Simon aponta miséria como maior problema e pede mudança global



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez, nesta quinta-feira (7) uma análise da situação mundial, concluindo pela necessidade de mudança das prioridades dos governos e dos organismos multilaterais, de forma a reduzir drasticamente a fome, por meio da redistribuição da renda. O parlamentar disse considerar como muito sérias as ameaças de pandemias como a da gripe A e do aquecimento global, mas propôs que o mundo ataque o problema mais urgente da miséria, do qual decorrem a fome e muitas doenças graves.

Embora não tenha a ilusão de substituição imediata do capitalismo por outro sistema, o senador alertou que é hora de alterações urgentes e profundas na condução da economia, de tal forma que o mundo desenvolvido não continue abocanhando a grande parte da renda e tratando com desdém as carências dos países e regiões pobres.

- Como em todas as outras crises, as cordas são mais frágeis em uma de suas pontas. Eu não imagino uma travessia de catástrofe, mas temo que, quando aterrissarmos dessa viagem de pobres serviços de bordo, veremos ter aumentado, ainda mais, a distância entre ricos e pobres. Entre os passageiros de primeira e de última classes - advertiu o senador.

Pedro Simon criticou duramente a defesa que se faz de um sistema injusto e pretensamente liberal, já que para se salvar dos efeitos das turbulências especulativas toma para si somas bilionárias. Num processo que ele chamou de "privatização do dinheiro público", os recursos de todo a sociedade vão para as mãos dos bancos e dos financistas, agravando a má distribuição da riqueza.

O senador lembrou as estatísticas que indicam a existência de um bilhão de seres humanos passando fome em todo planeta, sendo que mais de 130 milhões são crianças. O mais cruel, no entender do parlamentar é que uma estimativa da FAO, braço das Nações Unidas para o tema da alimentação, afirma serem necessários apenas US$ 30 bilhões por ano para erradicar a fome em escala mundial. A quantia representa menos de 10% do orçamento militar dos Estados Unidos, por exemplo.

- Eu acho que todas essas crises são sinais dos tempos; são avisos quase que apocalípticos de que algo necessita ser mudado; de que é necessária uma transformação radical de prioridades, sob pena, aí sim, de uma catástrofe planetária sem precedentes. Há que se buscar novos paradigmas, novos pilares de sustentação da raça humana. O mundo tem que buscar uma nova ordem, sob pena de um verdadeiro genocídio anunciado - pregou o parlamentar.

Simon observou que embora a dimensão da crise seja sempre ampliada quando atinge o primeiro mundo, não se pode negar algumas mudanças salutares, como a postura mais sensível do presidente norte-americano Barack Obama, em contraste com a de seus antecessores.

O parlamentar recomendou que a ONU tenha um papel mais efetivo na condução de um grande movimento para transformar o mundo num lugar mais justo, aproveitando o arsenal técnico e estatístico de que dispõe e se reestruturando politicamente.

- Não nego a importância de um assento no Conselho de Segurança da ONU, mas acho que a prioridade maior é que todos os assentos da ONU estejam preocupados com todos os cidadãos do planeta. Quem sabe, também, se essas discussões se demonstrarem frutíferas não tivéssemos, mais, tantas guerras para a ONU se preocupar.

De todo modo, o senador disse acreditar que as atuais crises "podem derramar outras bombas de efeito catastrófico, mas, ao mesmo tempo, espalhar sementes de mudanças".



07/05/2009

Agência Senado


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