Tesoureiro do PT será ouvido na CDH sobre caso Bancoop



A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) vai acompanhar o caso da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), acusada pelo Ministério Público de São Paulo de lesar associados e praticar fraudes que mascararam desvio de recursos para empresas dos próprios dirigentes e também para campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores (PT). Pelo requerimento aprovado nesta quarta-feira (17), do senador Papaléo Paes (PSDB-AP), serão ouvidos pela comissão os principais citados nas investigações, a começar pelo ex-presidente da Bancoop, João Vaccari Neto, atual tesoureiro do partido.

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Participaram da reunião cerca de 30 dirigentes de associações de compradores de imóveis prejudicados pela Bancoop, acompanhados de advogados.Ao fim, eles tiveram ainda a confirmação de que a CDH vai realizar diligência em São Paulo, para avaliar in loco a situação dos cooperados.O requerimento para a diligência foi apresentado pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI) e assinado por outros senadores. A comissão ainda definirá os senadores que farão a visita, bem como a data da viagem.

Além de Vaccari, devem ser ouvidos ainda, em datas diferentes, o promotor José Carlos Blat, que conduziu as investigações pelo Ministério Público, e Lúcio Bolonha Funaro, corretor de câmbio que intermediou operações para dirigentes da Bancoop. A pedido do presidente da CDH, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), foi incluído ainda entre os convidados o advogado da Bancoop, Pedro Dallari.

A oposição marcou presença na reunião, garantindo número para abertura dos trabalhos e votação dos requerimentos. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou que as denúncias são graves e seria o caso de se instalar uma CPI, não fosse a resistência do governo, como salientou, a qualquer investigação que alcance pessoas que são próximas, como seria Vaccari Neto.

- Qualquer pessoa séria, quando exposta a uma acusação, não precisa ser convocada: ela se apresenta. E CPI, aqui não adianta mais pedir. Estamos vendo a desmoralização desse instrumento e a preponderância da tática do silêncio - disse Arthur Virgílio.

A reunião começou com longo debate sobre o encaminhamento dos trabalhos. A oposição queria votar logo os dois requerimentos, mas cedeu ao apelo de Cristovam para que fossem votados à frente outros que já estavam em pauta. Cristovam também ponderou que havia encontrado pouco antes com a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), dela ouvindo que o governo tem interesse de avaliar o caso Bancoop na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Ao fim, houve acordo para a realização de audiências conjuntas, caso a CMA também aprove requerimentos com a mesma finalidade.

José Agripino (DEM-RN) apoiou a idéia da visita a São Paulo, para uma avaliação de perto dos fatos. "Tem muita coisa nessa caixa preta e essa viagem será um bom início para entendermos os problemas de brasileiros que foram lesados de forma criminosa", afirmou. Mário Couto (PSDB-PA) manifestou dúvida sobre os resultados das investigações: "o governo não deixa; é uma ditadura".

Único integrante da base do governo na reunião, onde permaneceu até a votação do primeiro requerimento, Paulo Paim disse ter sido "alertado" de que os debates que ali se desenrolariam teriam objetivos eleitorais. Observou, no entanto, que comparecia com um único espírito: ouvir os que se sentem prejudicados pela Bancoop. Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que é preciso acabar com a idéia de falta legitimidade às iniciativas de fiscalização em ano eleitoral.

- Ano de eleição não deve servir para a impunidade. Ao contrário, é para combater a corrupção e as falcatruas - disse.

Cícero Lucena (PSDB-PB) sugeriu investigar se a Bancoop atuou ainda em outros estados, além de São Paulo. Para Jereissati, o país está diante de uma dos seus "mais graves escândalos", tendo em vista que os fatos foram praticados contra pessoas simples em busca do sonho maior do brasileiro, que é a compra da casa própria. Ele pediu a imediata intervenção na Bancoop.

Gorette Brandão/ Agência Senado



17/03/2010

Agência Senado


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