Simon quer o povo nas ruas em campanha contra a corrupção



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) convocou a sociedade a ocupar as ruas, de maneira pacífica e democrática, para exigir o fim da corrupção e da impunidade no país. O apelo foi feito nesta sexta-feira (25), em Plenário, depois que o senador manifestou descrença em relação à possibilidade de ver as mudanças de valores reclamadas pela população serem feitas por iniciativa das próprias instituições públicas. O movimento, disse, poderá guiar-se pelo lema "Reage, Brasil!".

- O dinheiro público é sagrado. Os cofres públicos deveriam ser tratados como verdadeiros sacrários, mas não é o que tem ocorrido neste país. Há uma verdadeira sanha de uns poucos, que já não são tão poucos, sobre uma riqueza que deveria ser de todos - afirmou.

De acordo com Simon, em nenhum momento da história do país as estruturas de poder estiveram tão contaminadas pela corrupção. Disse que o problema está presente no Congresso, no Executivo e no Judiciário, todos infiltrados por "poder paralelo" que mina a legitimidade das instituições. O Congresso, observou, teve um índice de 98,9% de rejeição dos entrevistados em pesquisa de opinião.

- As pessoas não acreditam mais na representação política. Aos olhos da população, estamos todos aqui como protagonistas de um grande teatro do absurdo. Pior, ela generaliza, ela nos imagina apenas no papel de vilões, usurpadores da coisa pública - disse.

Simon disse que, nos últimos dias, reviu pronunciamentos sobre a corrupção feitos nos últimos 15 anos. Observou que novos personagens aparecem, mas não mudam a essência dos fatos nem a maneira como são investigados. No novo discurso, que durou mais de uma hora, lamentou que agora é "uma desgraça em cima da outra".

- Pediram até que eu viesse para tribuna com uma Veja, que antecipou sua edição de domingo e que invoca desde a capa o nome de um companheiro nosso de Senado, e que eu prefiro que outros analisem em primeiro lugar - afirmou.

O parlamentar citou uma série de medidas que, na sua opinião, são essenciais para inibir a corrupção. Defendeu que o sigilo bancário do servidor público, em qualquer nível, esteja sempre aberto para eventuais esclarecimentos. Os cargos de livre indicação, observou, devem ser preenchidos sob critérios rígidos quando à conduta dos indicados.

Simon apontou o Orçamento como um dos focos de corrupção, tanto em sua tramitação no Congresso como no processo de liberação dos recursos, no Executivo. Chegou a defender o fim das emendas parlamentares individuais caso não forem adotados meios para impedir os desvios.

Ainda em relação ao Legislativo, defendeu mais uma vez a votação da reforma política, com a adoção da fidelidade partidária e do financiamento público das campanhas, pois entende que a corrupção se alastra sobretudo por meio da contribuição oferecida pelos apoiadores privados aos candidatos. Também sugeriu o fim do foro privilegiado para políticos, com imediato afastamento diante de denúncias acerca de desvio de conduta, até o julgamento.

Ainda em 1995, Simon disse que defendeu uma comissão parlamentar de inquérito para investigar também os corruptores, iniciativa que, como observou, tinha como alvo sobretudo as empreiteiras. Lamentou a falta de apoio à proposta, já que, como afirmou, talvez a CPI tivesse gerado medidas capazes de evitar tantas outras operações de "criativas nomenclaturas" surgidas depois - como a recente Operação Navalha e as chamadas Anaconda e Gafanhoto, além de CPIs como a das Ambulâncias, do Mensalão e dos Correios.

O senador lamentou que ele tenha ainda de voltar a falar sobre corrupção da tribuna, cada vez com menos esperanças em relação ao fim da "sangria" dos recursos que, como observou, fazem falta para atender às necessidade da população. São desvios que, como salientou, geram impacto nas "filas dos hospitais, na escuridão do analfabetismo, na dor da mãe que se debruça sobre o corpo inerte da criança vítima da ausência do Estado".



25/05/2007

Agência Senado


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