SUPLICY RELATA CRISE NO PARANÁ



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse hoje (dia 19) que o ingresso do governador Jaime Lerner no PFL fez com que setores conservadores do latifúndio no Paraná se articulassem com a Secretaria de Segurança Pública daquele estado, começando a fazer prisões de líderes sem terra e despejos sem ordem judicial.

Ao relatar em plenário a crise que, em sua opinião, se agrava intensamente no Paraná, o senador assinalou que existem 100 áreas de conflito naquele estado, com 8 mil 800 famílias aguardando uma solução. Informou que a situação era tranqüila até recentemente, já que toda essas áreas estão contempladas com decreto ou processo de desapropriação, os quais, afirmou, o Incra vinha conduzindo bem. O senador disse que, desde o ingresso de Lerner no PFL, já foram feitos três despejos sem ordem judicial, "dois deles de madrugada, o que é proibido por lei".

Suplicy destacou ter informações de que o secretário de Segurança do Paraná envia listas de nomes de lideranças aos comandos da Polícia Militar para efetuarem prisões sem ordem judicial. Em virtude disso, prosseguiu, já existem 28 lideranças presas, em cinco municípios diferentes. O senador também informou que a cidade de Querência do Norte (PR) está, nesse momento, sitiada pela PM. E mais: quatro trabalhadores sem terra já foram assassinados naquele estado, este ano, "sem que haja processo e nenhum preso".

Ele salientou que o MST está orientando todas as famílias despejadas a se dirigirem para as igrejas ou para Curitiba. O senador exprimiu seu desejo de que "o governador Jayme Lerner procure manter um diálogo com os sem terra, levando em conta o desejo deles de serem assentados, e procurando ao máximo evitar a violência".

Em aparte, o senador Lúdio Coelho (PSDB-MS) afirmou que 146 propriedades foram invadidas no Paraná, a grande maioria de 200, 300 e 400 hectares. Assinalou ter a mesma preocupação de Suplicy com a violência no campo, comentando que, se houvesse respeito à lei, o poder público seria mais atuante para impedir a invasão de propriedades. "Tenho a impressão de que poderíamos, juntos, fazer uma reforma agrária sem violência",disse Lúdio Coelho.

19/09/1997

Agência Senado


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