Tombini prevê déficit público menor em 2013



O déficit público nominal brasileiro – resultado da diferença entre as despesas e a arrecadação, incluídos os juros – poderá ficar abaixo de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, segundo previu o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Em audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ele citou a tendência de declínio do déficit como parte de um conjunto de medidas que têm ajudado o Brasil a enfrentar com sucesso a crise internacional.

- A conta de juros, que estava em 6% do PIB, vem caindo, e há projeções para 2012 de queda de quase dois pontos percentuais do PIB. Tivemos um déficit nominal de 2,6% do PIB em 2011. Até abril, o déficit esteve em 2,4% do PIB, e podemos ter um déficit mais próximo de 1% para o ano – afirmou Tombini, em resposta a uma pergunta sobre a gerência da dívida feita pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ao final da audiência pública, que foi presidida pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS).

No início da audiência, o presidente do Banco Central informou que as reservas internacionais brasileiras estão calculadas em US$ 372 bilhões, equivalentes a pouco mais de 14% da economia do país. Ele considerou a quantia um “colchão de reserva importante”, embora de nível moderado quando comparada às reservas dos demais países originais dos Brios – Rússia, Índia e China. Na China, comparou, as reservas equivalem a 40% do PIB, enquanto na Índia são de 20% do PIB.

Ainda no que diz respeito à situação fiscal, o presidente do Banco Central previu a realização de um superávit primário da ordem de 3% a 3,1% do PIB em 2012. Juntamente com o crescimento da economia, observou, o superávit tem permitido uma redução “significativa” da relação entre a dívida liquida e o PIB, atualmente de 35,7%. A dívida bruta, por sua vez, alcança 54% do Produto Interno Bruto.

Segundo Tombini, representantes do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial consideraram recentemente o sistema financeiro brasileiro estável e com “reservas consideráveis de liquidez”. Em 2011, relatou ainda, o Brasil recebeu US$ 67 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, que cobriram o déficit brasileiro em conta corrente.

Baixo Crescimento

Quanto ao cenário internacional, ele disse que continua caracterizado por mercados voláteis e pelo baixo crescimento da economia mundial. A atual previsão, segundo informou, é de crescimento de 2,3% da economia global em 2012. Na zona do euro, as previsões são de contração de 0,35% em 2012 e crescimento de 1% em 2013. Nos Estados Unidos, o crescimento ficará em torno de 2% em 2012 e 2013. E na China, adiantou Tombini, espera-se um “pouso suave” para uma taxa de crescimento de 7,5%, ante os 14% a 15% conquistados nos últimos anos.

Inadimplência e Inflação

De acordo com o presidente do Banco Central, a tendência em relação à inadimplência no crédito no Brasil é de estabilização e recuo a partir do segundo semestre deste ano.

Em relação à inflação, ele reiterou a sua expectativa de convergência, ainda em 2012, para o centro da meta estabelecida, de 4,5%. A inflação nos serviços, observou, foi de 7,5% nos últimos 12 meses. Sem contar os serviços, completou, o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) já estaria em 3,85%.

- Temos sólidos fundamentos macroeconômicos e uma política monetária que vem trazendo a inflação a seu objetivo. O sistema financeiro nacional tem elevados níveis de liquidez. A expansão de crédito segue em condições mais favoráveis de taxas e inadimplência. A atividade econômica se acelera em 2012. E a inflação continua em processo de convergência em direção à meta de 4,5% - resumiu Tombini.

Durante o debate, a senadora Ana Amélia (PP-RS) demonstrou preocupação com as taxas de juros cobradas no setor agrícola, no momento em que se prepara o plano de safra 2012/13. O senador Valdir Raupp (PMDB-RO), por sua vez, mencionou números da pesquisa Focus, feita junto ao mercado financeiro, segundo os quais a inflação seria de 5% neste ano e de 5,3% em 2013.

A situação das contas externas foi o tema do senador Francisco Dornelles (PTB-RJ). Números recentes, observou, indicam a conquista de um superávit comercial menor do que o esperado e uma menor entrada de investimentos diretos. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) propôs que os estados possam redirecionar 30% do atual pagamento do serviço de suas dívidas a investimentos, como medida auxiliar na retomada do crescimento econômico. O senador Waldemir Moka (PMDB-MS), por sua vez, manifestou preocupação com irregularidades cometidas por bancos como o Cruzeiro do Sul, sob intervenção do Banco Central.

O senador Wellington Dias (PT-PI) manifestou sua expectativa de que o Brasil possa manter uma taxa de câmbio “adequada para que alguns setores ganhem competitividade” em relação a produtos estrangeiros. Por último, Delcídio Amaral defendeu a realização de um debate sobre o tema da repatriação de recursos de cidadãos brasileiros que se encontram no exterior.



12/06/2012

Agência Senado


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