TIÃO VIANA APRESENTA POSIÇÃO DAS COMUNIDADES INDÍGENAS NA FESTA DOS 500 ANOS



O senador Tião Viana (PT-AC) leu nesta terça-feira (dia 18) em plenário carta do líder indígena Sebastião Manchinery, da tribo Manchinery, do município de Sena Madureira (AC), na qual são expostos os sentimentos dos índios em relação às comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil pelos portugueses.- Comemorar os 500 anos significa apoiar a invasão de nosso território, desrespeitar a memória de nossos antepassados, legitimar a violação dos nossos direitos e negar a liberdade, a vida como povo indígena que somos. Pois este pedaço de chão em que um dia reinou a liberdade e o direito natural do homem sobre o universo, foi violado e as populações que aqui habitavam, subjugadas e condenadas - escreveu Manchinery.Tião Viana continuou a leitura da carta, na qual o líder indígena denuncia as "formas silenciosas de morte" trazidas pelos europeus, os massacres, a cruz da religião e a espada que feriram seus antepassados, as atrocidades e a escravidão que exterminaram centenas de povos que resistiam ao regime de servidão. "Após 500 anos, não são mais os bandeirantes e sim as empresas madeireiras e mineradoras, respaldadas pelos poderes Legislativo, Judiciário e, em grande parte, pelo Executivo", afirma o líder indígena.Sebastião Manchinery escreveu ainda que as comemorações dos 500 anos servirão apenas para fortalecer atores sociais não indígenas que se apropriam do espaço e buscam respaldar suas ações usando nomes dos povos indígenas.O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que o depoimento trazido a plenário por Tião Viana é de grande profundidade e que o Senado precisa estar atento às reivindicações dos índios. "Os colonizadores introduziram uma série de sistemáticas que nos deixaram nessa situação de desigualdade e injustiça em relação aos povos indígenas e negros", analisou. A senadora Heloísa Helena (PT-AC) disse que nada reflete melhor o abismo entre a realidade dos índios e os festejos oficiais do que o ataque sofrido na noite desta segunda-feira (dia 17) pelos Pataxós, em Porto Seguro (BA). Segundo a senadora, cerca de 200 Pataxós foram emboscados por 40 pistoleiros, que teriam ferido dois índios e estariam mantendo outros 22 em cárcere privado.

18/04/2000

Agência Senado


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