SUASSUNA: ALASTRAMENTO DAS "DOENÇAS DA POBREZA" EXIGE NOVO MODELO DE SAÚDE PÚBLICA



Se permanecerem os atuais critérios de definição dos recursos destinados às prioridades de governo e o modelo vigente de saúde pública, "reconhecidamente falido e oneroso, em pouco tempo o país estará às voltas com uma nova 'Guerra das Vacinas'", advertiu hoje (dia 25) o senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Ele apontou experiências que se organizam nos setores privado e público, destinadas a ampliar o universo de pessoas assistidas, a menores custos.

As chamadas "doenças da pobreza", endemias que foram erradicadas no início da segunda metade deste século (malária, tifo, febre amarela, difteria, tuberculose e dengue), retornaram a todo pano e assumiram caráter epidemiológico, alertou.

A título de exemplo, Suassuna citou o caso da dengue em seu estado, onde foi registrado, em 1997, o maior número de ocorrências - 50.508 casos. Apenas neste ano, enfatizou, foram feitos 6.779 registros da doença, mas o número de pessoas contaminadas pode ser bem maior: dos 179 municípios atingidos, apenas 82 enviaram à secretaria estadual de Saúde os relatórios com os casos registrados.

Na opinião do senador, um novo modelo de saúde deverá solucionar o problema do custo da assistência médica. No setor privado, o Hospital Albert Einstein estuda a implantação de um modelo baseado no trabalho de prevenção junto a pacientes e suas famílias, realizado por corpo clínico próprio de médicos, segundo informou o articulista Luís Nassif, disse o senador.

No setor público, Suassuna destacou que, a exemplo da experiência pioneira do médico de família desenvolvida pelo Distrito Federal, está em curso um programa conjunto dos ministérios da Educação e da Saúde que objetiva a implantação de 5 mil equipes de assistência familiar até o final de 1998.

- O programa busca suprimir as causas da elevação incontrolável dos custos da assistência médica, a partir de ações articuladas dos gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS) com o sistema formador de pessoal para a área, sobretudo universidades e outras instituições de ensino superior - informou.

Na opinião do senador, o programa do governo deverá atingir 15 milhões de pessoas e "destina-se a alcançar o mais completo êxito", pois de 80 a 90% das doenças podem ser prevenidas ou tratadas pelas equipes.

Os novos modelos buscados pelos setores privado e público, segundo disse, permitem a ampliação do atendimento e apontam para um gradativo incremento dos investimentos destinados à medicina preventiva.



25/03/1998

Agência Senado


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