Sócio da FS3 nega irregularidades em contrato com Infraero
Prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, na manhã desta quarta-feira (15), Ettore Ferdinando Casoria, um dos sócios da empresa FS3, que firmou contrato de R$ 26,8 milhões com a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) para implantação de software de gerenciamento de mídia aeroportuária. Há denúncias de que haveria irregularidades no contrato, mas elas foram negadas pelo empresário.
De acordo com Ettore Casoria, o programa vendido à Infraero "otimiza o uso de espaço publicitário nos aeroportos e inibe, inclusive, a evasão de receitas". O empresário afirmou ter um contrato de distribuição exclusiva no Brasil do software Advantage V2 da empresa inglesa Media Plus, fornecido pela FS3 para a Infraero.
Ettore Casoria contou ter descoberto a existência do programa de computador Advantage V2, degerenciamento e comercialização de espaços publicitários em aeroportos, durante seminários em Londres, na Inglaterra. Segundo o sócio da FS3, o programa tem qualidades que "entusiasmam" quem o vê em funcionamento e, por isso, decidiu adquirir a exclusividade para sua distribuição no país. O empresário fez para os parlamentares uma demonstração do funcionamento do software.
Ettore Casoria disse que a Infraero é uma das maiores empresas de administração de aeroportos do mundo, lidando com 67 aeroportos que contam com mais de oito mil espaços publicitários. Na opinião do empresário, a Infraero vinha subutilizando esses espaços, cuja exploração otimizada permitiria à empresa aumentar muito seu lucro com publicidade nos aeroportos. De acordo com o sócio da FS3, os ganhos da Infraero estavam abaixo dos auferidos no mercado mundial do setor.
O empresário informou ainda que a FS3 foi criada para "apresentar soluções de mídia", mas negou que a empresa tenha sido montada com o objetivo específico de vender o software para a Infraero. Disse ainda que o contrato da empresa FS3 com a Infraero segue até 2013. De acordo com o depoente, a FS3 foi constituída porque seus donos identificaram potencial de mercado, "mas não havia garantia de contratação pela Infraero". A FS3 foi criada em 17 de agosto de 2003, de acordo com Ettore Casoria, e o contrato com a Infraero foi assinado em dezembro daquele ano. Ele disse também que o cronograma previsto no contrato foi atendido e que o software foi totalmente implantado em 65 aeroportos em janeiro de 2005.
O relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO) questionou o empresário sobre o contrato firmado entre a FS3 e a Infraero e encontrou divergências nos depoimentos de Ettore Casoria e da funcionária da Infraero Mariângela Russo. O sócio da FS3 disse que se encontrou com Mariângela e apresentou a ela o software. Mas a funcionária da Infraero teria afirmado que descobriu o software na Internet.
Demóstenes detalhou como cada parte do serviço previsto no contrato foi paga pela Infraero. Só em licença para uso do software, a empresa de administração aeroportuária gastou quase R$ 4 milhões, ao valor de R$ 9.500 para cada licença de usuário. Além disso, R$ 6 milhões do total foram pagos à FS3 a título de bônus. O contrato em si tinha valor de R$ 20 milhões. O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) considerou os custos muito altos.15/08/2007
Agência Senado
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