Tião Viana acha impossível barganha de voto na decisão sobre CPMF
Questionado pela imprensa, na manhã desta sexta-feira (7), sobre a possibilidade de o governo passar o fim de semana barganhando votos para garantir a prorrogação da CPMF, o presidente interino do Senado, Tião Viana, considerou isso inviável. Está marcada para terça-feira (11) a votação, em primeiro turno, da proposta de emenda à Constituição (PEC) destinada a prorrogar a vigência desse tributo, e governo e oposição brigam por votos a favor e contra a matéria.
-Não vejo como possível alguém pretender trocar voto por algum favor pessoal e alguém querer conseguir voto desviando-se eticamente. Por outro lado, acho possível termos um Parlamento sendo reconstruído a partir de bons parâmetros de ética e de negociação política à luz do dia, como um direito legítimo nas relações democráticas.
O presidente interino reconheceu que prossegue uma intensa disputa entre governo e oposição pelos votos nessa matéria, mas disse que as duas partes estão agindo dentro das regras democráticas. Quanto ao resultado desse embate, disse que, como presidente da Casa, não lhe compete opinar.
- Vou conduzir o processo dentro da legalidade e do regimento. Vamos aguardar para ver quem vai vencer esse cabo de guerra que se instalou. O que se percebe é que o governo já tem hoje consolidados quarenta e seis votos. Teria portanto que fazer uma busca de mais três votos para aprovar a CPMF. E a oposição persiste tentando enfraquecer o governo. O debate hoje é basicamente de número e de esforço. Vamos aguardar. Só no último segundo da apuração do painel é que se vai saber quem venceu essa disputa.
Questionado se não está na hora de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sair do Palácio para ir negociar com os senadores, Tião Viana disse que isso depende exclusivamente do chefe do Executivo.
- Com a palavra, o presidente Lula. Eu não vou aconselhá-lo sobre voto no Senado. Esse assunto é dele com a base do governo. Meu papel agora é de garantir o equilíbrio e assegurar o processo legal.
Os jornalistas também lhe perguntaram sobre as críticas que o presidente Lula vem fazendo aos senadores contrários à prorrogação da CPMF.
- A oposição ataca dez vezes o presidente. Se ele não tiver o direito, num país democrático, de reagir uma vez ou outra, nós estamos querendo o quê? A mordaça para o presidente e a liberdade de ataque para a oposição? Não deve ser assim. O que temos é de nos acostumar com o fato de que a oposição tem o direito sagrado de criticar e o presidente tem o direito sagrado de reagir.
Antes de encerrar a entrevista, o presidente interino do Senado voltou a dizer que essa votação pode perfeitamente processar-se dentro de padrões éticos.
- Eu só tenho certeza de que o assunto CPMF não precisa envolver qualquer desvio de ordem ética para o convencimento de senadores. Estamos tratando de um assunto que é de interesse da Nação, que é de interesse de toda a sociedade brasileira. A vitória ou a derrota nessa questão não precisa passar por caminho tortuoso.
07/12/2007
Agência Senado
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