Tião Viana diz que não arrisca placar sobre CPMF
O presidente interino do Senado, Tião Viana, considera normal o acirramento dos ânimos às vésperas da votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Mantém seu entendimento de que a matéria deve ser votada no dia 14 de dezembro e não arrisca um placar sobre essa decisão. "Não, não, aí é imprevisível o resultado", disse ele, ao chegar nesta sexta-feira (30) ao Senado.
A primeira pergunta feita a Tião Viana foi sobre declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em discurso no Espírito Santo, afirmou que o DEM torce para as coisas não darem certo no Brasil e que os que têm medo da CPMF são os sonegadores. O presidente interino do Senado foi indagado se isso não contribui para esquentar mais ainda o ambiente que precede a votação dessa matéria no Senado.
- O presidente Lula seguramente falou no contexto dessa disputa entre a base do governo e a oposição pela CPMF. O presidente entende que o Brasil está tratando de uma matéria que diz respeito a quarenta bilhões de reais que, se não forem aprovados, significarão, sim, um desequilíbrio orçamentário. Ele entende que os programas de saúde e os programas sociais nos estados, nos municípios, na área federal dependem desse imposto a curto prazo. Por essa razão, ele reagiu tão duramente, e a oposição prontamente respondeu. Eu acho que é o jogo político. Assim vai o debate democrático - disse.
- Mas, presidente, a situação já está delicada. Esse comentário não joga mais lenha na fogueira? - indagou-lhe uma jornalista.
- Isso é da natureza da fogueira. Infelizmente, a política não se faz apenas com a brisa. Às vezes, vem vento forte, às vezes, vem tempestade, às vezes, vem a acidez da relação entre as partes divergentes. Isso é normal - afirmou ainda.
Na opinião de Tião Viana, as palavras de Lula, que levaram o DEM a emitir nota dizendo que o governo trata a oposição de forma arrogante e autoritária, não tiveram o propósito de ofender, pois foram pronunciadas no âmbito do jogo político.
- Quantas vezes os ataques da oposição não foram infinitamente mais intensos que esse ataque que o presidente fez aos democratas? - observou.
- Não faltou espírito natalino ao presidente Lula? - indagaram-lhe ainda.
- Eu acho que o momento tensiona as relações entre base do governo e oposição. Como eu digo, a corda está esticada ao máximo e ela vai assim até o último segundo da votação - afirmou.
Tião Viana também lembrou que termina segunda-feira (3) o primeiro turno de discussão da PEC que prorroga a cobrança da CPMF. Explicou que, se forem mantidas as emendas apresentadas até agora ao texto, a matéria voltará para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), e, dependendo de entendimentos entre o presidente do colegiado, senador Marco Maciel (DEM-PE), e o relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), pode retornar ao Plenário até quinta-feira (6).
- Então a CPMF pode ser votada na próxima semana?
- Tudo depende de acordo entre os líderes, embora eu trabalhe sempre com a data previsível do dia 14 de dezembro. A minha data com segurança regimental é em torno do dia 14 de dezembro.
30/11/2007
Agência Senado
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