SIMON SUGERE QUE ACM RESTABELEÇA ENTENDIMENTO COM "CORREIO BRAZILIENSE"



A gravidade do momento político e econômico do país recomenda, segundo afirmou nesta terça-feira (dia 13) o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que "o incidente entre o presidente do Congresso Nacional e o presidente da Associação Nacional de Jornais seja superado o mais rapidamente possível". Para Simon, errou o jornal Correio Braziliense ao intitular como "desculpas de ACM" as explicações do senador Antonio Carlos Magalhães sobre notícia de que 11 parentes seus ocupam cargos no poder público baiano, publicada no jornal Folha de S. Paulo. Por sua vez, o presidente do Senado teria errado em fax enviado a Paulo Cabral, diretor do Correio e presidente da ANJ: "O que mais espantou, na mensagem, não foi o tom; foi a forma", disse.Transmitido em papel oficial, timbrado, da Presidência do Senado, "talvez pelo erro de algum assessor menos avisado para a impropriedade dos termos", o fax de Antonio Carlos "transfigurou-se em grave admoestação do próprio presidente do Congresso Nacional", entendeu Simon. A título de comparação, o senador gaúcho lembrou que, recentemente, ele e o jornalista Hélio Fernandes trocaram cartas por conta de comentários feitos por este último sobre a atuação de Simon. Nesse episódio, considerou, "as cartas mostram de que maneira se podem contornar conflitos entre os meios de comunicação e os homens públicos. Com grandeza, com elegância, com gentileza".Contrariamente, o incidente envolvendo o presidente do Senado retratou, na opinião de Simon, "um momento infeliz de hostilidade e incompreensão". E isso quando, "pela primeira vez na nossa história", acentuou, o Legislativo investigará outro poder, o Judiciário. Para o senador, "o Brasil inteiro vê Antonio Carlos Magalhães, hoje, com justiça, como um de seus maiores vultos políticos", tanto que "transformou-se numa sigla - ACM". ACM, para todo o mundo, é Associação Cristã de Moços, mas, no Brasil, é Antonio Carlos Magalhães, afirmou. As charges dos caricaturistas também captam esse fenômeno à sua maneira, observou o senador, descrevendo uma delas, em que um imenso ACM, ao lado de um Fernando Henrique Cardoso e um Dalai Lama em tamanhos comparativamente reduzidos, são assombrados pelo fantasma de Sérgio Motta, que diz ao presidente da República: "Não se apequene! Não se apequene!"Às vezes, no entanto, continuou Simon, o presidente do Senado "é refém de seu estilo. Parece ser prisioneiro de Toninho Malvadeza", conforme apelidou-o o general Golbery do Couto e Silva. Mas o neto de Antonio Carlos estaria no caminho certo, indicou Simon, citando trecho de entrevista em que Antônio Carlos Magalhães Neto, perguntado sobre como é nascer numa família tão poderosa, assim respondeu: "Cria-se um estigma de prepotência, de arrogância. Sou muito simples, como minha família. O poder não subiu à cabeça de meu avô, como é que poderia subir à nossa? Meu avô sempre me disse que seriam naturais as críticas, as pirraças, as provocações. O conselho dele era para nunca nos envolvermos, porque nós tínhamos muita coisa a perder, e as pessoas não tinham".No início do pronunciamento, Edison Lobão aparteou Simon para dizer que o presidente do Senado "não ficará aborrecido", pois o "único defeito" que o senador apontou teria sido o de usar o papel da Presidência do Senado. "Que alívio! Eu estava morrendo de medo de que ele ficasse aborrecido", disse. Em outro aparte, o senador Djalma Bessa (PFL-BA) afirmou que Antonio Carlos "jamais esperaria uma palavra áspera ou hostil" por parte de Simon.

13/04/1999

Agência Senado


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