Stephanes quer índice de produtividade rural adequado à modernidade



A agricultura brasileira é uma das mais eficientes do mundo, mas os atuais índices que avaliam sua produtividade não refletem essa realidade. A afirmação foi feita nesta terça-feira (08) pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes. Ele explicou que os parâmetros em vigor foram estabelecidos numa época em que a agricultura era medida somente com base no fator terra, ignorando a rentabilidade e a eficiência da exploração agrícola.

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O ministro participou de audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), que analisou a atualização do Índice de Produtividade Rural. A medida consta de portaria interministerial que define novos parâmetros, defendidos pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.

Em sua exposição, Stephanes reconheceu que o Brasil "tem demonstrado incapacidade para proteger sua produção e seus produtores", mas afirmou que, embora a atualização dos índices de produtividade seja importante, não é hora de alterá-los.

- Estamos num momento de crise mundial, com preços de muitos produtos agrícolas abaixo do custo de produção. Precisamos reestudar toda esta questão, começando pelos fatores que devem compor o cálculo do índice de produtividade, mas, nesse momento, a discussão é muito mais política, emblemática e até ideológica do que técnica, embora tenhamos tentado chegar a um entendimento - explicou Stephanes, referindo-se a reuniões que tem realizado com o ministro Guilherme Cassel.

Para o engenheiro agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Eliseu Alves, não há dúvidas de que o Índice de Produtividade Rural precisa se adequar às técnicas modernas de produção, não considerando apenas as características da agricultura tradicional, baseada no conceito de terra e trabalho.

- A produtividade da terra reflete a produtividade econômica. Hoje se usa um trabalho muito mais sofisticado, levando-se em conta conceitos modernos, como fertilizantes e computadores, por exemplo. Evidentemente que, nessa nova realidade, a terra e o trabalho perderam a capacidade de explicar o índice de produtividade - frisou Eliseu.

Para ele, mudanças no índice de produtividade devem incluir fatores que levem em conta o custo da produção, para que os custos totais sejam cobertos e ainda se obtenha recursos para investimentos.

- Se uma propriedade não vende seus produtos por um preço capaz de fazer face ao custo total, está fadada ao fracasso. Uma propriedade bem administrada é aquela que paga todos os fatores de produção e ainda sobra para investir - afirmou o especialista da Embrapa, que apresentou, em sua exposição, sugestões para o cálculo do novo Índice de Produtividade Rural.

Valéria Castanho / Agência Senado 



08/09/2009

Agência Senado


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