SUPLICY, REQUIÃO E MELO DEBATEM MST



Diante das críticas e denúncias contra o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), em recente reportagem do jornal Folha de S. Paulo, os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Geraldo Melo (PSDB-RN) e Roberto Requião (PMDB-PR) apresentaram em Plenário, nesta sexta-feira (dia 10), opiniões diversas sobre o episódio. Enquanto Suplicy e Requião consideram regular o desconto, em favor da entidade, de 3% dos empréstimos obtidos pelos assentados, Geraldo Melo discorda desta prática.

Para Suplicy, a reportagem encerra um problema ético. Um jornal que sempre se pautou pela independência editorial ¾ segundo declarou ¾ deveria ter insistido em reembolsar as despesas de deslocamento do repórter, pagas pelo Incra, para afastar qualquer sombra de parcialidade.

O senador petista também contesta que a taxa de 3% destinada ao MST constitua financiamento público do movimento. "De acordo com parecer do jurista Miguel Reale, o dinheiro deixa de ser público ao ser retirado dos bancos oficiais pelos assentados", informou. Apesar de considerar legal o desconto, Suplicy sugeriu aos líderes da entidade que passem a cobrar contribuição dos assentados quando as atividades agrícolas começarem a gerar rendimentos.

A legitimidade do desconto promovido pelo MST sobre os associados é comparável, segundo Roberto Requião, ao desconto de R$ 350 que o PT faz nos contracheques dos parlamentares filiados ao partido. "É fundamental reconhecer que, sem o MST, não se faria mais reforma agrária no país", destacou Requião. A exemplo da senadora Heloísa Helena (PT-AL), o senador paranaense vê uma tentativa de setores da sociedade brasileira de "satanizar" o movimento.

O senador Geraldo Melo disse que o MST é hoje um agente de importantes mudanças na estrutura política e social do país, e que não se pode desmoralizá-lo apenas com suspeitas de desvios em projetos cooperativados. Mas também não concorda que a indignação de alguns frente às denúncias impeça sua apuração.

Geraldo Melo discorda de Suplicy, Requião e Heloísa, e considera a taxação dos empréstimos em 3% pelo MST como desvio de finalidade na aplicação dos recursos. "O percentual deve incidir sobre os rendimentos da atividade produtiva dos assentados", disse.

10/11/2000

Agência Senado


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