Távola afirma que estabilidade veio para ficar



Apesar de alguns transtornos trazidos pela interrupção da queda nas taxas domésticas de juros e por uma onda de aumentos de preços de energia, combustíveis e tarifas públicas, a inflação brasileira não corre neste momento nenhum risco de explosão, na opinião do líder do governo no Senado, Artur da Távola (PSDB-RJ). O senador disse, no entanto, discordar da política de aumento de preços dos derivados de petróleo e de energia elétrica da maneira como vem sendo praticado.

Invocando raciocínio desenvolvido pelo candidato do PSDB à presidência da República, senador José Serra (SP), Artur da Távola disse que o procedimento mais correto, com relação aos preços dos derivados do petróleo no mercado interno, seria a adoção de uma metodologia que levasse em conta, na hora de se calcular o preço final, não somente a variação dos preços internacionais, mas também a produção interna da Petrobras, que responde por 80% do consumo nacional.

Essa produção - lembra o senador, citando o candidato do PSDB à presidência - tem custos em reais, e não em dólares. Assim, a variação dos preços externos do petróleo deve influenciar somente 20% dos preços domésticos do produto, já que esse é o percentual de importações para o abastecimento interno.

Artur da Távola entende, ainda, que embora tenha sido justo o aumento dos preços das tarifas de energia elétrica, que no Senado teve o seu apoio, o assunto poderia ter sido tratado de uma outra maneira, buscando-se outras alternativas.

Para o líder do governo no Senado, os anos eleitorais trazem em si uma enorme fonte de pressões e "há um visível conflito entre a classe política e a implacabilidade dos dados técnicos da economia". Isso é inevitável, observou, e deve haver um esforço no sentido de que se impeçam "certos aumentos de preços desnecessários", conduzindo-se a questão de outro modo. Há, segundo Artur da Távola, "formas menos traumáticas" para se conseguir os mesmos resultados econômicos que se quer obter pelos aumentos de preços e tarifas, que são soluções mais simplistas. Ele entende, contudo, que a posição do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter estável as taxas de juros foi correta, como medida cautelar contra a inflação. "A estabilidade monetária - afirma - veio para ficar".

Oferta

Para o senador Roberto Saturnino (sem partido-RJ), a atual política do governo comete grave equívoco ao buscar o controle inflacionário por meio do ajuste fiscal a qualquer custo e da manutenção de juros elevados. O governo, afirma, não consegue evitar aumentos de preços e de tarifas públicas. Para Saturnino, ainda virá aí, nos próximos dias, o que deverá incomodar ainda mais a população, um aumento das tarifas telefônicas, que já vem causando polêmica entre a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e o Banco Central.

Para Saturnino, a manutenção dos juros nos atuais patamares, de 18,5% (taxa Selic) ao ano, representa um desestímulo à produção. Na outra ponta, o governo está promovendo o ajuste fiscal, cortando investimentos sociais e contendo gastos, vale dizer, "reduzindo também os níveis de emprego na economia". O resultado disso, acrescentou, é um quadro recessivo. Controla-se a inflação, mas a um custo social extremamente elevado.

O senador defendeu uma política econômica que busque o controle da inflação mediante o aumento da oferta, e não o controle da demanda.

- Pela expansão da oferta - afirma - o país conseguiria gerar mais crescimento econômico, mais empregos e um menor nível de inflação.

Para Saturnino, a atual política econômica traça um quadro extremamente cruel e que corre ainda o risco de trazer de volta a inflação, à medida que o governo não consegue deter aumentos de preços e de tarifas de setores importantes na composição dos índices de preços.




19/04/2002

Agência Senado


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