Tereza Grossi e Fraga confirmam possibilidade de crise sistêmica em janeiro de 1999



O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, e a diretora de Fiscalização da instituição, Tereza Grossi, confirmaram, na audiência pública realizada pelas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Fiscalização e Controle (CFC), que a quebra dos bancos Marka e FonteCindam poderia representar uma situação de crise sistêmica no sistema financeiro nacional, que justificou a operação de ajuda que custou US$ 1,6 bilhão ao BC em janeiro de 1999.

Tereza Grossi repetiu a versão apresentada à CPI do Sistema Financeiro de que fez contatos junto à Bolsa de Mercadorias e de Futuros (BM&F;) para que fosse fornecida uma carta ao BC confirmando o risco de crise sistêmica, sem citar nominalmente os riscos das posições assumidas pelo Marka e pelo FonteCindam.

Em resposta à senadora Heloísa Helena (PT-AL), Tereza Grossi relatou que foi a diretoria do BC que decidiu socorrer os bancos com base na carta da BM&F;, que só chegou ao BC um dia depois de tomada a decisão. A diretora do BC sugeriu que os senadores ouvissem os diretores do BC à época para saber o porquê da opção por vender dólares por preço inferior ao praticado pelo mercado ao Marka e ao FonteCindam.

- Concordo que o meu depoimento não guarda semelhança com a documentação; pelo contrário. Talvez as pessoas que devessem prestar esses esclarecimentos sejam outras. Somente os diretores da época podem esclarecer - afirmou Tereza Grossi que só assumiu o cargo de diretora após a crise e da demissão do então presidente do BC, Francisco Lopes.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) lamentou que Justiça não tenha julgado o caso até o momento, apesar de os documentos não confirmarem os fatos apresentados por Tereza Grossi.

- As atas e documentos mentem fragorosamente. (Francisco) Lopes não tinha nem carta nem parecer para tomar decisão. Essas providências só foram tomadas para fechar o buraco do que ele tinha feito. E o pior é que os fatos envolvem a BM&F; - afirmou Simon.

Assim como o senador Paulo Hartung (PPS-ES), Armínio Fraga disse ter esperança que a Justiça consiga chegar a conclusões sobre o caso para que o BC se fortaleça.

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05/06/2001

Agência Senado


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