Simon sugere encontro com Celso Amorim para discussão sobre a nova realidade cubana



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) sugeriu nesta sexta-feira (22), em discurso no Plenário do Senado, uma reunião reservada dos senadores da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, com o objetivo de estabelecer um posicionamento único do colegiado, como órgão do Legislativo, e do governo brasileiro em relação à realidade cubana, após a renúncia de Fidel Castro. Com apoio do presidente da CRE, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presente ao Plenário, a reunião ficou pré-agendada para a próxima quarta-feira (27).

O senador também sugeriu que a CRE encaminhe documento a Cuba com o objetivo de incentivar o povo cubano a escolher democraticamente os rumos que querem dar ao país. Em aparte, Heráclito Fortes apoiou a iniciativa de Simon e disse que o primeiro passo para atender a proposta será encaminhar o posicionamento da comissão, em comunicado, ao presidente da Assembléia Nacional de Cuba, Ricardo Alarcón.

Na opinião do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), manifestada em aparte a Simon, o momento não é adequado para essa manifestação, sob o ponto de vista diplomático. Cristovam disse que a intenção do Brasil poderá ser interpretada como uma possível intervenção na política interna de Cuba.

Em seu pronunciamento, ainda, Simon sugeriu que a CRE manifeste-se pelo fim do bloqueio econômico que os Estados Unidos impuseram a Cuba.

- Agora não é o momento de se analisar os quarenta anos de Fidel Castro. Isso é História. Não é hora de analisar os quarenta anos do boicote americano. É hora de vermos o que podemos fazer. É hora de tentar dar um passo positivo. Vamos, com isso, ensinar de forma espetacular a América toda: fim do boicote. E todos, claro, vamos caminhar no sentido da democracia - afirmou o parlamentar gaúcho.

Na opinião de Simon, o embargo comercial americano a Cuba deve ser suspenso imediatamente para que aquele país tenha condições de fazer opções com mais liberdade. O senador informou que parlamentares americanos enviaram ofício à secretária de Estado, Condoleezza Rice, pedindo a revisão da relação dos Estados Unidos com Cuba. Lembrou ainda que a imprensa americana também está apoiando o restabelecimento do diálogo entre os dois países.

Em aparte, o senador João Pedro (PT-AM) disse que há clima favorável para encaminhar a discussão sobre o que está acontecendo em Cuba. Em sua opinião, o momento é propício ao debate sobre o fim do bloqueio comercial imposto a Cuba, bem como a respeito da participação daquele país na Organização dos Estados Americanos (OEA).

Simon observou que a História de Cuba gera opiniões contraditórias, "um pesadelo e um sonho". Lembrou que há correntes que opinam que a saída de Fidel Castro, depois de quase 50 anos no poder, não vai trazer nenhuma mudança àquele país. Outras, registrou, afirmam que o afastamento de Castro representará "transformação radical" em Cuba. Na opinião de Simon, cabe aos cubanos decidirem, de forma democrática, o que querem.

O parlamentar também salientou que o Brasil não deve assumir o comando do assunto na América Latina nem passar a imagem de intermediador entre os Estados Unidos e Cuba. No entanto, observou, deve contribuir para que o povo cubano tenha maior liberdade, sem análises da História de Cuba.

- É um momento importante e devemos fazer algo - disse Simon.



22/02/2008

Agência Senado


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