Trabalhadores cobram ações para estimular consumo de frango e minimizar crise gerada pela gripe aviária



Líderes sindicais que representam trabalhadores do setor de produção de frango cobram do governo, além de medidas consistentes para a prevenção da gripe aviária, ações de marketing para estimular o consumo do produto. O objetivo é minimizar a crise decorrente da retração das vendas do produto brasileiro no mercado internacional, verificada após a eclosão da virose em países orientais e europeus.

O apelo foi feito nesta segunda-feira (17), em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), destinada a avaliar os impactos sociais e econômicos da gripe aviária no país. O debate foi proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que também coordenou os trabalhos.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação (CNTA), Artur Bueno de Camargo, sugeriu uma grande campanha publicitária no exterior, estrelada por jogadores da seleção brasileira de futebol e outras personalidades com visibilidade internacional, em que essas pessoas apareçam como consumidores do frango brasileiro.

- Iniciativas como essa precisam ser cobradas do governo para que as exportações alcancem um patamar mais importante - defendeu.

O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentaçãodo Rio Grande do Sul (FTIA-RS), Darci Rocha, reforçou o apelo em favor das campanhas de incentivo ao consumo. Porém, sugeriu que o foco seja o mercado interno, como forma de compensar a retração das vendas no exterior.

Rocha também pediu a união do Legislativo e do Executivo para cobrar responsabilidade social das empresas do setor. Ele argumentou que as indústrias do segmento tiveram lucros elevados nos últimos anos, em atividade financiada com empréstimos e incentivos públicos. Porém, como salientou, reduziram a produção ao primeiro sinal de crise, promovendo demissões preventivas, inclusive de trabalhadores portadores de doenças ocupacionais.

- É um flagrante de que não possuem responsabilidade social - criticou.

O senador Paulo Paim, que também é vice-presidente da CDH, salientou que, a despeito de não ter ocorrido casos da doença no Brasil,na campo econômico e social seus reflexos são cruéis. Ele assumiu o compromisso de defender junto ao governo a inclusão de representantes dos trabalhadores na comissão interministerial que realiza estudos para prevenir a doença e reduzir seus impactos no país.

- O Senado fará parte do esforço conjunto para que os trabalhadores não sejam os únicos punidos pela crise - acenou.

Para o consultor do Senado José Pinto, a crise pode justificar uma legislação provisória para flexibilizar o acesso dos trabalhadores do setor ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ao seguro-desemprego. O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde (CNTS), Paulo Pimentel, manifestou a preocupação da entidade com o impacto que um possível surto da gripe aviária sobre os trabalhadores da área e defendeu a mobilização da categoria para antecipar-se aos fatos.

O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) disse ter ficado "estarrecido" com as informações trazidas à audiência pelos sindicalistas sobre a crise, em que as estratégias defensivas adotadas pelas empresas atingem duramente os trabalhadores, com crescente desemprego. Lamentou que as relações no mundo do trabalho ainda permaneçam em patamar tão atrasado e apontou a coincidência de os fatos estarem acontecendo no momento em que o Brasil é governado por um trabalhador.



17/04/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senadores cobram de Graziano ações para minimizar efeitos da seca em Alagoas

Senadores elogiam ações do BC contra a crise, mas cobram medidas que levem à redução dos juros

Romeu Tuma pede providências para evitar gripe aviária no Brasil

MP que liberou crédito para combate à gripe aviária tranca pauta do Senado

MP que liberou crédito para combate à gripe aviária tranca pauta do Senado

Saúde: Estado recebe cepa da OMS para fabricar vacina contra gripe aviária