Testemunha voltou atrás depois de revelar esquema de propina em São Paulo



Segundo o promotor de Justiça de São Paulo Sílvio Antônio Marques, o ex-gerente financeiro da filial da empreiteira Mendes Júnior em São Paulo, Simeão Damasceno de Oliveira, depôs espontaneamente em fevereiro de 2002, revelando então o esquema de pagamento de propinas que envolveria os ex-prefeitos de São Paulo Paulo Maluf e Celso Pitta. Mais tarde Simeão teria desmentido, em depoimento registrado em cartório, as informações dadas às investigações do Ministério Público paulista.

De acordo com Marques, Simeão se dizia perseguido pela Mendes Júnior e procurou a promotoria -por querer justiça e evitar que fosse injustiçado-. O ex-funcionário da empreiteira tem depoimento marcado para a tarde desta sexta-feira (15) na CPI do Banestado.

- Ele não foi vítima de pau-de-arara, não. Acredito que ele vá voltar atrás em algum momento e recuar do depoimento que fez em cartório, até porque sua atitude não adiantou nada. As investigações continuaram e, agora, não temos apenas o depoimento do Simeão, mas de várias outras testemunhas, que levaram a provas materiais - disse o promotor.

A constatação de que Simeão mostrou o caminho da corrupção na prefeitura, segundo o promotor, está no fato de o Tribunal de Justiça de São Paulo aprovar a continuidade das investigações, por meio da concessão da quebra de sigilos bancários, solicitada pela Promotoria, de pessoas e empresas.

- O tribunal indeferiu recursos dos envolvidos, por entender que as provas, excluindo o depoimento do Simeão, eram suficientes, decretando ainda a quebra de sigilo dos laranjas. O seu depoimento foi confirmado pelas investigações - relatou.

Segundo Marques, o escrivão do cartório em que Simeão registrou o depoimento contraditório ao apresentado ao Ministério Público disse à Promotoria que um advogado de Maluf encaminhou Simeão ao cartório. Da mesma maneira, revelou Marques, Nicéa Camargo - que também será ouvida pela CPI -, que foi casada com Pitta, disse ter sido procurada para retirar suas acusações.



15/08/2003

Agência Senado


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