Teotônio Vilela Filho diz que PT deve aprender a praticar a democracia



Fatos recentes indicam uma tendência clara da vocação autoritária do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A opinião é do senador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL) e está expressa no artigo "Mas logo no Gabão?", publicado no O Jornal, de Maceió, na edição de 25 de agosto. Para o senador, o PT precisa aprender a praticar a democracia.

Embora já se admita crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, superior ao projetado pelo governo, e que, segundo o senador, decorre do esforço próprio do país, o governo federal, observou ele, "sempre encontra uma trapalhada adicional".

Na relação de condutas inadequadas por parte do governo federal nos últimos dias, o senador lembra, em seu artigo, a "defesa estapafúrdia" do Conselho Federal de Jornalismo, que, em sua avaliação, embute ameaças veladas à liberdade de expressão, seguida da declaração do presidente Lula da Silva de que seriam "covardes" os jornalistas que "tiveram o bom senso de não defender essa patuscada do governo".

Depois disso, lastimou Teotônio Vilela Filho, o próprio presidente defendeu a viagem ao Gabão e "a ditadura decenária do país" com uma afirmação que o senador considera de gosto discutível - a de que "teria ido aprender como ficar 37 anos no poder".

Para o parlamentar, a viagem ao Gabão poderia até ser justificada por interesses comerciais que o país às vezes prioriza em detrimento da coerência política ou ideológica, mas um presidente, segundo ressaltou, não pode despir-se do que o ex-presidente da República e hoje presidente do Senado José Sarney chama de "liturgia do cargo".

Mas a maior "trapalhada" do governo federal, opina o senador em seu artigo, foi a decisão de conferir status de ministro de Estado ao presidente do Banco Central. Teotônio Vilela Filho considera "casuísmo" a apresentação de proposta nesse sentido dissociada de qualquer iniciativa de fortalecimento e de autonomia do Banco Central, que ele diz defender. O senador observou que 13 ex-presidentes do BC respondem, neste momento, a processos judiciais sem que nenhum presidente da República até agora tenha cogitado conferir-lhes status ministerial.

- O PT precisa aprender a praticar a democracia. Muitos petistas sempre pareceram desprezar a Justiça e seus julgamentos, com direito à defesa e ao contraditório. Na oposição, eles dispensavam julgamento para condenar e execrar adversários. Agora, também dispensam. Mas para proteger e absolver os companheiros. Um cursinho de democracia não faria mal a nenhum deles. Pena que o presidente Lula foi aprender logo no Gabão - afirmou.



20/09/2004

Agência Senado


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