SUPLICY CONTESTA DECLARAÇÕES DE ACM SOBRE MST E UDR



Líder do Bloco Oposição, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) manifestou hoje (dia 15) sua discordância com a posição do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, favorável à extinção do MST e da UDR. "Estranho que o presidente do Congresso use sua autoridade para fazer tal declaração", disse o parlamentar, observando que a declaração não condiz com a tradição democrática do Legislativo.

Ele citou o artigo 5º da Constituição para lembrar que as associações só poderão ser dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado. Ele sustentou que o Movimento dos Trabalhadores sem Terra tem natureza completamente diferente da União Democrática Ruralista.

- Desde sua criação, o MST tem cumprido um papel de organização e de mediação importantíssimo, muitas vezes coordenando esforços para que as manifestações sejam pacíficas e sem violência - assinalou.

Testemunhando a atuação responsável dos integrantes desse movimento, Suplicy disse que no enterro dos líderes Fusquinha e Doutor foram silenciosas as demonstrações de repúdio contra a violência de que foram vítimas. Ele lembrou que Darcy Ribeiro e Celso Furtado declararam ser o MST o movimento social mais importante da história do Brasil, e comentou: "graças a Deus, o MST existe, porque é o principal mediador nos conflitos e principal interlocutor do governo para assuntos de reforma agrária".

Suplicy também afirmou que não se resolve um conflito destruindo seus conflitantes e suas entidades de representação. Ele insurgiu-se ainda contra o exemplo mencionado pelo presidente do Senado - a extinção da Frente Nacionalista e do Clube da Lanterna por Juscelino Kubistchek. "A comparação com JK não procede. A Frente Nacionalista e o Clube da Lanterna continuaram existindo. Não vamos confundir alhos com bugalhos, muito menos sem terra com lanterna", disse.

15/04/1998

Agência Senado


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