Sustentabilidade requer mudança de paradigma, afirma gestor
É possível aliar padrões econômicos e de consumo à sustentabilidade e conceber um futuro em que desenvolvimento, qualidade de vida e inclusão social caminhem juntos? A questão, sempre presente no debate científico atual, principalmente quando envolve mudanças climáticas, também integra as discussões do Seminário Brasil – Ciência, Desenvolvimento e Sustentabilidade e do Fórum Mundial de Ciência (FMC) 2013. Os eventos acontecem no Rio de Janeiro em dois momentos: de amanhã (21) até sexta-feira (22) e de domingo (24) a quarta-feira (27), respectivamente.
Na avaliação do secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, a solução tecnológica para um mundo sustentável - social, ambiental e economicamente - existe. “Se dá principalmente na transformação muito grande do sistema de produção, inclusive e essencialmente, no sistema de produção de energia”.
Em outras palavras, um mundo em que uma parte da energia que garantirá qualidade de vida à população global venha de fontes renováveis, que não emitem gases de efeito estufa ou emitam pouco. “E uma grande eficiência em todo o sistema em produzir qualquer bem e serviço que represente qualidade de vida para a humanidade”, diz o cientista.
De acordo com Nobre, alguns países da Europa, como a Suécia e a Alemanha, demonstram ser “perfeitamente exequível” continuar a se desenvolver economicamente, melhorar a eficiência da produção de bens e serviços, local e global, e ao mesmo tempo reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
“Infelizmente são poucos países [ainda]. O Brasil é o melhor exemplo hoje entre os países em desenvolvimento, porque conseguiu reduzir suas emissões rapidamente de 2005 até agora”, diz o secretário. “O que nós precisamos fazer é envolver todos os países do mundo nessa trajetória. Não há dúvidas de que a ciência e a tecnologia já demonstraram que é viável conciliar o uso sustentável dos recursos naturais, principalmente de energia com qualidade de vida e qualidade de vida para todos com inclusão social”.
Mudança de paradigma
Para o secretário, um mundo sustentável com 80% de redução nas emissões de GEE até 2050 é possível. A transição para este futuro próximo é que tem se mostrado “muito difícil”.
“A ciência e a tecnologia andaram mais rápido em buscar soluções do que a sociedade, globalmente, tem sido capaz de implementar essas soluções”, observa. “Então, depende muito de uma grande vontade, de uma grande conscientização global, de uma enorme decisão política e da sociedade para a trajetória de sustentabilidade”.
Por um lado, a sociedade se acostumou com um modelo industrial e de consumo que representa um alto volume de emissões de gases de efeito estufa, principalmente a energia oriunda de fontes fósseis: petróleo, carvão e gás natural.
Segundo Nobre, sair do atual modelo e entrar em outro de sustentabilidade tem sido “muito mais difícil do que se imaginava” quando foi assinada, em nível global, a convenção das mudanças climáticas no Rio de Janeiro em 1992. “Mas é urgente que encontremos maneiras de vencer essa resistência institucional e política e consigamos entrar na rota da sustentabilidade”, ressalta. “Quanto mais tempo demorarmos, mais estaremos comprometendo a qualidade de vida das gerações futuras do meio ambiente”.
Fonte:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
20/11/2013 18:39
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