SIMON TEME QUE CPI LEVE À FUJIMORIZAÇÃO DO BRASIL
Em aparte ao senador Antonio Carlos Magalhães, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) ressaltou que é um ato inédito na história da República a apresentação de um requerimento para criação de CPI destinada a investigar denúncias de irregularidades praticadas por integrantes de Tribunais Superiores, de Tribunais Regionais e de Tribunais de Justiça.O senador lembrou que várias CPIs já envolveram o Poder Executivo, que acabaram resultando ou em golpe, como no caso do presidente João Goulart; ou em suicídio, como foi com Getúlio Vargas; ou em impeachment, como ocorreu com o presidente Fernando Collor.Pedro Simon pediu que o senador, formulado o requerimento de instalação da CPI, retornasse à presidência da Casa para "conduzir essa delicada missão de levar adiante a CPI". O senador pelo Rio Grande do Sul lembrou que o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro já afirmou que não comparecerá à CPI, caso seja chamado. Para Simon, então, ele deveria ser o primeiro a ser convocado a depor.Pedro Simon disse temer que se saiba como a CPI irá começar mas que não se saiba como ela vai terminar. Lembrou já haver pessoas com medo de uma "fujimorização" do país - lembrando o presidente peruano Alberto Fujimori que, após eleito, fechou o Congresso e mudou a Constituição. Simon não conseguiu falar toda a palavra "fujimorização", alegando ter um profundo desgosto pela simples idéia.Antonio Carlos Magalhães disse garantir que, com a CPI funcionando, não haverá confronto. Segundo ele, será "uma coisa digna do Congresso Nacional e à altura dos poderes da República". O presidente do Senado afirmou que assinou o pedido de instauração da CPI por não ser de seu hábito fugir às responsabilidades.- Mas quando for constituída, por mais difícil que pareça, deixarei de ser o primeiro signatário para ser o presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional - afirmou.O presidente do Senado disse que a CPI não entrará nas atribuições da Justiça, o que é proibido pela Constituição, mas em suas mazelas, que segundo ele são superfaturamento, roubo e morosidade da Justiça.
25/03/1999
Agência Senado
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