Tebet: um país não pode ser governado apenas por números



O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) chamou a atenção do Plenário, nesta sexta-feira (14), para a crise social enfrentada pelo Brasil e disse que as autoridades devem ter sensibilidade para perceber que "não é só com política fiscal que vão governar o país". Na avaliação do senador, "um país não pode ser governado apenas monetariamente, por números".

Tebet referiu-se ao aumento do desemprego e à violência que tem atingido, inclusive, pequenas cidades, e citou dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que 62% das cidades entre 100 mil e 500 mil habitantes já abrigam favelas. Ele lembrou informação levada a Plenário pelo senador Cristovam Buarque (PT-DF) de que 30 milhões de brasileiros moram em favelas, 17 milhões são analfabetos e 4 milhões não têm terra.

O senador destacou que é a favor do equilíbrio fiscal e do controle da inflação, mas disse que não se pode olhar apenas para as contas. É necessária, acrescentou, a adoção de medidas efetivas que permitam o crescimento do país.

- Parece que só se fala em números, só se fazem contas neste país. Isso está errado. É claro que temos que pagar as nossas contas. Vamos pagá-las dentro dos limites. Vamos evitar os gastos exagerados, economizar e aplicar em benefício da nação. Precisamos ter segurança para que haja investimentos e isso se dá através de uma política efetiva - defende Tebet.

Depois de observar que há divergências entre os tecnocratas e políticos, e que estes últimos têm sensibilidade para os problemas sociais, o senador sugeriu que o governo ouça o Senado sobre as grandes questões nacionais. Tebet apoiou a proposta do senador Alberto Silva (PMDB-PI), feita em aparte ao seu discurso, para que um grupo de senadores leve ao presidente da República sugestões para a melhoria da ação administrativa.

O senador disse concordar com a opinião da jornalista Miriam Leitão, em artigo publicado no O Globo desta sexta-feira, quando diz que o país nunca esteve, do ponto de vista dos indicadores econômicos, tão forte diante de uma crise externa como está neste momento. A jornalista registrou que o Brasil foi o país que mais piorou no que se refere ao risco-país na última quarta-feira (12) e disse que "o temor é que o Brasil se transforme em um país onde as decisões são tomadas de forma atabalhoada, emocional e arbitrária". Miriam Leitão dá o exemplo da expulsão do jornalista The New York Times e acrescenta que "a democracia, o respeito às leis, a liberdade de imprensa não são ativos apenas políticos", porque "ajudam a criar o ambiente amigável ao investimento, que atrai capital estrangeiro e estimula o capital nacional.

Para Tebet, por mais que haja um esforço do presidente da República, a política do governo continua atabalhoada. Depois de lembrar que o presidente Lula da Silva, na última reunião do Conselho de Segurança Alimentar, reclamou mais eficiência dos ministros, o senador disse que "é preciso que a vontade do comandante seja respeitada, seja cumprida".

O discurso de Tebet recebeu apartes também dos senadores José Jorge (PFL-PE), Mão Santa (PMDB-PI) e Cristovam Buarque.



14/05/2004

Agência Senado


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