Simon recorda de fatos vividos com Ulysses Guimarães



Integrantes das equipes que trabalharam nas buscas ao helicóptero e aos corpos vitimados no acidente que matou o ex-deputado Ulysses Guimarães, sua esposa Mora Guimarães, o ex-senador Severo Gomes e sua mulher, Ana Maria Henriqueta Gomes, não conseguiram explicar ao senador Pedro Simon (PMDB-RS) porque até hoje o corpo de Ulysses nunca foi encontrado.

Pescadores da praia de Picinguaba, próxima ao local onde o helicóptero caiu, contaram a Pedro Simon que os moradores mais jovens daquela localidade - de tempos em tempos - costumam ver um vulto magro e alto caminhando a pé, descalço, na beira da praia, de madrugada. Esse vulto costuma acenar para quem passa.

- Será uma lenda? Pode ser. Mas é fato que Ulysses odiava falar sobre morte. Em um célebre discurso, doutor Ulysses disse que se um dia víssemos passar um enterro com o seu caixão na frente, poderíamos dizer que ali ia um homem revoltado por ter morrido contra a sua vontade. O destino quis que não víssemos esse caixão - contou Pedro Simon.

Durante quase uma hora e meia, o senador pelo Rio Grande do Sul pinçou da história do Brasil episódios dos quais participou com Ulysses Guimarães. Ele lembrou, por exemplo, da época da ditadura militar, quando adeptos da luta armada tentaram convencer o líder peemedebista a aderir àquela luta. Simon contou que Ulysses tinha certeza que o caminho correto não era aquele. Os norte-americanos não aceitariam passivamente um golpe de esquerda no Brasil. Brasília não era Havana.

Pedro Simon também destacou dois episódios históricos nos quais Ulysses demonstrou toda a sua grandeza como homem público. O primeiro foi ele ter concordado com a candidatura de Tancredo Neves a presidente da República, no Colégio Eleitoral, logo após a derrota do movimento pelas eleições diretas. O segundo foi ele ter concordado com a posse do então vice-presidente, José Sarney, quando Tancredo adoeceu.

- Quando cheguei ao hospital logo após ter sido informado que Tancredo tinha sido internado, encontrei em um quarto Ulysses, José Sarney, o general Leônidas Pires, indicado por Tancredo como ministro do Exército, Marco Maciel e mais um grupo. Com a Constituição embaixo do braço, o general Leônidas cita um artigo e diz que o Sarney iria assumir. Eu pedi para falar, mas Ulysses não deu bola e concordou. Estava resolvido - descreveu Pedro Simon.

A intenção de Simon era confrontar a posição apresentada por Leônidas Pires. Ele contou que argumentaria que, como Tancredo não havia sido empossado presidente, Sarney também ainda não era vice. A solução seria Ulysses Guimarães, como presidente da Câmara dos Deputados, tomar posse até a recuperação de Tancredo ou até a realização de novas eleições, caso o presidente eleito fosse impedido definitivamente de assumir, como de fato ocorreu.

Pedro Simon também lamentou que hoje no PMDB se cogite a possibilidade de afastá-lo, junto com o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apelou ao presidente peemedebista, Michel Temer, que não permita que tal decisão seja tomada. Ele opinou que preservar Simon e Jarbas, dois nomes históricos do velho MDB, seria a melhor forma de homenagear Ulysses.



04/10/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Pedro Simon homenageia Ulysses lembrando fatos que viveu com ele

PEDRO SIMON LEMBRA OITO ANOS DA MORTE DE ULYSSES GUIMARÃES

Começa homenagem a Ulysses Guimarães

BR 232 PASSA A SE CHAMAR ULYSSES GUIMARÃES

Plenário homenageia Ulysses Guimarães

Senado homenageia Ulysses Guimarães