Transferência de tecnologia na área de defesa tem apoio de parlamentares franceses
Os acordos de transferência de tecnologia na área de defesa celebrados entre a França e o Brasil contam com o "apoio integral" do Parlamento francês, disse nesta terça-feira (16) o presidente do Senado da França, Gérard Larcher, durante visita à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
- Não se trata apenas de vender aviões e submarinos, mas sim de se concretizar uma transferência de tecnologia para hoje e para amanhã - afirmou Larcher.
Pouco antes, o presidente da Comissão de Relações Exteriores, de Defesa e das Forças Armadas do Senado francês, Josselin de Rohan, havia convidado o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado brasileiro, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), a viajar à França, juntamente com uma delegação de parlamentares, para debater o tema. O parlamentar francês convidou ainda os colegas brasileiros a visitar instalações militares de seu país.
Segundo Rohan, a França vê com bons olhos a ascensão do Brasil no cenário internacional. Ele ressaltou a boa relação entre os presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva e observou que o presidente francês defende a presença do Brasil, como membro permanente, no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
- Existe uma imensa convergência entre os dois países a respeito de temas como o aquecimento global, a busca da paz mundial e a necessidade, comprovada pela atual crise econômica, de maior regulamentação [dos mercados] - disse Rohan.
Na presidência da reunião, Azeredo considerou importante saber que não existe, na França, restrição legislativa a acordos de transferência de tecnologia com o Brasil. Ele recordou que helicópteros de tecnologia francesa são fabricados no seu estado, Minas Gerais.
O senador João Tenório (PSDB-AL) também se disse satisfeito com a cooperação na área militar e, ao mencionar a questão ambiental, defendeu a utilização da energia nuclear - responsável por 80% da eletricidade francesa - e da bioenergia, produzida a partir de etanol. Em resposta, Larcher afirmou que seu país estaria pronto a estabelecer uma parceria na questão da energia nuclear.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) quis saber se haveria, no Parlamento francês, algum tipo de "preconceito ideológico" em relação ao ingresso da Turquia na União Européia, assim como existiria, em sua opinião, a respeito da entrada da Venezuela no Mercosul. Josselin de Rohan disse que não há preconceito ideológico, mas observou que seu país não considera a Turquia um Estado europeu.
Amazônia
Os senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA) defenderam maior integração da França com os estados da Amazônia brasileira. Mozarildo defendeu o projeto Arco Norte, que estabelece a conexão de estradas de Roraima ao Amapá, passando pela Guiana, pelo Suriname e pela Guiana Francesa. Flexa Ribeiro, por sua vez, propôs maior cooperação científica com a França, para promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, lembrando que vivem na região 25 milhões de brasileiros.
Em resposta, o presidente do Grupo de Amizade França-Brasil, Roland Du Luart, propôs a criação de um grupo de trabalho permanente para analisar a questão dos imigrantes brasileiros na Guiana Francesa. E disse estar "200% de acordo" com Flexa Ribeiro sobre a proposta de maior cooperação científica, que deveria incluir, a seu ver, o estabelecimento de um centro binacional dedicado à biodiversidade.
Ao final da reunião, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) questionou os colegas franceses sobre a possibilidade de criação de um programa de renda básica naquele país. Larcher informou que foi recentemente criado um programa de transferência de renda que ajuda o trabalhador a gerar seu próprio sustento. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), por sua vez, demonstrou preocupação com a situação de imigrantes provenientes de países pobres na Europa, após a crise econômica mundial. O presidente do Senado francês afirmou que seu país quer, ao mesmo tempo, proteger os direitos dos imigrantes e controlar os fluxos migratórios.
16/06/2009
Agência Senado
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