Suassuna alerta para a seca e diz que Senado trabalha muito
Dizendo-se revoltado com a acusação de que os senadores não trabalham, imagem veiculada em matérias jornalísticas, Suassuna conclamou a imprensa a acompanhá-lo nos périplos que normalmente realiza pelas regiões afetadas pela seca. Ele foi a São Paulo na segunda-feira (dia 5) para encontros com vários diretores de jornais e revistas, na tentativa de sensibilizá-los para o drama dos nordestinos.
- Ninguém liga mais para a seca, mas é preciso lembrar que há pessoas morrendo de fome. A indústria da seca é coisa do passado - disse Suassuna.
No último fim de semana, o senador chegou a João Pessoa na sexta-feira à noite, tendo se reunido logo depois com um grupo numeroso de prefeitos. Na manhã seguinte, depois de outra reunião, seguiu para a cidade de Cabaceiras, na região do Cariri, onde os habitantes nada estão conseguindo produzir com a agricultura, sobrevivendo do que bodes e cabras produzem em carne, couro e leite. No mesmo dia, o senador e sua comitiva estiveram no município de Uiraúna para a inauguração de uma barragem com capacidade para 42 milhões de metros cúbicos de água, "quando chover". No domingo, visitaram Curimataú, região em que, iludidos por chuvas passageiras, os sertanejos fizeram três plantios, todos frustrados. Quem não utilizou recursos próprios está endividado e precisaria de moratória, além da manutenção do crédito bancário, relatou.
Suassuna disse ter ouvido do ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, titular da Comissão Ministerial do Combate à Seca, que a burocracia está atrapalhando o cumprimento de algumas decisões, entre estas o envio da carros-pipa às áreas atingidas pela seca.
- Eu queria ver se um infeliz, um desgraçado de um burocrata desses estivesse precisando de um carro-pipa para sobreviver... - desabafou o senador.
Em aparte, o senador Nova da Costa (PMDB-AP) lamentou que a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) esteja sendo desativada, sem que outro órgão assuma efetivamente as suas funções. O senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) também aparteou Suassuna para dizer que não acredita que as ações de Jungmann darão resultado, a julgar pelo trabalho que o ministro vem fazendo no setor da reforma agrária. Para Bezerra, ao falar em "oligarquia nordestina", Jungmann mostrou ser adepto de uma visão e de um discurso antigos, no estilo bolchevique (nome de quem é partidário da revolução soviética de 1917).
Outro aparte foi concedido ao senador Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO). Ele chamou a atenção para a falta de um projeto nacional capaz de integrar as regiões. Eduardo observou que o estado do Tocantins tem água em abundância que poderia servir ao Nordeste, com as obras necessárias. Suassuna acrescentou que a falta de água no Nordeste vai tornar mais aguda na região a crise de energia elétrica. O senador paraibano mencionou ainda encontro realizado na segunda-feira à noite, no Rio de Janeiro, com membros da Maçonaria, ocasião em que as grandes questões nacionais foram debatidas com grande interesse.
05/06/2001
Agência Senado
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