Simon: "Nascimento Brito honrou e dignificou a imprensa do Brasil"



Num discurso em que lembrou como o Jornal do Brasil denunciou a montagem do "esquema Proconsult", que tentou burlar o resultado da eleição de Leonel Brizola para o governo no Rio de Janeiro, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) apontou o empresário Manoel Francisco do Nascimento Brito como o responsável pela modernização e pelo vigor da imprensa brasileira de hoje. Para ele, as reformas que Nascimento Brito fez no JB obrigaram o restante da imprensa nacional a seguir pelo mesmo caminho.

Simon contou vários episódios envolvendo a ação dos chamados "autênticos do MDB", comandados pelo ex-deputado Ulysses Guimarães, e o então diretor-presidente do Jornal do Brasil. Muitas das notas de protesto do MDB durante o regime militar pós-64 tiveram o apoio decisivo de Nascimento Brito, que as publicava sempre com grande destaque. Em algumas delas, o empresário chegou a sugerir a Ulysses Guimarães mais veemência nos protestos, especialmente após a cassação de deputados já no governo Ernesto Geisel. O artigo assinado por Nascimento Brito após a cassação do então deputado Lysâneas Maciel, de acordo com o senador, "foi algo memorável".

- Em nome do velho Ulysses, trago o abraço afetivo a um homem que honrou e dignificou a imprensa do Brasil - afirmou o senador gaúcho.

Para ele, "só sabe da importância da liberdade de imprensa e da democracia quem não as tem" e Nascimento Brito "foi incansável na luta pelas duas coisas". E lembrou uma afirmação do ex-diretor-presidente em uma reunião com políticos que resistiam ao regime militar. "O Doutor Brito sustentou que a imprensa chega a ser mais importante que os políticos na sua luta por liberdade e democracia. Sem a imprensa, os políticos não têm como divulgar suas idéias, seus protestos, seu clamor".

- Em pleno regime militar, quem tinha coragem de discordar do Serviço Nacional de Inteligência? O Doutor Brito teve. Ele tinha razão ao dizer que, quando se fecha um jornal, também está sendo barrada a democracia - continuou o senador, ex-integrante do "grupo autêntico" do MDB.

Pedro Simon afirmou ainda que foi uma "ousadia" o Jornal do Brasil sustentar, em 1981, a versão de seus jornalistas, que concluíram ser falsa a informação oficial de que dois militares feridos numa explosão na porta do Riocentro tinham sido vítimas. Os jornalistas fizeram uma investigação paralela e comprovaram que a bomba explodiu quando os dois militares tentavam colocá-la no centro de convenções, onde pouco depois haveria um show popular. "O JB mostrou que o objetivo do atentado era minar o processo de abertura política então em curso".

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também prestou homenagem ao ex-dirigente do Jornal do Brasil.



18/02/2004

Agência Senado


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