Solidariedade e emoção marcam homenagem da CDH às mães de filhos vitimados pela violência no país



A cobrança de responsabilidades, o espírito de solidariedade e a emoção pontuaram as manifestações dos parlamentares presentes à audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), nesta quinta-feira (6), em homenagem às mães de filhos desaparecidos ou vitimados pela violência no país. As mães dos seis jovens de Luziânia assassinados pelo pedreiro Adimar Jesus da Silva foram convidadas especiais do evento em alusão ao Dia das Mães, realizado a pedido dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e José Nery (PSOL-PA), respectivamente presidente e vice-presidente da comissão.

As primeiras palavras de solidariedade pelo sofrimento e pela luta das mães de Luziânia foram expressadas por José Nery, para quem a Justiça de Goiás errou ao libertar sem a devida cautela, acompanhamento ou monitoramento, um condenado pelo crime de pedofilia. Após recordar que a CDH, ainda no início de abril, recebeu essas mães e cobrou maior urgência e transparência no processo de investigação do caso, o senador pelo Pará defendeu uma atuação mais firme da Polícia Civil de Goiás para acelerar a identificação não só da autoria dos crimes, mas dos corpos das vítimas. Até agora, corpos de apenas três dos seis jovens teriam sido identificados por exames de DNA.

Mãe de quatro filhos e avó, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) considerou esse um dos momentos mais difíceis na CDH. Num discurso emocionado, afirmou: "ninguém pode imaginar a dor de ter um filho arrancado de seu convívio de uma forma violenta como essa. Mas, se não fosse a coragem e a bravura de vocês (mães de Luziânia), talvez a verdade não tivesse aparecido. Sei que esse próximo Dia das Mães será o pior que vocês poderão ter, mas vocês representam o que é ser mãe e são um exemplo para as mulheres do mundo inteiro". Serys também sustentou que falhas no Código Penal precisam ser corrigidas para evitar que bandidos como Adimar da Silva sejam soltos e voltem a cometer crimes.

A deputada distrital Erica Kokay (PT-DF) abriu sua saudação às mães de Luziânia declarando que, quando se é mãe, é possível exercer a solidariedade e sentir a dor do outro como se fosse sua. Símbolo de coragem e enfrentamento, a saga dessas mães, conforme assinalou, tem que servir para evitar que outras mães passem por essa angústia e para construir políticas públicas de proteção às crianças e aos adolescentes. A parlamentar também pediu pressa na identificação dos corpos das vítimas do pedófilo Adimar da Silva.

Silêncio

Ao final da audiência pública, Cristovam assegurou às mães de Luziânia que não irá deixar que o silêncio caia sobre esses fatos, dispondo-se a lutar por reformas no Código Penal. Por sugestão de José Nery, o presidente da CDH deverá pedir ao secretário de Segurança Pública e ao delegado-geral da Polícia Civil de Goiás que comuniquem às famílias e à comissão o resultado da identificação dos corpos dos jovens desaparecidos. O vice-presidente da comissão também recomendou envio de ofício ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal solicitando sua participação no esclarecimento no caso, por entender que a Polícia Civil de Goiás não tem isenção para elucidar as circunstâncias em que o assassino morreu na prisão.

Simone Franco / Agência Senado



06/05/2010

Agência Senado


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