Suplicy encerra debates na Jornada de Literatura de Passo Fundo



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) encerrou o último dia de debates da Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo (RS). Para um público de aproximadamente 4 mil pessoas, Suplicy defendeu sua idéia de uma renda básica de cidadania e falou de seu livro Renda de Cidadania - a saída é pela porta, que autografou após o debate.

O parlamentar afirmou que sua idéia - dar a cada cidadão uma quantia fixa mensal, como garantia de sobrevivência, independentemente de raça, religião ou sexo - permite que todos partilhem da riqueza da nação e, assim, sejam incluídos na sociedade. De acordo com Suplicy, sua proposta, se adotada, irá erradicar a fome e a miséria no Brasil. Sua proposta se inclui no tema da Jornada: -Vozes do Terceiro Milênio - a arte da cidadania-.

Em sua fala, de quase uma hora, o senador narrou a experiência adotada no estado norte-americano do Alasca, onde a distribuição entre a população de 6% de seu Produto Interno Bruto (PIB) fez a região se tornar a mais igualitária de todos os Estados Unidos. Suplicy exemplificou que, de 1989 a 1999, a renda média dos 20% dos norte-americanos mais ricos cresceu 26%, enquanto a dos 20% mais pobres aumentou 12%. Já no Alasca, estes números foram de 7% e 28%, respectivamente.

- Você, então, tem duas opções: ou muda para o Alasca ou pede aos deputados federais que aprovem minha proposta, já aprovada por unanimidade entre os senadores - disse o representante do PT à escritora Adriana Falcão, que participava do debate.

O parlamentar contou à platéia que o diplomata Sérgio Vieira de Mello - representante da Organização das Nações Unidas morto em atentado em Bagdá - propôs a adoção da proposta no Iraque, que foi bem aceita até pelos técnicos do Banco Mundial. Suplicy acrescentou que o administrador norte-americano naquele país, Paul Bremer, sugeriu aos administradores iraquianos a adoção da medida.

Suplicy citou vários autores e obras que, ao longo da história, defenderam a justiça social e a adoção de uma renda mínima, entre eles Aristóteles, Karl Marx, Thomas Morus e vários livros da Bíblia. Suplicy também leu e interpretou a letra da música O Homem na Estrada, cantada pelo grupo de rap Racionais MC, que fala da violência na periferia das grandes cidades.

O escritor Deonísio da Silva, mediador do debate, salientou ser a primeira vez que um senador compareceu à jornada. Em entrevista logo após seu discurso, o senador disse ter sido -uma experiência fantástica- participar do evento, para o qual disse que voltará sempre que for convidado. Em concordância com o tema da jornada, Suplicy disse ainda que a literatura pode incluir brasileiros na cidadania.

- Para que os brasileiros possam estar mais incluídos, precisam estar descobrindo as coisas, precisam estar descobrindo a verdade. E a leitura é uma das formas mais admiráveis e racionais de se estar incluindo a todos - afirmou o parlamentar.

Doação

O Senado Federal doou para a Biblioteca Central da Universidade de Passo Fundo (UPF) 82 volumes de obras publicadas por sua editora - entre elas, cinco em braile. Na solenidade, nesta sexta-feira (29), o Senado foi representado pelo diretor da Secretaria de Informação e Documentação (Sidoc), Paulo Afonso Lustosa de Oliveira.



29/08/2003

Agência Senado


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