SUPLICY LEVA MANIFESTANTES FERIDOS AO SERVIÇO MÉDICO
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) entrou hoje (dia 20) no plenário do Senado com três manifestantes, dois deles feridos em confronto com a Polícia Militar na frente do Congresso Nacional, e dirigiu-se correndo para o posto de serviço médico, ao lado do comitê de imprensa.
Emília Fernandes (PDT-RS), que acabara de encerrar pronunciamento sobre a aplicação dos recursos destinados a controlar os efeitos do El Niño, solicitou ao senador Geraldo Melo (PSDB-RN), na presidência dos trabalhos, que ele intercedesse no sentido de garantir que manifestações democráticas não fossem reprimidas com bombas de gás lacrimogêneo e espancamento de pessoas, como estaria ocorrendo.
Em resposta à senadora e à atitude de Suplicy, Geraldo Melo solicitou que os senadores se mantivessem nos limites da dignidade e do respeito, pois "este recinto não pode ser invadido, muito menos sob o patrocínio de um senador da República".
Quanto ao pedido feito por Emília Fernandes, Melo assegurou que "as vias públicas do Distrito Federal não são de responsabilidade do Senado". Ele afirmou ter "motivos para desconfiar de que confrontos dessa natureza não ocorreriam se as lideranças das manifestações populares se conduzissem apropriadamente e se privassem de invadir prédios públicos".
Suplicy tentou falar durante o depoimento do senador Esperidião Amin (PPB-SC), mas teve de aguardar sua hora, já que havia outros oradores inscritos. O senador Gilberto Miranda (PFL-AM) cedeu-lhe então a vez. O líder do Partido dos Trabalhadores, após narrar a agressão que sofreu por um cão da Polícia Militar (ver matéria nesta edição), disse que sua intenção não era desprestigiar o discurso de Amin, mas de mostrar que um senador fora mordido por um cachorro da PM.
Após dizer que autorizara o tratamento dos feridos, Geraldo Melo elogiou então a atuação parlamentar de Suplicy, dizendo não ter dúvidas das nobres intenções do senador. Ressaltou, contudo, que o Congresso Nacional não poderia se responsabilizar pelas taxas de desemprego - motivo do protesto que acontecia defronte o Congresso - nem por qualquer outra situação de crise.
- O fato expressa apenas um erro de julgamento lamentável da parte de uma autoridade policial - afirmou o presidente em exercício do Senado.
Geraldo Melo afirmou ser impossível, para o Senado Federal, interferir em qualquer operação prática de segurança pública., como também não pode autorizar a invasão do Congresso Nacional ou a depredação do patrimônio público. Lembrou que o governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, e seus auxiliares já devem instruir devidamente os policiais militares do DF.
Suplicy ainda afirmou que cabe ao Congresso Nacional a manutenção da ordem pública defronte à sua sede. Geraldo Melo disse que que nenhuma ordem específica foi dada neste sentido, mas que também o Senado não queria esquivar-se de qualquer responsabilidade.
20/05/1998
Agência Senado
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