Suassuna defende reajuste salarial para professores
- Parece que o Brasil está sempre fadado a tratar o professor como uma espécie de escravo. Todo mundo elogia a profissão, mas, do ponto de vista do salário, é quase uma escravidão - afirmou o senador, para quem a greve dos professores das universidades federais, que já dura mais de 40 dias, vem trazendo enormes e insuperáveis perdas para o Brasil.
Ney Suassuna disse que "em economia não há milagres". Em uma alegoria à falta de recursos para cobrir todas as despesas, afirmou que "o cobertor é curto", mas desejou que o governo consiga logo resolver o impasse.
O parlamentar, no entanto, afirmou que a situação atual é muito melhor do que no passado. Para ele, a criação do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) e a obrigatoriedade de se destinar 25% do orçamento para a educação melhoraram muito o quadro educacional brasileiro. Com o Fundef, as prefeituras passaram a pagar melhor os professores.
- Ainda é pouco, mas o governo lida com 500 anos de acúmulo de problemas - disse.
NEGOCIAÇÕES
A senadora Heloísa Helena (PT-AL), em aparte, pediu o apoio dos senadores da base governista para que se encontre uma solução para o impasse. O governo cortou os salários dos grevistas e, segundo a senadora, mesmo os professores que estão trabalhando ou que trabalharam alguns dias não receberam seus salários. Heloísa Helena pediu que o governo abra negociações e que o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, receba os grevistas.
O senador Ademir Andrade (PSB-PA) argumentou que a submissão do governo federal às imposições dos países desenvolvidos gerou a atual situação dos professores, que estão há sete anos sem reajuste salarial. Para ele, o poder aquisitivo dos professores caiu, deixando-os com uma qualidade de vida abaixo das expectativas de um professor universitário. O parlamentar defendeu que o governo desvie uma pequena parcela dos juros da dívida externa para pagar melhor os professores.
Por sua vez, o líder do governo, senador Geraldo Melo (PSDB-RN) afirmou que o Ministério da Educação já realizou 28 reuniões com os grevistas, cinco delas com presença do ministro Paulo Renato. Ao fim da última reunião, os representantes dos professores disseram que não estavam autorizados a negociar e que precisariam de "ouvir a assembléia".
- Há mais de uma semana o MEC espera que esse negociador retorne com uma resposta - disse.
Melo afirmou ainda que o dinheiro do pagamento dos professores foi repassado pelo governo aos reitores, a quem coube decidir pelo pagamento ou não aos grevistas. O líder do governo lembrou que prefeitos e governadores da oposição enfrentam problemas semelhantes.
17/10/2001
Agência Senado
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