Távola: distorções da sociedade de consumo explicam casos como o do índio Galdino Pataxó



O assassinato do índio pataxó Galdino de Jesus dos Santos, queimado por quatro jovens de Brasília, é um símbolo da falta de valores da sociedade atual, cujo comportamento é ditado pelo consumo. A análise foi feita pelo senador Artur da Távola (PSDB-RJ), que aproveitou o debate sobre o julgamento que resultou na condenação dos réus a 14 anos de reclusão, para refletir sobre as raízes das desigualdades brasileiras. Na avaliação do senador, apenas um longo processo de inserção educacional será capaz de acabar com as disparidades que produzem fatos como o do pataxó.

- O que há por dentro de um processo que leva segmentos das classes dominantes brasileiras a se sentir com força e poder a ponto de incendiar uma pessoa, - pobre, índio, negro, o que fosse - deitada, desprotegida à noite? O mesmo País que massacrou centenas de nações indígenas, autóctones, porque estavam aqui antes do Descobrimento, no fundo estava refletido no ato daqueles jovens - teorizou.

O senador aponta os valores impostos pela sociedade de consumo como causas de comportamentos extremos como o praticado pelos jovens de Brasília, em abril de 1997. Ele sustenta que a evolução tecnológica observada no país, desde a metade do século passado, provocou mudanças de comportamento. "É uma sociedade que não carrega valores de vida, mas ela necessita desses valores de vida", sintetiza o senador. E para ele, apenas a educação terá a capacidade de reverter este quadro.

- Diante de uma sociedade tão vertiginosa, tão sedutora, tão carregada de bens, o ser humano precisa de cada vez mais inteligência, mais lucidez, mais valores, que não são mais adquiridos quando se está adulto, a não ser por um esforço pessoal formidável e dignos de elogios. Eles são adquiridos na escola - afirmou.

O caso do índio Galdino insere-se, na avaliação de Artur da Távola, em "um caldeirão de complexidades". O preconceito racial, muitas vezes citado em análises sobre o caso, talvez não seja maior do que o desprezo pelos excluídos da sociedade, avaliou o senador.

Em aparte, o senador Iris Resende (PMDB-GO) apoiou o pronunciamento de Artur da Távola.

12/11/2001

Agência Senado


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