Software reproduz funcionamento de trem para uso em simuladores



Programa de computador foi criado por pesquisadores da Escola Politécnica da USP

Condutores de trens devem estar preparados para lidar com situações adversas, e o uso de simuladores ajuda no treinamento em condições próximas à realidade do transporte. Pesquisadores do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica (Poli) da USP criaram um programa de computador que reproduz o movimento de composições de passageiros ou de cargas, para uso em aparelhos de simulação e no projeto de novos trens.

O software se baseia em uma série de equações matemáticas que reproduzem o comportamento dos componentes do trem, tais como rodas, truck, motores, freios, sistema de controle. “A partir destas fórmulas, é possível simular os movimentos das composições e produzir imagens tridimensionais para realizar os ensaios”, afirma o professor da Poli, Roberto Spinola Barbosa, coordenador do projeto.

O software pode ser adaptado para reproduzir o comportamento dinâmico de composições de carga, trens de metrô ou de subúrbio. “A complexidade dos modelos para veículos terrestres é bem maior do que a do transporte aéreo, por exemplo”, explica o professor. “O simulador de um avião usa seis fórmulas para calcular todos os movimentos, enquanto um trem de carga pode exigir mais de 400 equações para simular o funcionamento integral”.

Além do treinamento de maquinistas e operadores, o programa também poderá ser usado como ferramenta de engenharia, para projetar novos trens. “O percurso em um determinado trecho é reproduzido em diferentes velocidades, para avaliar o consumo de combustível”, relata Barbosa. “Assim, é possível planejar o gasto de energia e minimizar o tempo de percurso”.

Interface

Os pesquisadores da Poli irão desenvolver interfaces de realidade virtual para o uso do programa de simulação. “A próxima etapa é adaptar ao programa um sistema de projeção de imagens dos percursos e controles que reproduzam os trens verdadeiros, de modo a criar um ambiente virtual”, diz o professor Barbosa.

“Nos caso dos metrôs, os novos condutores são treinados nos próprios trens em operação, mas quase sempre aprendem apenas o usual”, conta o professor. “Um simulador mostra as situações adversas que podem surgir, como problemas de frenagem, tornando mais completo o processo de treinamento”.

De acordo com Barbosa, o programa de simulação também pode ser adaptado para reproduzir a operação de um Centro de Controle Operacional (CCO). “Embora a pesquisa tenha se concentrado na criação de simuladores para veículos específicos, modificações no software viabilizariam seu uso em estudos de logística de redes ferroviárias”.

O professor da Poli ressalta que os metrôs brasileiros não possuem simuladores e as operadoras de transporte de carga utilizam equipamentos importados. “O uso de um simulador baseado num software desenvolvido no Brasil evitará gastos com importações, que encarecem a adoção destes programas”, diz. “A tecnologia já existe, e parcerias com empresas deverão viabilizar a construção dos simuladores”.

Júlio Bernardes

Da Agência USP de Notícias

(I.P.)



10/02/2007


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