Suplicy: guerra do Iraque já custa US$ 2 trilhões
Com base em artigo do Prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) protestou nesta quarta-feira (19) contra o alto custo da invasão do Iraque pelos Estados Unidos, iniciada há cinco anos, na madrugada de 20 de março de 2003. Esses custos, de acordo com estimativa "conservadora" de Stiglitz, feita em novembro, atingiam US$ 2 trilhões, mas em entrevistas concedidas para o lançamento de um livro sobre o assunto, o economista já fala em US$ 3 trilhões.
Stiglitz trabalhou com a pesquisadora Linda Bilmes, da Universidade de Harvard, para levantar as despesas não reveladas ou aquelas não levadas em consideração pelo governo George Bush. Os números oficiais do executivo situvam-se na casa dos US$ 500 bilhões. Para o Congresso dos Estados Unidos, o custo da guerra estaria naquele momento (novembro) em US$ 1,5 trilhão.
As estimativas oficiais não levam em consideração, no entanto, os custos crescentes de recrutamento, como o pagamento de prêmios individuais de incorporação de US$ 100 mil; os benefícios por incapacidade adquirida na guerra; os gastos de reposição dos equipamentos militares; a carestia provocada pelos preços do petróleo; os efeitos das incertezas sobre os investimentos; e as dificuldades de colocação dos produtos norte-americanos no exterior como retaliação pela política belicista de Washington.
"O que poderíamos comprar com esse dinheiro se o dedicássemos a outra finalidade?", pergunta Stiglitz, em seu artigo, para o qual também colaboraram os pesquisadores Anya Schiffrin e Izzet Yildiz. Os estudiosos observam que a ajuda dos norte-americanos para o conjunto de países africanos tem rondado os US$ 5 bilhões ao ano, o equivalente a menos de duas semanas de gastos diretos com a guerra do Iraque.
Para o Prêmio Nobel e seus colegas é absurdo o volume de recursos consumido na guerra quando os Estados Unidos estão precisando investir em educação e inovação tecnológica para vencer desafios num futuro próximo. "Por uma lasca desses US$ 2 trilhões, conseguiríamos garantir acesso à educação superior a todos os americanos habilitados", diz o artigo.
Em seu discurso, Suplicy também fez uma condenação da guerra como um recurso da Humanidade para vencer disputas. Citou diversas personalidades que se pronunciaram sobre o tema, como o Papa João Paulo II e Martin Luther King Jr, líder norte-americano na luta pelos direitos civis. O primeiro disse que "a guerra é sempre uma derrota da humanidade". Para Luther King, "uma nação que gasta mais dinheiro em armamento militar do que em programas sociais se acerca da morte espiritual".
Suplicy terminou seu discurso mencionando trecho da carta que Madre Tereza de Calcutá enviou, em 1991, ao então presidente dos Estados Unidos, George Bush (pai), e ao então presidente do Iraque, Saddam Hussein, alertando para os males que adviriam da guerra do Golfo: "Por favor, escolham o caminho da paz... Num curto período, pode haver vencedores e perdedores nessa guerra que abominamos. Mas jamais poderá nem nunca será justificada a dor e a perda de vidas que suas armas causarão".
19/03/2008
Agência Senado
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