Marina Silva cobra justiça em julgamento de acusados pela morte de índio pataxó



A senadora Marina Silva fez um apelo em Plenário, nesta quinta-feira (8), para que se faça justiça, "não como um gesto de vingança, mas de amor", ao final do julgamento dos cinco jovens envolvidos no assassinato do índio pataxó Galdino Jesus dos Santos. Na sua opinião, alegar que os acusados não agiram intencionalmente ao jogar álcool e atear fogo ao corpo do índio, na madrugada de 20 de abril de 1997, "é não querer ver ou, no mínimo, distorcer a realidade".

Marina Silva disse que "até uma criança de seis, sete anos já sabe que não pode tocar fogo em uma pessoa", sustentando que os jovens, de famílias de classe média de Brasília, tinham plena consciência do que é certo ou errado. Segundo Marina, só o fato de eles terem decidido comprar álcool em um posto após avistarem Galdino dormindo em uma parada de ônibus revela indícios de que a execução do crime foi planejada.

A senadora também considerou o argumento usado pelos acusados para justificar o crime como "tão dramático e assustador" quanto o próprio ato. "Os jovens disseram que não sabiam que se tratava de um índio, mas de um mendigo", relatou, questionando se existe diferença em um ser humano de uma ou outra condição. Para a senadora petista, esse caso leva a uma profunda reflexão sobre os valores que a sociedade está construindo e que servem de referencial para juventude.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também se insurgiu contra os argumentos da defesa, que tenta classificar a morte do índio como um ato de natureza culposa (sem intenção). "Que importante seria se esses jovens assumissem a responsabilidade pelo crime e advertissem outros a pensarem muito antes de tomar atitudes que possam levar a outras tragédias", declarou.

08/11/2001

Agência Senado


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