Tião Viana chama a atenção para a violência contra as mulheres



Ao registrar nesta segunda-feira (25) a passagem do Dia internacional de Combate à Violência contra a Mulher, o senador Tião Viana (PT-AC) apresentou ofício indicando a advogada Nazaré Gadelha como candidata ao Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz, destinado a agraciar as mulheres que se destacam no país por sua contribuição à defesa dos direitos da mulher.

O senador justificou a indicação lembrando a trajetória de lutas da advogada acreana, nascida no Seringal Albraça, na cidade de Xapuri, -cuja vida tem sido dedicada à defesa inconstitucional dos direitos humanos-.

Nazaré Gadelha, informou o senador, é coordenadora do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Diocese (CDDHD), no Acre, desde 1990 e, ao longo desse tempo, tem recebido inúmeras ameaças de morte devido a sua atuação em processos de abuso de autoridade, maus tratos a crianças, adolescentes e mulheres, abuso sexual e violência doméstica. Como reconhecimento pelo seu trabalho, a advogada recebeu no ano passado o prêmio Centro-Sul de Lisboa e neste ano o Prêmio Cláudia 2002 de Mulher do Ano.

Tião Viana ressaltou que a violência de gênero é um fenômeno que se verifica em muitas culturas, citando como exemplo o recente concurso de Miss Universo, que seria realizado na Nigéria, mas acabou provocando uma guerra santa entre cristãos e muçulmanos que resultou em cerca de 200 mortos e 600 feridos.

- A dificuldade de lidar com as diferenças, com o outro, é um dos grandes desafios que ainda hoje se colocam para a humanidade - afirmou.

O senador citou dados sobre a violência contra a mulher, lembrando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a violência doméstica como um problema de saúde pública, pois além de afear a integridade física e a saúde mental das mulheres, tem graves conseqüências econômicas, como a diminuição do PIB, devido à falta ao trabalho, à diminuição da produtividade e ao período em que as vítimas ficam na dependência da seguridade social. O Banco Mundial estima que a violência dentro da família seja responsável por 20% de cada cinco dias de trabalho perdidos pelas mulheres, informou.

Com base em dados de pesquisa realizada pela Sociedade Mundial de Vitimologia, sediada na Holanda, Tião Viana disse que a violência doméstica na América Latina atinge de 25% a 50% das mulheres, a um custo de 14,2% do PIB, ou cerca de US$ 168 bilhões. O Brasil deixa de aumentar em 10% o PIB em decorrência da violência contra a mulher, disse o senador. A mesma pesquisa revela que 23% das mulheres brasileiras estão sujeitas à violência doméstica. A cada quatro minutos uma mulher é agredida em seu próprio lar por alguém com quem mantém relações de afeto.

Outro levantamento, assinalou o senador, realizado por um consórcio de organizações não governamentais, revelou que a cada 15 segundos uma mulher brasileira é espancada. Segundo o relatório, as estatísticas disponíveis e os registros nas delegacias especializadas de crime contra a mulher demonstram que 70% dos incidentes ocorrem dentro de casa e que o agressor é o próprio marido ou companheiro. Mais de 40% das agressões resultam em lesões corporais graves.



25/11/2002

Agência Senado


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