o único entre os aptos a realizar a prévia que não escolheu o candidato ao governo. A informação recebida pela comissão eleitoral foi a de que a comunidade estava envolvida com um rodeio crioulo. Em Santa Cruz do Sul, foram registrados alguns problemas com transporte e, em Pelotas, com carro de som em campanha para os candidatos.

No município de Torres, a comissão eleitoral autorizou a prorrogação da eleição por duas horas, só terminando às 19h10min. Conforme Stival, a votação nessa cidade começou apenas às 11h10min. A pessoa encarregada a conduzir o processo se atrasou, de acordo com a explicação da direção estadual. Também houve impugnação das urnas dos municípios de São Marcos e Flores da Cunha por não terem sido lacradas ao final da eleição. A comissão eleitoral decidiu que as duas urnas fossem encaminhadas ao diretório regional para averiguação. Stival disse que os votos de todas as urnas impugnadas não serão totalizados. De acordo com o presidente do diretório estadual, essa hipótese só será considerada caso haja nova interpretação para as situações apresentadas. Stival também informou que não foram registrados recursos, por parte dos pré-candidatos, para impugnação. A movimentação de boca-de-urna foi considerada tranqüila pela comissão eleitoral.


Procuradores protestam contra a Lei da Mordaça
O PFL pôs na pauta de votação da Comissão de Constituição e Justiça do Senado projetos que, na avaliação dos procuradores, buscam esvaziar as suas atribuições. Uma das matérias é a Lei da Mordaça, que proíbe promotores, procuradores, delegados e juízes de divulgarem fatos de que tenham ciência em razão do cargo. 'Esses projetos merecem veemente repúdio', salientou ontem o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Carlos Frederico Santos.


Artigos

A decadência do poder oligárquico
Henrique Fontana

A crise na aliança que dá sustentação ao governo Fernando Henrique Cardoso, provocada pelas investigações do Ministério Público de mais um caso de corrupção, expõe a decadência em que se encontra o núcleo de poder oligárquico que se encastelou no aparelho do Estado ao longo das duas últimas décadas, pós-regime militar. Desta vez envolve a candidata do PFL à Presidência da República, Roseana Sarney. A saída negociada do PFL das hostes do governo federal por causa das investigações revela um importante sintoma da desagregação desse núcleo de poder. Podem estar na raiz desse embate o esgotamento de alternativas das elites para tirar o país da crise e a generalização da corrupção, que encontrou abrigo no atual governo e que não é mais tolerada pela sociedade.

Rememorando os fatos: no cipoal da corrupção, um dos ramos investigados por procuradores do Ministério Público, está o escândalo da Sudam e, na ponta desse ramo, as empresas de Roseana Sarney e seu marido, Jorge Murad, que vinham sendo investigadas há mais de um ano. No esquema da Sudam, Jader Barbalho, ex-presidente do PMDB e do Congresso, eleito com apoio do presidente Fernando Henrique, é apontado como cabeça da rede de falcatruas.

Aqui vale ressaltar que, se não fosse a atuação decisiva de um grupo de procuradores da República, os casos, ocorridos no governo Fernando Henrique Cardoso estariam acobertados. No Congresso Nacional as tentativas da oposição de instalar CPIs foram barradas pelo Palácio do Planalto articulado com a base governista. O pedido de CPI para a Sudam e o DNER foi impedido pelos partidos governistas, dentre eles o PFL, que reagiu ao mandado de busca e apreensão nas empresas de Roseana, expedido pela Justiça, rompendo com o governo e obstruindo a pauta de votações no Congresso. A alegação para essa atitude é de que o governo estaria fazendo uso político da Polícia Federal para prejudicar a candidatura de Roseana Sarney. Essa acusação é muito grave. Mas parece que o PFL não quer aprofundar as investigações que poderiam comprometer o presidente da República e seu candidato, José Serra, nesse episódio. Outra hipótese, também grave, é de que o PFL poderia estar chantageando o governo para suspender as investigações.

Ao invés da saída negociada, PFL, PSDB e PMDB deveriam assinar o requerimento da CPI para investigar os casos Sudam e DNER, essa sim, uma oportunidade para esclarecer todos os fatos, punir os responsáveis e absolver os inocentes. O Brasil não pode ficar refém de mais esse episódio.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

PT DAQUI PARA FRENTE
Agulha e muita linha é o que o PT precisará para costurar o apoio interno ao candidato vencedor da prévia. A partir de agora, está em jogo o futuro do partido no Estado em que é forte e não precisa buscar aliança com os conservadores para chegar ao poder, contrariamente à candidatura à Presidência da República e em eleições a outros governos. Em Minas, 2º maior colégio eleitoral do país, o PT nem sequer tem candidato; em São Paulo, José Genoíno está em 6º lugar nas pesquisas, empatado com Orestes Quercia. Em outros estados, atendendo a orientação da executiva nacional, vai se coligar a partidos com os quais não tem afinidade ideológica. As disputas não permitiram ao partido no RS perceber que é exceção e avaliar essa vantagem.

DIFERENÇA
Às 23h30min de ontem, encerrada a apuração de sete regiões, era flagrante o desânimo dos apoiadores de Olívio Dutra na sede do PT. Já o grupo de Tarso Genro não continha entusiasmo com as projeções.

MOTIVO
O entusiasmo do grupo de Tarso se baseou no fato de que a apuração estava restrita a municípios no qual vantagem de Olívio era esperada. Urnas da zona de mata de Tarso não tinham sido contabilizadas.

QUEM SERÁ? - Se Olívio Dutra for o vencedor da prévia, a Democracia Socialista lutará pela manutenção de Miguel Rossetto como vice na chapa, não dando chance a qualquer outra corrente do PT. Se o escolhido for Tarso Genro e ele confirmar o oferecimento da vaga de vice à corrente derrotada, a Democracia Socialista abrirá um processo interno de escolha para o qual, além de Rossetto, vão se habilitar Raul Pont e Pepe Vargas.

PELAS BORDAS
A vitória de Tarso Genro em Caxias do Sul deve-se à liderança do deputado Roque Grazziotin, do recém-criado Movimento Pólo de Esquerda. O prefeito Pepe Vargas, da Democracia Socialista, não decolou.

SUARAM
A prévia teve heróis anônimos: os assessores de imprensa. Incansáveis nas duas últimas semanas, metralharam por telefone, fax e e-mail. Na maioria empregados nas prefeituras do PT ou no governo do Estado, ressaltavam que 'estou agora no horário de folga'. Lutaram bravamente por cada centímetro ou minuto de espaço para seus candidatos.

PARA APARECER
Os fotógrafos que cobriram a prévia tiveram de driblar famosos papagaios de pirata que pousaram nos candidatos. Por cima do ombro e na iminência do flash, abriam sorrisos.

PEGA FOGO
A denúncia do vereador Sebastião Melo, publicada por esta coluna sábado, de que é lenta a cobrança do ISSQN de instituições financeiras estragou o fim de semana dos fiscais e fez o secretário municipal José Eduardo Utzig desviar a atenção da prévia do PT. Garantem que não é bem assim e que o vereador está equivocado, ainda que admitam a falta de estrutura para análise dos recursos dos que foram autuados.

CADA UM POR SI
Os prefeitos torcem pela desobstrução da pauta no Senado para viabilizar a votação do projeto que regulamenta o custo do transporte escolar médio e fundamental. Com isso, as despesas com os 108 mil alunos da rede estadual transportados pelos municípios no RS não recairiam sobre as prefeituras, com custo que chega a R$ 40 milhões anuais. O Estado só ressarciu R$ 7 milhões.

APARTES
Olívio Dutra e Tarso Genro entraram no mesmo elevador que teve pane. Iam juntos ao café da manhã.

Quando fazia campanha na Câmara, Olívio levou susto: estourou perto dele lâmpada fluorescente.

Buracos de ruas e estradas encarecem manutenção de veículos: 38%

Deputado Bohn Gass é submetido hoje a cirurgia no joelho direito.

Secretário dos Transportes Beto Albuquerque dará ordem na 4a-feira para começo da construção da estrada ligando São Jerônimo à BR 290.

PMDB vai adiar de 7 para 14 de abril a escolha dos candidatos a governador do Estado e ao Senado.

José Fortunati e Carlos Garcia contrariam expectativa: entendem-se como presidente e vice da Câmara.

Deu no jornal: 'Roseana afirma que sua candidatura está na mãos do partido'. Que vai deixar cair.

Cardiologistas do PT mantiveram plantão discreto desde o começo da contagem. Subiu a pressão de muitos.


Editorial

DISCUSSÃO SOBRE PORTE DE ARMAS

Tanto no Ministério da Justiça quanto na Comissão de Segurança Pública do Congresso, continua em debate a questão que se relaciona com mudanças na legislação sobre registro, posse e porte de armas. O Ministério da Justiça sugeriu e o Conselho Nacional de Segurança Pública aprovou proposta de alterações no Sistema Nacional de Armas. Elas são coincidentes com o proposto pelo projeto aprovado esta semana pela Comissão de Segurança Pública do Congresso.

Basicamente, o que se pretende é que o uso de armas seja autorizado apenas para policiais e militares ou, excepcionalmente, para pessoas que provem na Justiça que precisam se defender por um determinado período. Ao cidadão comum, o que se pretende com as modificações propostas na legislação atual sobre a matéria é que ele possa obter registro para ter armas em casa ou no local de trabalho. Em seu relatório, o deputado Custódio Mattos (PSDB-MG) não prevê restrições ao comércio legal de armas. Impõe penas mais graves ao comércio ilícito de armas, de um a dois anos de reclusão para seis a dez anos de reclusão, podendo ser aumentada em um terço se a arma for de uso exclusivo das Forças Armadas. A matéria, por sua natureza polêmica, continuará em discussão na Comissão de Segurança Pública. É questionável que a imposição de restrições ao uso de armas de fogo possa reduzir a criminalidade no país. Os bandidos estão cada vez mais bem armados, como se constata nos freqüentes embates entre policiais e narcotraficantes. As restrições ao porte de arma de fogo pelo cidadão comum encontram justificativas em sua falta de preparo para empregá-la quando vítima de assalto, para dar um exemplo.

De qualquer forma, disciplinar, com regras mais rígidas, a autorização para o porte de armas é necessário, embora ainda não se tenha um consenso sobre a melhor maneira de fazê-lo. Tão ou mais importante do que restringir o porte de arma, limitando sua concessão a policiais e militares ou, excepcionalmente, a cidadãos com autorização por tempo determinado pela Justiça será encontrar meios que permitam, efetivamente, impedir que o contrabando de armas de guerra assegure a potência de fogo das quadrilhas de narcotraficantes que operam nos grandes centos urbanos do país.


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03/18/2002


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