TRE explica atraso na divulgação do resultado










TRE explica atraso na divulgação do resultado
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral, o desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, concedeu ontem à tarde uma entrevista coletiva à imprensa e falou a respeito do atraso na divulgação dos resultados da eleição no Estado. Marco Antônio criticou o uso do voto impresso que, segundo ele, não trouxe nenhum benefício para a apuração dos votos. "Muito pelo contrário, só trouxe prejuízos. Basta comparar a apuração dos votos das urnas comuns com as do voto impresso", afirmou. Marco Antônio também fez referências aos gastos com estas urnas. "É um gasto muito elevado para a absoluta ausência de qualquer benefício."

Apesar dos problemas, o voto impresso será novamente utilizado durante o segundo turno. "Nós temos que ver a utilidade ou não da máquina na sua globalidade. Por enquanto, é evidente que a urna com o voto impresso não foi aprovada", declarou.

O atraso na divulgação do resultado da eleição, previsto para as três horas da madrugada de ontem, só foi divulgado às 14hs, e se deveu principalmente aos problemas com as urnas em São Leopldo, uma das cidades do Estado que testou o voto impresso. "Aproximandamente 10% das urnas nesta cidade tiveram problemas", informou o presidente do TRE.

Em relação ao resto do país, o desembargador disse que o "Rio Grande é um oásis em meio aos problemas do Brasil" e citou os fatos ocorridos no Distrito Federal, onde pessoas ainda votavam por volta da meia noite do domingo.

Numa análise geral, Marco Antônio acredita que as eleições ocorreram "dentro da mais absoluta normalidade" e elogiou o comportamento do eleitor, destacando a parceria com os meios de comunicação para informar os brasileiros sobre o pleito. "O auxílio da imprensa foi inestimável", declarou o presidente do TRE.

Das 23.515 urnas eletrônicas do Estado, 335 tiveram que ser trocadas e 53 passaram para o voto manual.

Destas, 32 são de São Leopoldo. Marco Antônio Leal também considerou os números de votos brancos e nulos e as abstenções dentro do esperado.

O presidente do TRE destacou, ainda, o número elevado da boca-de-urna. "Foi um número acentuado de pessoas que foram conduzidas ao plantão do foro pela prática do ilícito eleioral", afirmou.

Marco Antônio Leal pretende publicar hoje o relatório com o resultado da eleição, ainda que não oficial, para que transcorram as 48 horas necessárias para o início da propaganda política, que está prevista para começar na sexta-feira.


Câmara e Assembléia têm renovação de 40% dos políticos
A Assembléia Legislativa tem nada menos de 21 novos deputados a partir do próximo ano. Houve caso de deputado que não concorreu à reeleição, que foi a deputada Maria do Carmo Bueno, do PPB, depois de ter exercido dois mandatos, por ter decidido se dedicar inteiramente à sua profissão de comunicadora.

O presidente Sérgio Zambiasi se elegeu para uma das vagas gaúchas no Senado Federal. O deputado Érico Ribeiro (PPB) se elegeu deputado federal, e Francisco Áppio tentou uma cadeira na Câmara Federal e não conseguiu. O deputado Otomar Vivian, ex-presidente da Casa, não alcançou a reeleição.

O mesmo aconteceu com o deputado Ciro Simoni, do PDT. O deputado José Ivo Sartori, do PMDB, se elegeu para a Câmara Federal, e os pedetistas Aloisio Classmann, Eliseu Santos e Paulo Moreira não alcançaram a reeleição.

Os tucanos Adilson Troca e Jorge Gobbi também não conseguiram se reeleger. O deputado Germano Bonow, do PFL, concorreu a vice-governador na chapa encabeçada por Antônio Britto e não teve sucesso. O deputado Onyx Lorenzoni, também pefelista, ganhou uma cadeira na Câmara dos Deputados.

A mesma sorte não teve o deputado Paulo Odone Ribeiro, que também tentou a deputação federal. Outros dois deputados do PPS, Iara Wortmann e Mário Bernd, não se reelegeram.

As deputadas petistas Maria do Rosário e Luciana Genro se elegeram deputadas federais. Cecília Hipólito não teve a mesma sorte. O deputado padre Roque Grazziotin não conseguiu novo mandato no Legislativo.

As novidades na Casa do Povo são a esposa do prefeito de Novo Hamburgo, José Airton dos Santos, Floriza
dos Santos, que se elegeu pelo PDT. No PFL, se elegeu o médium e pai-de-santo Marlon Santos, de Cachoeira do Sul.

Entre as caras novas do PPB estão o médico Pedro Westphalen, de Cruz Alta, e o jovem Gerônimo Görgen, de Santo Augusto, presidente da Juventude Pepebista, além do ex-governador Jair Soares.

Entre os tucanos, há três novidades: Francisco Sanchotene Felice, ex-deputado e ex-Secretário da Administração no governo Pedro Simon, Ruy Pauletti, ex-reitor da Universidade de Caxias do Sul, e o vereador da capital Paulo Brum.

O PSB conseguiu novamente ter representação no Legislativo Estadual através do pastor Sérgio Peres, da Igreja Universal, e de Heitor Schuch, ex-presidente da Fetag. No PMDB, há cinco novos deputados, a saber: Luiz Fernando Záchia, ex-presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Alceu Moreira, ex-prefeito de Osório e ex-presidente da Famurs, Márcio Biolchi, jovem vereador em Carazinho e filho do deputado federal Osvaldo Biolchi, que não se reelegeu, Nelson Hartler, ex-vereador e que foi candidato a prefeito de Pelotas e ex-deputado, e Janir Branco, filho do falecido prefeito de Rio Grande, Wilson Branco.

Quase metade da Câmara Federal é renovada
O candidato Germano Rigotto, que concorre no segundo turno para o governo do Estado, é um dos que abriu vaga na Câmara dos Deputados, outros dois foram a deputada Ester Grossi, do PT, e Ezidio Pinheiro, do PSB, que optaram por não concorrer à reeleição. O pedetista Airton Dipp, ex-presidente do partido no Estado, Marcos Rolim e Waldomiro Fioravante, do PT, também não conseguiram se reeleger, enquanto o deputado Paulo Paim conseguia uma das vagas de senador pelo Rio Grande do Sul.

O deputado Fetter Junior, do PPB, não obteve sua reeleição, e Telmo Kirst, também do PPB, deixou de concorrer à Câmara preferindo disputar uma cadeira na Assembléia, e também não teve êxito. No PMDB teve vários parlamentares que não conseguiram voltar para Brasília no próximo ano, são eles: Osvaldo Biolchi, Osmar Terra e Wilson Cignachi. Outro que não conseguiu renovar seu mandato foi o deputado Roberto Argenta, do PHS.

As novidades na Câmara dos Deputados pelo Rio Grande do Sul, no próximo ano, serão os petistas Paulo Pimenta, que é vice-prefeito de Santa Maria, Maria do Rosário e Luciana Genro, hoje deputadas estaduais, e Orlando Desconsi, de Santa Rosa, que já era suplente da bancada federal. Quem volta à Câmara Federal é o ex-ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, do PMDB. Seu correligionário, José Ivo Sartori, que é ex-presidente da Assembléia, também conseguiu uma cadeira. E há três novos deputados federais do PPB: Érico Ribeiro, que era deputado estadual, Francisco Turra, ex-ministro da Agricultura, e José Otávio Germano, ex-presidente da Assembléia, também. Outro estreante é o jovem Nelson Marchezan Junior, filho do falecido político, que se elegeu pelo PSDB.

Pelo PFL, o deputado estadual Onyx Lorenzoni conseguiu um lugar na Câmara dos Deputados, e também os petebistas Kelly Moraes, esposa do prefeito de Santa Cruz do Sul, Sérgio Moraes, e o pastor evangélico Reinaldo Santos e Silva.


Hospital da Criança Santo Antônio realiza 26 cirurgias
O novo Hospital da Criança Santo Antônio, que funciona no Complexo da Santa Casa de Porto Alegre, incluindo pacientes do antigo prédio da instituição, está com 26 cirurgias agendadas para hoje. O diretor médico do Santo Antônio, Érico Faustini, informou que serão feitas cirurgias de pediatria geral, oftalmologia, urologia, neurocirurgia, plástica e torácica, no bloco cirúrgico d o hospital.

No Dia da Criança, 12, o hospital será apresentado aos porto-alegrenses com uma festa no largo em frente aos hospitais Dom Vicente Scherer e Santo Antônio, com entrada franca. A programação, que inicia às 10h, terá a inauguração do memorial do hospital, apresentação do coro da Santa Casa de Porto Alegre e da Sogipa, teatro infantil, balé e a banda do Colégio São João.


Atividade no Estado cresce 4,80% em agosto
O Índice de Desempenho Industrial do Rio Grande do Sul cresceu 5% em agosto comparativamente a julho.

Em relação a agosto de 2001 o crescimento foi de 4,80%. No acumulado do ano o índice atingiu 0,95% e em 12 meses chegou a 1,48%. Os números foram divulgados ontem pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Renan Proença. O levantamento mostra que, apesar do crescimento, continua a desaceleração da economia gaúcha, porque o
resultado em 12 meses foi o menor desde julho de 1999.

O bom desempenho de agosto se deve principalmente às compras, que aumentaram 13,7%, devido à proximidade com o final do ano, e às vendas (7,6%). A utilização da capacidade instalada cresceu 2%, enquanto a massa de salários e as horas trabalhadas recuaram 2,7% e 3,2% respectivamente. A variável pessoal ocupado registrou uma virtual estagnação (0,01%).

O desempenho do mês recebeu as influências positivas da indústria mecânica (+7,5%), onde novamente se destacou o segmento de máquinas agrícolas (10,2%) impulsionado pelos negócios efetuados na Expointer, além do setor químico (+12,5%), impactado pela concentração das importações de nafta; e de vestuário/calçados (+2,55%) devido à entrada da nova estação. Já os piores desempenhos ocorreram no segmento de fumo (-33,1%), juntamente com a redução da atividade em material de transporte (-8%) - devido à queda nas vendas de carrocerias - e na indústria alimentícia (-1,2%).

"As perspectivas para a indústria de transformação vão ao encontro da manutenção deste quadro, ou seja, o IDI-RS deverá fechar o ano de 2002 no atual patamar, visto que os fatores conjunturais que determinam a sua atual dinâmica, - crise financeira e cambial - deverão permanecer pelo menos até o segundo turno das eleições presidenciais", explica Proença.


Dólar sobe com a confirmação do segundo turno
O segundo turno apenas prolonga a agonia do mercado financeiro. A estimativa é de que o câmbio passe pelo menos mais três semanas sem rumo definido, marcado por especulações. Esta é a visão dos investidores, que preferiram pressionar o câmbio e fugir da bolsa ontem. O dólar chegou ao final dos negócios em alta de 3,18%, vendido a R$ 3,735, na maior cotação do mês. Na máxima do dia, a moeda atingiu alta de 3,75%, e saltou para R$ 3,756.

A Bovespa despencou 4,28%, com o menor volume desde 8 de julho, R$ 271,976 milhões. Para cobrir o custo da estrutura e operações, a bolsa precisa movimentar, no mínimo, R$ 400 milhões. O estrangeiro também vê com desconfiança a indefinição do quadro político. O risco-país brasileiro (Embi+), calculado pelo JP Morgan disparou 5%, para 2.058 pontos básicos. Os C-Bonds, títulos brasileiros mais negociados no exterior caíram -2,62% para 53,5% do valor de face.

"Para o mercado, é muito ruim a decisão ter ido para segundo turno. Se definisse logo ia facilitar", avalia o vice-presidente da Associação Brasileira do Mercado de Capitais, Edmilson Lyra. Os investidores só vão se acalmar com perspectivas globais melhores.

Ontem o comportamento do mercado brasileiro esteve atrelado ao nervosismo externo. As principais bolsas mundiais despencaram com a ameaça cada vez mais concreta de uma invasão dos Estados Unidos ao Iraque e com a alta do preço do barril de petróleo. O índice Nasdaq recuou 1,8% e se encontra próximo do patamar de 1.100 pontos. "Se furar este suporte, ninguém sabe o que vai acontecer", explica o consultor de investimentos da Agente Corretora, João Marcos Cicarelli. O Dow Jones cedeu 1,4% e o DAX, da bolsa de Frankfurt, fechou em queda de 1,74%, para 2.667,39 pontos. No ano, o índice acumula uma baixa de 47,39%.

Além da expectativa do cenário eleitoral, há o fator técnico, marcado pelos vencimentos dos títulos do Banco Central de R$ 28,5 bilhões. Somente as LFTs, respondem por cerca de R$ 14,3 bilhões. No vencimento mais próximo, o dia 17 a soma é de US$ 3,6 bilhões. Na sexta, a autoridade monetária tentou rolar os papéis, mas o mercado exigiu taxas muito altas. No dia 23 irá vencer mais US$ 1,1 bilhão em títulos. Há ainda as saídas para o pagamento das dívidas das empresas. A estimativa é de que os vencimentos de empresas privadas no exterior para este mês devem somar cerca e US$ 2 bilhões.


Projeto capacitará empresas gaúchas de petróleo e gás
Um projeto de capacitação e qualificação de 43 subfornecedores gaúchos da cadeia produtiva do petróleo e gás está sendo desenvolvido pela parceria do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Microempresas do Rio Grande do Sul (Sebrae/RS), Rede Petro-RS e empresas âncoras. A iniciativa, que começou ontem com um seminário se estenderá por dois anos e conta com o apoio também da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP) e as companhias Coester e Weatherford.

O projeto prevê que as 43 empresas inscritas tenham cerca de 400 horas de treinamento em grupo e mais de 16 mil horas em consultoria. Nesse etapa o total de recursos empregados chegam a R$ 460 mil divididos entre os participantes e Sebrae. O órgão calcula um acréscimo de sua parte em R$ 130 mil em ferramentas e nas outras fases do empreendimento. Já se planeja a formação de dois novos grupos no futuro.

"A idéia é que as empresas subfornecedoras de companhias como a Coester e Weatherford se qualifiquem e
ganhem em produção e tempo", explica o diretor do Sebrae/RS, Carlos Klein. Ele informa que o levantamento inicial feito com as empresas inscritas no projeto constatou que 60% não têm ferramentas eficientes de planejamento. Mais de 75% necessita fortalecer seus sistemas internos de qualidade e 80% precisa melhorar o processo de comercialização.

"Os subfornecedores não se vêem ainda como parte integrante de uma cadeia tão importante como a do setor de petróleo e gás", argumenta Klein. Ele lembra que são previstos investimentos em torno dos US$ 100 bilhões no Brasil nesta área e de US$ 300 bilhões na América Latina.

O coordenador da Rede Petro-RS, Marcelo Lopes, diz que depois da capacitação das empresas, integrantes do projeto, os participantes deverão ingressar no grupo de 105 empresas que compõem a rede. "Isso é muito importante para que os gaúchos busquem mercados novos, principalmente na América do Sul", projeta Lopes.

Ele revela ainda que dentro de poucos anos haverá uma investida no mercado da costa oeste da África que representa uma oportunidade de negócios de até US$ 400 milhões ao ano. As empresas que formam a Rede Petro-RS, uma articulação da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SCT) e iniciativa privada, têm um faturamento que varia de R$ 5 milhões a R$ 130 milhões ao ano.

O supervisor de qualidade da Weatherford, Fernando Silva, relata que os prestadores de serviços e materiais para indústria do setor de petróleo e gás estão crescendo no Estado e iniciativas como o projeto de capacitação permite que se ganhe em tecnologia e se internacionalize os negócios. A Weatherford conta com uma planta industrial em São Leopoldo e outra em Caxias do Sul. A unidade do Vale do Sinos produz equipamento para bombeio de petróleo, tendo registrado um faturamento de R$ 27,7 milhões em 2001. A fábrica da Serra é voltada para equipamentos de complementação dos poços e teve um faturamento de R$ 24,5 milhões no ano passado.


Artigos

A ética na política
Percival Puggina

A ética envolve um impulso para o bem. É o bem que se deve procurar, é o mal que se deve evitar, é o bem que deve estar presente na finalidade de todas as ações humanas, é o bem não pode estar ausente dos meios utilizados para atingir tais fins, e assim por diante. Na política, o bem recebe o nome de bem comum. É para ele que devem convergir as ações de todos os participantes do jogo político. Aqui, um primeiro grande esquecimento: para que haja ética na política é necessário que haja ética no eleitor, no político e nos partidos políticos. Seria ingenuidade imaginar que conseguiremos a ética como produto adquirido para uso específico no segmento da elite detentora de mandatos e presente nos quadros de governo e administração. Não teremos grandes avanços enquanto parte expressiva, senão a maioria, do eleitorado votar buscando o bem próprio através de representação corporativa, com o olho num emprego ou bolsa de estudo, ou ainda movido por sentimentos menores como o ódio ou o ressentimento. Se o eleitor vota assim, como esperar que a pessoa por ele escolhida vá se conduzir de modo diferente? Se o eleitor busca o próprio bem, como reprovar o político eleito quando este o deixa de lado e vai cuidar de seus próprios interesses? Qual a diferença moral entre a atitude de um e de outro? Quem vende voto por camiseta faz algo melhor do que o parlamentar que vende voto por alguma vantagem pessoal?

Por outro lado, os mais comuns deslizes éticos entre os políticos não estão relacionados com ilícitos penais.

Bem mais freqüentes, e raramente reprovados, são os comportamentos daqueles que se elegem dizendo que vão fazer o que depois não fazem, ou vice-versa, que sacrificam convicção pessoal, que disputam posições para as quais se sabem despreparados, que são inoperantes, omissos ou ausentes, que negociam contra o bem comum, que não querem a paz e não a constróem, e que vendem suas convicções aos marqueteiros em troca de votos. A sonora questão da fidelidade partidária não é diferente. A fidelidade dos eleitos aos partidos pelos quais concorreram é parte da questão da fidelidade, que também envolve a fidelidade do partido ao seu programa e aos compromissos de campanha, fidelidade do partido ao seu filiado, eleitor e militante, fidelidade do partido ao bem comum. Numa perspectiva ética, interessa muito mais que os partidos escolham sempre os melhores, tornem conhecidos seus programas e a eles sejam fiéis, busquem o bem comum acima e antes do bem partidário, sejam tão rigorosos com o erro do companheiro quanto o são com o erro do adversário e não lavem as mãos perante os equívocos, deslizes ou delitos cometidos por aqueles que apresentaram ao eleitorado e para os quais pediram votos. Não devemos esquecer, por fim, que a parte principal da responsabilidade moral não reside em evitar o mal mas deve, principalmente, cuidar para que o bem seja feito. O agente político que não proceda assim é mero atravessador.

Presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos


Colunistas

ADÁO OLIVEIRA

Os senadores
Nesta eleição aconteceram coisas que a nossa vã filosofia não seria capaz de imaginar.

Surpreendente!

A primeira delas foi a não-eleição do senador José Fogaça. Reconhecido como o melhor senador das últimas legislaturas, Fogaça tem sido em tempos recentes o relator das questões mais cabeludas do Congresso Nacional. Competente e extremamente eficiente Fogaça é reconhecido pelos seus pares como o melhor legislador da Casa.

Perdeu e sua ausência ainda será muito lamentada.

Três razões básicas são responsáveis pela sua derrota. A primeira delas é que Fogaça trocou de montaria no meio do banhado. Trocar de partido, às vésperas da eleição, teria sido fatal para sua reeleição, dizem seus velhos companheiros do PMDB , apelando para o filosofal "se". "Se tivesse permanecido entre nós teria sido reeleito". A segunda razão revela em Fogaça um homem entediado com a política, especialmente com a banda podre da política. Fogaça comportou-se nesta eleição como um senador eleito e não como um candidato. A terceira e última razão está ligada à vinculação direta mantida com o cabeça da chapa majoritária, Antônio
Britto. O efeito dominó teria concorrido para a derrota de José Fogaça.

Lamentável!

A derrota de Fogaça só não foi mais lamentável porque ele vai ser substituído - ainda bem - pelo deputado Paulo Paim. O perfil de Paim é muito diferente do de Fogaça, mas os dois são reconhecidos no Congresso Nacional como homens corretos, políticos honrados e bons legisladores.

Paulo Paim sofreu nesta eleição. Seu partido o preteriu em favor de uma outra candidata que não tem a sua história e nem a as densidade política. Agüentando tudo calado, Paim tocou a sua campanha como se fosse candidato a deputado.

E venceu. A tudo e a quase todos. Só escapou Sérgio Zambiasi, campeão absoluto de votos nesta eleição.

Toda a vez que aparecia uma pesquisa, Paim tremia. Os institutos lhe davam uma intenção de votos bem menor do que ele esperava. Indicadores a que tinha acesso mostravam que ele seria, no mínimo, o segundo mais votado. Isso nunca foi confirmado nem pelo Ibope, pelo Data Folha, Vox Populi e nem pelo Cepa-Ufrgs. Paim só conseguiu paz de espírito, quando soube que estava eleito.

Ufa! Que sufoco!

A outra surpresa foi a não-eleição de Telmo Kirst como deputado estadual. Depois de ocupar por cinco legislaturas uma cadeira na Câmara dos Deputados, o deputado Telmo Kirst, de Santa Cruz do Sul, resolve trocar a Câmara pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, para ficar mais perto de suas bases. E da família.

E não se reelege. Mais uma vez surpreendente.

Marcos Rolim, o defensor dos direitos humanos, não teve sua atuação aprovada pelos eleitores, tornando-se uma enorme surpresa nesta eleição. Ironicamente, muita gente lhe roubou votos.

O PPPB surpreendeu favoravelmente. O partido que colocou somente 6,2% dos votos válidos para o governo do estado, elegeu seis deputados federais, cinco deles com mais de 100 mil votos.

Não menos surpreentendente!


CARLOS BASTOS

PT e PMDB estabelecem estratégias
As coordenadorias de campanha dos candidatos Tarso Genro, do PT, e do deputado Germano Rigotto, da aliança PMDB-PSDB, estão se reunindo para estabelecer a estratégia de campanha neste segundo turno. Os petistas continuarão com a pregação do primeiro turno, que é dar continuidade ao governo popular que se instalou no Palácio Piratini, e embasam seus argumentos nos incentivos que concederam a pequenos e médios empresários e agricultores e na promoção que obtiveram no desenvolvimento do Estado. Ganha força agora, entre os partidários de Tarso Genro, que é imprescindível eleger um governo identificado com Luiz Inácio Lula da Silva, que está em marcha batida rumo ao Palácio do Planalto.

O seu objetivo em quatro disputas presidenciais nunca esteve tão perto do líder metalúrgico do que neste pleito de 2002. E o PT gaúcho aposta no casamento das candidaturas de Tarso à sucessão de Olívio Dutra, e de Lula para suceder o presidente Fernando Henrique Cardoso. Os movimentos iniciais neste segundo turno indicam que os petistas do Rio Grande vão procurar colar o seu candidato e sua campanha na jornada de Lula para chegar ao Palácio do Planalto.

Tarso, nesses primeiros dias, procura cimentar as alianças naturais do PT com o PSB de Beto Albuquerque e Caleb Oliveira, com o PSTU de Júlio Flores, o PCO do candidato Oscar Jorge de Souza e o PV de José Vilhena. Também serão realizadas gestões junto ao comando regional do PDT, procurando que os pedetistas que já se inclinam pela candidatura de Lula para a presidência da Repúbl ica fechem aqui no Estado em torno da candidatura de Tarso Genro. Os petistas buscam identificar Germano Rigotto com o governo FHC e ainda explorar a sua falta de experiência administrativa, pois nunca ocupou cargo executivo.

Enquanto isso, está em movimentação a cúpula peemedebista, tratando e discutindo as primeiras articulações para a formalização do apoio do PPB de Celso Bernardi, do PPS de Antônio Britto, do PDT de Leonel Brizola e do PTB de Sérgio Zambiasi. Não ficará de fora nem o PL de Aroldo Medina e do deputado federal Paulo Gouvea, apesar da candidatura de José Alencar na chapa de Lula.

Há um debate também sobre o rumo que a campanha deve tomar neste segundo turno, quando devem ser privilegiadas as propostas e evitados os ataques pessoais, priorizando-se a discussão de um projeto para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, sem deixar de lado as críticas de fundo político.

Germano Rigotto está defendendo a tese de que, para governar o Estado hoje, é indispensável contar com cobertura na Assembléia. Daí, em seus contatos com os demais partidos, já vai procurar fazer uma aliança com vistas ao governo, procurando alcançar uma maioria situacionista no Legislativo Estadual. E vai insistir em seu discurso do primeiro turno de que é necessário uma nova alternativa para o Rio Grande do Sul, fugindo-se do antagonismo PT e anti-PT.

Já o PMDB gaúcho vai continuar solidário com a candidatura do tucano José Serra à presidência da República, como já aconteceu no primeiro turno. O partido está embalado com a eleição de cinco deputados federais e de nove deputados estaduais. As lideranças partidárias entendem que o PMDB saiu-se muito melhor do que esperavam nestas eleições de 6 de outubro, depois da saída do grupo de dissidentes que foi para o PPS junto com o ex-governador Antônio Britto. E, agora, é atuar de forma decidida para levar Germano Rigotto ao governo do Estado.


FERNANDO ALBRECHT

Povo Negro
Por iniciativa da ARI e da Sociedade Floresta Aurora, que este ano completa 130 anos de existência, será desencadeado dia 20 de novembro no Theatro 7 de Abril, em Pelotas, o projeto cultural O Povo Negro no Sul.

O conferencista convidado é o presidente Fernando Henrique Cardoso, que fez da presença negra no sul do Brasil tema de seu trabalho acadêmico. Também na Capital haverá shows, palestras, exibição de filmes, mostras de arte sempre com temática negra. Às 20h, no Theatro São Pedro, haverá uma exibição do Balé Nacional do Senegal.

Alerta vermelho I

Se existe algo que preocupa o alto comando petista é o fato de Germano Rigotto ter praticamente empatado com Tarso Genro em Porto Alegre, um fato novo nestes anos todos de domínio petista. Sabe-se que ontem altos escalões municipais manifestaram esta preocupação para os coordenadores da campanha de Tarso, sugerindo que existe aí uma falha estratégica. Para eles, Tarso não teria assumido como deveria a atuação do governo do PT como um todo.

Alerta vermelho II

Já para outros observadores o problema nada tem a ver com estratégia tarsista. Os eleitores chegaram ao limite, segundo estas vozes, por que o PT mão resolve problemas como os dos moradores de rua, a ação de travestis e prostitutas em bairros residenciais, a questão do furor fiscal e dos pardais faturadores, a invasão de camelôs e ambulantes etc. A diferença pró-Tarso na Capital foi de 20 mil votos, quando na última eleição Olívio Dutra livrou 200 mil contra Britto.

As pitonisas

Época de campanha, época de revelação de "cientistas políticos" do tipo "anota aí e me cobra depois". Por uma questão de humanidade omitimos o nome destas pitonisas. Quase todos disseram que Raul Pont faria mais de 100 mil votos. Ninguém cravou Paulo Paim como um dos dois eleitos. Aliás, nem mesmo as pesquisas. Nenhum deles apostou que Fernando Záchia (PMDB) seria eleito e eleito com a votação que teve, idem o ex-reitor da UCS, Ruy Pauletti.

Por falar em aposta...

...nunca uma candidatura foi tão secadas
como a de Emília Fernandes. Inclusive no próprio PT havia uma torcida para que fosse Paulo Paim o ungido pelas urnas. Talvez parte da derrota de Emília se deva a isso.

Camelô da oposição

Durante a campanha eleitoral a fiscalização não bateu muito forte nos camelôs do Centro, o que também contribuiu para que eles tenham tomado (mais ainda) conta do Centro de Porto Alegre. E se alguém pensava que por isso morriam de amores pelo PT se enganou. Um importante assessor petista ficou uma fera quando viu na semana passada os camelôs da Dr. Flores com adesivos de Rigotto no peito.

Na Saudade

A Globo está se desfazendo de vários ativos em especial os que não tem especificamente nada a ver com o seu negócio propriamente dito. Caso da fazenda Saudade, que fica em Cocalins, divisa do Mato Grosso com Goiás. Um gaúcho que é lindeiro da propriedade conta que a Globo está pedindo R$ 60 milhões porteira fechada pelos 50 mil hectares, benfeitorias e 24 mil cabeças de gado. Quem quer porque quer a fazenda é o cantor sertanejo Leonardo. Bala ele tem. Seu jatinho vale R$ 40 milhões.

Ganha e perde

O Vale dos Sinos pegou junto nestas eleições. Júlio Redecker (PPB), Tarcísio Zimermann (PT), Ary Vanazzi (PT) chegaram à Câmara Federal. Fixinha (PPB), Jair Foscarini (PMDB), Floriza Santos (PDT) e Ronaldo Zülke (PT) foram eleitos para a Assembléia. Já o reeleito deputado Kalil Sehbe (PDT) lamenta que Caxias tenha passado de três representantes para dois - ele e Pedro Ivo Sartori (PMDB). E Pelotas, que tinha quatro parlamentares, agora só terá dois.

Segundo turno

Quando esteve em Porto Alegre para uma palestra a empresários no Hotel Sheraton, Garotinho garantiu que não havia chances de ele apoiar Lula em um segundo turno. Pois para alguns pessebistas de nomeada Garotinho ontem andou dizendo o contrário. De olho na governabilidade de sua mulher Rosinha. Só tem uma coisa: em segundo turno não tem essa história de repasse automático de votos de um para outro, embora exista quem pense que no Rio Grande do Sul isso possa acontecer.

Histórias da eleição

Quem estava na fila de votação do Colégio Anísio Teixeira estranhou que a toda hora alguém com uma criança no colo furasse a fila alegando sua condição de pai ou mãe, portanto eleitor preferencial. Alguns acharam que a criança era sempre a mesma. Inventaram a criança de voto de aluguel. Já o pastor Dalton, candidato à Assembléia pelo PL, estava inconformado pelo fato de ter feito 40 mil votos e mesmo assim não ter conseguido vaga - precisaria de 108 mil. E pediu ao TRE a recontagem das urnas eletrônicas.

Problemas da cidade

Porto-alegrense sofre. Quando não é buraco de ozônio lá em cima, é buraco de rua aqui embaixo. Voltaram com força total depois da última operação tapa-buraco. Não raro o remendo foi tão mal feito que os buracos são os mesmos, só que em edição revista e ampliada. E não adianta só dizer que a população deve ligar para a Smov para dar o endereço. As ruas de Porto Alegre estão precisando de uma geral na pavimentação, esta a dura realidade. Tem muito asfalto no meio dos buracos.

Ex-presidente do STJ, ministro Paulo Costa Leite, fala hoje às 20h30min na Faculdade de Direito de Santo Ângelo.

Será dia 31 na Fiergs a entrega do troféu Homens e Mulheres do Vale, promoção do jornal Momento Regional.

MicroStrategy (software de Business Intelligence) anuncia hoje parceria com a gaúcha DBC - Database Company.

Rede Compromisso coma Vida acolhe no [email protected] indicações de pessoas e entidades de destaque na luta contra a Aids.

Portocred obteve do BC autorização para aumentar seu capital para R$ 7 milhões.

Será dia 16 no Dado Bier do Bourbon Country leilão de obras de arte da Kinder.

Fórum Nac ional de Comunicação e Justiça abre inscrições para o Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça.

Ativa mapeia cruzamentos da cidade para traçar um perfil dos consumidores com a pesquisa Caminhos do Consumidor.


Editorial

NASCIMENTO E MORTE DE ESTRELAS APÓS AS ELEIÇÕES

O quadro político apresenta novidades, por mais que se repitam nomes e partidos nas eleições. É uma tradição que vem desde a Velha República e onde o RS desponta. Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Assis Brasil, Pinheiro Machado, Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, Batista Luzardo, Flores da Cunha e, os últimos "caudilhos" citadinos, Loureiro da Silva e Leonel Brizola. No entanto, o que chama a atenção é o aparecimento de novas lideranças em diversos Estados, fruto da ascensão meteórica de alguns, ungidos não só pelas circunstâncias do momento como pela necessidade de buscar alternativas. Lá no fundo, nós temos a tendência em colocar em uma única pessoa a solução de todos os nossos problemas e os do País. Quando se fala em novos não implica, necessariamente, em jovens. Aécio Neves acumula a dupla condição, juventude e carreira ascendente. Lembrado para concorrer pelo PSDB à presidente, preferiu, ajuizadamente, trilhar o caminho convencional do cargo executivo, que na Câmara Federal esbanjara conhecimento, liderança e metas. Aliás, neste final de ano precisará mostrar mais serviço, há muita pauta importante para ser votada.

Neto do falecido Tancredo Neves, homem que participou da política intensamente, desde a fracassada experiência parlamentarista de João Goulart, no início dos anos 60, até o movimento Diretas Já. Eleito pelo voto indireto, não tomou posse. Os mortos, no caso de Tancredo, não pesam tanto pela ausência como por aquilo que, entre eles e nós, nunca foi dito. Quis o destino que o descendente do líder mineiro chegasse ao Palácio da Liberdade em Belo Horizonte de maneira triunfal, unanimidade nas Alterosas.

Faça Aécio Neves um governo de razoável a bom e estará aberto para ele o caminho do Planalto, seja quem for o futuro presidente. Mal foram abertos os arquivos das urnas eletrônicas e o Brasil dá-se conta de que novos personagens assumem papéis importantes no palco partidário, ao lado de estrelas cadentes, como Leonel Brizola, Newton Cardoso, Orestes Quércia e Paulo Maluf, que não se elegeram. No Estado, Germano Rigotto lançou autêntica Terceira Via de bombachas, rompendo a bipolarização que incomodava, forçando um segundo turno em que ele é a novidade ditada pelos eleitores. As pesquisas erraram aqui e ali e os governadores vitoriosos não foram vinculados à corrida presidencial. As lições do pleito são de que foi organizado, sério e o povo manifestou-se livremente, com segurança, desde o RS até a Amazônia. A Justiça Eleitoral, começando pelos juvenis e amadores mesários, funcionou bem, chegando aos píncaros do feito em colocar mais de 115 milhões de pessoas no único processo de eleições computadorizado do mundo. No segundo turno, o que se espera é que as novas e antigas estrelas políticas alertem para a imperiosa força dos números. A contabilidade está na agenda do soerguimento nacional, como Churchil sentenciou há 60 anos, haverá sangue, suor e lágrimas no caminho da redenção financeira e da equação das dificuldades que conhecemos. Não adianta buscar culpados, mas a globalização mostra seu efeito colateral perverso, jamais demitiu-se tanto em tempos teoricamente de paz como agora. Na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos há uma retração dos negócios que, impiedosamente, deixa milhões fora do mercado de trabalho. O caminho dos brasileiros tem uma parede pela frente, mas além dela o percurso continua, mais largo e luminoso, porém ainda não sabemos como chegar lá. Basta ter fé, sermos disciplinados, não transformar o simples em complicado, evitarmos o medo, com a responsabilidade individual e coletiva. Indo aonde o nosso coração mandar, com certeza o amanhã não será tão turvo como os dias atuais.


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10/08/2002


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