Simon apoia acordo do Brasil com o Irã e diz que Conselho de Segurança da ONU deve aceitá-lo



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse nesta segunda-feira (17) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve bem mais do que os países integrantes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas esperavam da reunião mantida neste fim de semana com o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, em negociações que também contaram com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

Para Simon, o acordo deve ser aceito pelos Estados Unidos e demais países, sendo fiscalizado e referendado perante o conselho na ONU. Só depois, disse o senador, sanções deveriam ser pensadas, caso o Irã não cumprisse o acordo com o Brasil.

- Depois de 17 horas de reunião contínua entre Brasil e Irã e depois entre Brasil, Irã e Turquia, o acordo foi assinado. O Irã fornece o urânio, a Turquia faz as operações e entrega o urânio [enriquecido], que só pode usar para fins pacíficos. O acordo foi assinado. O presidente do Irã não fala mais que exige que possa usar armas atômicas. Diz a imprensa que há uma interrogação generalizada, que o Irã está se aproveitando da ingenuidade do Lula para ganhar tempo. O Irã assinou o acordo e não fala na determinação de não abrir mão de construir armas atômicas. Acho um grande resultado - comemorou Simon, para quem o acordo é uma demonstração de boa vontade de Ahmadinejad que deve ser levada em conta.

Simon criticou a imprensa internacional que está tratando a questão com "interrogações" e menciona a predisposição de reunir o conselho de segurança da ONU para adotar sanções mais rigorosas ao Irã. Criticou também a postura assumida pela Secretária de Estado norte-america Hillary Clinton, de referir-se ao acordo, intermediado pelo Brasil, como uma tentativa de protelação do cumprimento das determinações daquele organismo pelo Irã.

- Acho que o mundo deve ter a grandeza de cobrar que o Irã cumpra o acordo feito, a fiscalização deve ser feita, desde a ida do urânio à Turquia e no retorno, mas admitir que o acordo foi feito, e vale a pena aceitar o acordo - sugeriu, ao criticar a postura do Reino Unido de insistir nas sanções.

Simon lembrou que os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003 sob o pretexto de que aquele país desenvolvia de destruição em massa. Com isso, provocaram, disse ele, uma instabilidade no país que prevalece até hoje, mataram o seu presidente e depois, a própria agência de inteligência norte-americana acabou admitindo que o argumento utilizado para a invasão era mentiroso.

Ele também mencionou o período em que o embaixador brasileiro José Maurício Bustani foi eleito para presidir a Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) e em que conseguiu que o Iraque aceitasse supervisão sobre armas atômicas. De acordo comSimon, apesar de reeleito para o cargo por unanimidade, Bustani acabou sendo destituído do cargo, em manobra comandada pelos norte-americanos, que acabaram invadindo o Iraque. "Agora no Irã, não se deve insistir em copiar o Iraque e insistir na decisão do conselho proposto pela ONU", observou.

Pedro Simon, que disse admirar o presidente Barack Obama, afirmou acreditar que ele irá surpreender o mundo e deverá se pronunciar dizendo que concorda com o acordo intermediado pelo Brasil. Até porque, acredita Simon, Lula conseguiu muito mais do que era esperado: saiu com um acordo firmado.



17/05/2010

Agência Senado


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