Simon comenta renúncia do Papa: 'Vivemos momento de perda de referências'



Ao comentar a renúncia do papa Bento XVI, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou nesta quarta-feira (27) que "vivemos um momento crucial de perda das nossas melhores referências". Também disse que, mesmo para quem professa a fé cristã, como o próprio senador, não é difícil perceber "as turbulências causadas pelas nuvens escuras que rondam a Praça de São Pedro [no Vaticano]". Por outro lado, ele avaliou que este é um momento propício para se discutir mudanças profundas no âmbito da Igreja Católica.

O senador mencionou os problemas que o Vaticano tem enfrentado, citando declarações do próprio Papa – que ainda está à frente da Igreja Católica – feitas nesta quarta-feira. Bento XVI assinalou que viveu tanto momentos de "alegria e luzes" como "momentos difíceis" durante seus oitos anos de pontificado.

– É necessário perceber o que dizem as entrelinhas das últimas afirmações do Santo Padre – alertou o parlamentar, acrescentando que "as igrejas estão, a olhos vistos, cada vez menos frequentadas".

Mas, para Simon, a questão não se restringe ao catolicismo; ele avalia que "é preciso restaurar a fé na sua plenitude, independentemente de qual seja a religião, (...) pois um mundo sem fé seria o mundo dos senhores da guerra".

– Não consigo imaginar um mundo sem fé. Mas não posso negar que as notícias vindas do Vaticano abalam a capacidade humana de se extasiar diante do mistério do mundo e da vida – lamentou.

Apesar disso, o senador reiterou que a decisão do Papa, "não importa a verdadeira razão, tem o condão de propiciar um profundo debate sobre a religião nos nossos tempos".

Representativididade

Ao lembrar que os papas são escolhidos em eleição indireta, Simon destacou a desproporção entre os cardeais que votam e o número de fiéis que eles representam. Entre os vários exemplos que citou estão o da América Latina, que, segundo o parlamentar, possui 30 cardeais que representariam, cada um, 14,4 milhões de católicos, e o da Europa, que possui 116 cardeais que representariam, cada um, 2,3 milhões de católicos.

– O voto de um cardeal latino-americano é quase seis vezes mais representativo do que o de um cardeal europeu. Não é à toa que os papas têm sido europeus – concluiu.

O senador defendeu ainda o Concílio Vaticano II, série de conferências promovidas pelo Vaticano na primeira metade da década de 1960, como referência "para a Igreja que virá com o novo Papa".



27/02/2013

Agência Senado


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