Tecnologia diferencia carvão de florestas naturais e plantadas



Uma técnica que vem sendo estudada pelo Laboratório de Produtos Florestais (LPF) do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) poderá auxiliar no combate à produção ilegal de carvão, ao conseguir distinguir se sua origem é de florestas nativas ou plantadas.

Com o uso da espectroscopia de infravermelho próximo, que avalia a absorção ou reflexão da energia emitida pelo material analisado, pesquisadores conseguiram diferenciar amostras dos dois tipos de carvão.

Foram utilizadas amostras de eucaliptos – sendo de três espécies puras (sem modificação genética) e 13 que tinham melhoramento genético – além de duas espécies nativas do Cerrado, o carvoeiro e o ipê. “Conseguimos separar em 100% o carvão produzido com madeiras de florestas plantadas e nativas”, afirma a química Tereza Cristina Monteiro Pastore. O estudo foi publicado na Química Nova, em 2010.

Segundo Tereza, os resultados ainda estão em âmbito de laboratório, mas indicam a possibilidade de a técnica se tornar uma nova ferramenta para auxiliar em trabalhos de fiscalização, seja em barreiras em rodovias ou na elaboração de laudos periciais, por exemplo.

Um de seus principais benefícios seria ampliar as formas de diferenciar madeiras e carvões e facilitar o acesso desse conhecimento a mais profissionais que atuam no combate a crimes ambientais. “A espectroscopia de infravermelho é uma maneira de disseminar esse conhecimento, pois é uma técnica que é instrumental, que utiliza aparelhos, e não visual”, afirma. Atualmente, é necessário que os agentes saibam identificar, sem o auxílio de equipamentos, ou seja, apenas visualmente, as diferentes espécies.

Para que a tecnologia chegue ao uso na prática, são necessários estudos com mais espécies, além da criação de um banco de dados amplo sobre cada madeira. Um dos problemas envolvendo carvão é produzi-lo ilegalmente a partir de florestas nativas como se fosse de florestas plantadas.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011 foram produzidos mais de 5 milhões de toneladas de carvão, sendo 75,3% provenientes da silvicultura e 24,7% da extração vegetal.

Saiba mais
A espectroscopia já é bastante usada no segmento de florestas plantadas para detectar a quantidade de celulose e lignina na madeira e, assim, auxiliar em processos industriais de fabricação de polpa de celulose.

Porém, a espectroscopia ainda é uma tecnologia nova quanto se fala em florestas nativas. O LPF começou, de forma pioneira, a pesquisar o uso dessa tecnologia nessa área, voltado para a diferenciação de madeiras que, a olho nu, são facilmente confundidas, como as do mogno, do cedro, da andiroba e do curupixa. O estudo foi publicado no International Association of Wood Anatomists (IAWA) Journal.

A principal aplicação desse conhecimento está em ações de fiscalização, para que o agente consiga identificar a madeira e detectar fraudes como o transporte ilegal de uma madeira como se fosse de uma espécie autorizada.

A técnica também já foi usada em estudos sobre durabilidade natural da madeira, para avaliar a perda de celulose e lignina em amostras atacadas por fungos realizadas no âmbito da Universidade de Brasília (UnB) com coorientação do LPF. Outra aplicação está em pesquisas sobre resistência física de produtos feitos com madeira, para acompanhar o rompimento da linha de cola de painéis, por exemplo.

Fonte:
Serviço Florestal Brasileiro



25/10/2013 19:02


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