Arthur Virgílio teme que crise internacional atinja o Brasil



Temeroso da contaminação da economia brasileira pela crise internacional ora em andamento, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio Neto (AM), recomendou ao governo que diminua seus gastos e que envie ao Congresso Nacional projetos para proceder às reformas estruturais necessárias.

- A recomendação que fazemos é muito simples: o governo sair do imobilismo e mandar para o Congresso a agenda atualizada das reformas estruturais, que podem diminuir a nossa taxa de vulnerabilidade. O Brasil tem de mostrar um governo que faça a sua autocrítica, que comece a admitir que gasta demais. Graças a Deus, tem a Lei de Responsabilidade Fiscal. Sem ela, o governo gastaria mais do que pode; como tem a lei, ele gasta tudo o que pode. O Brasil não é sustentável, tendo aumento de 5% reais dos seus gastos correntes por ano - afirmou Arthur Virgílio.

O senador afirmou que a crise no mercado imobiliário americano já afeta economias emergentes, como os países asiáticos, que viram suas bolsas fecharem em baixa e suas moedas se desvalorizarem nesta quarta-feira (15).

O líder do PSDB elogiou as iniciativas do Banco Central de fortalecer as reservas brasileiras, que atingem hoje cerca de US$ 160 bilhões. Mas afirmou que essas reservas proporcionam ao país apenas uma segurança relativa. De acordo com o parlamentar, a crise atual vai exigir perícia do governo.

- A incompetência podia ser mascarada pela liquidez internacional. Mas agora é uma exigência a redução de gastos e a promoção das reformas estruturais - afirmou.

Em aparte, o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desperdiçou todas as oportunidades oferecidas pelo cenário positivo da economia internacional nos últimos anos, deixando de enviar ao Congresso os projetos de reforma previdenciária, tributária, administrativa e política. Também em aparte, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) lembrou que o PT se pronunciou contra todas as ações do governo de Fernando Henrique Cardoso que se mostraram benéficas ao país, entre elas a criação do Plano Real e da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Já o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) afirmou que o governo Lula levou comida às mesas dos mais pobres, mas isso não o credencia a dizer que é um governo dos pobres, como o faz.

O senador Flávio Arns (PT-PR), por sua vez, lembrou que, no governo passado, era do PSDB e hoje integra o PT. Apontou problemas do governo de Fernando Henrique, como o crescimento exponencial da dívida pública, que o governo atual "vem enfrentando com trabalho e com denodo".

Arthur Virgílio respondeu que a dívida pública cresceu como exigência da estabilidade, porque esta necessitava do resgate de muitos "esqueletos", citando a renegociação da dívida de estados e municípios; do Banco Nacional da Habitação (BNH) da época da ditadura; e os aportes financeiros necessários à Caixa Econômica Federal e ao Banco do Brasil. Lembrou também que o tão criticado Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer) - disponibilizou recursos para manter a estabilidade do sistema financeiro nacional, em ação semelhante a que fez agora o Federal Reserve Bank - o Banco Central dos Estados Unidos -, ao colocar à disposição dos bancos daquele país US$ 250 bilhões para não haver quebra na linha de fornecimento de crédito.



15/08/2007

Agência Senado


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