SUASSUNA ALERTA PARA O RISCO DOS JUROS ALTOS
O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) fez hoje (dia 29) um apelo para que o governo "suste a atual política suicida de juros estratosféricos" que já "quebrou os estados, os municípios e continua produzindo graves estragos a toda sociedade brasileira".
No entender de Suassuana, as forças produtivas do país estão submetidas a taxas de juros "absolutamente insustentáveis". Enquanto nos países desenvolvidos a remuneração anual do capital investido é da ordem de 6% e nos paísessubdesenvolvidos esse teto chega a 12%, a equipe econômica brasileira sinalizou os juros em 40% a.a., protestou o senador.
O senador comparou o Brasil a um enfermo atacado pelo "mal crônico da inflação". Ele reconhece que o remédio Plano Real "fez a febre baixar", mas lamentou os graves efeitos colaterais.
- O coquetel receitado consiste na associação de três drogas potentes e perigosas: a abertura desbragada do mercado interno à importação de todo tipo de mercadoria, a sustentação de uma cotação irrealista da moeda (a chamada âncora cambial) e a manutenção das taxas internas de juros muito superiores aos de outros países - analisou.
O resultado dessa "terapia", segundo Suassuna, é que o país precisa oferecer taxas de retorno cada vez mais altas para atrair o capital que necessita para tapar o rombo das contas de mercadorias e serviços. No entanto, ele entende que esse capital que entra no Brasil é cada vez mais volátil.
- Aomenor sinal de ruptura do equilíbrio entre os pratos da balança esse capital pode migrar para outras paragens mais amenas e deixar nosso mercado com as calças na mão - alertou.
Para exemplificar o nível de desorganização econômica produzida pela política de juros altos, Ney Suassuna citou o exemplo do seu estado, a Paraíba, cuja dívida atinge, "graças ao crescimento exponencial dos juros", o patamar de R$1,8 bilhão. Ele observou que, dividido esse número pela população do estado, chega-se a uma dívida per capita de R$ 300,00, ou seja, "cada cidadão paraibano já nasce devendo dois salários mínimos e meio".
Aface cruel desse equívoco, acrescentou, está no fato de que na Paraíba 85% da população economicamente ativa recebe menos de três salários mínimos por mês.
29/01/1998
Agência Senado
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