Trechos da entrevista do governador Mário Covas após inauguração de duas estações de trem na Capital
II Parte
II Parte Transportes ( continuação) Pergunta: Governador, quantos pessoas vai beneficiar? Covas: Aqui nós temos um número de passageiros de 20 mil por dia. Ocorre que com cada estação adicional, você faz crescer o número de passageiros. Quando nós terminarmos, nós teremos pelo menos duas vezes e meia o número que temos hoje, ou seja a estimativa será de 150 mil pessoas por dia. E, na medida em que você vai fazendo a malha, ou seja, entrosando com outro setor, e fazendo passe único, você saí de Capão Redondo , paga uma passagem, desce na estação e pega o trem com a mesma passagem vai até Osasco, pega outro trem vai até a Luz, tudo com uma passagem só. Então, você faz uma malha interligada que vai se tornando cada vez mais fácil. Porque no dia em que você tiver, Largo Treze, até Praça da Árvore, ou até Santa Cruz, aí você vai direto. E você vai cada vez mais interligando o transporte. Como todos eles são de boa qualidade, você vai ter um conjunto de transporte de boa qualidade. Saúde Pergunta: Governador, o que o senhor achou da aprovação do Senado da proposta da saúde? Covas: Bem, eu não sei no final como é que foi dividido o dinheiro. Porque nós aqui em São Paulo, já temos que usar na Educação e usamos, 30% ao contrário do que é no resto do país. A Constituição Federal diz que é 25%, mas aqui uma deputada que tinha sido minha secretária de Educação na prefeitura apresentou uma emenda para valer 30%. E nós pagamos, ao contrário do que diz o deputado César Callegari, que aliás devia conhecer o assunto porque foi presidente da FDE, diga-se de passagem um presidente contestado. Mas, nós gastamos sempre mais de 30%, isso foi aprovado no Tribunal de Contas, na Assembléia e no Ministério Público. E foi desaprovado numa reunião onde deputados do meu partido não participaram (inaudível). Eu conheço bem o instrumental da Assembléia, o instrumental da Câmara Federal, do Senado, lá um presidente de Comissão não pode dar parecer, nem mesmo voto em separado. Aqui eles usam um mandato (inaudível) separado dado por ele, e o presidente da Comissão para evitar o projeto que foi dado pelo relator nomeado. E aí com quatro pessoas só, em sete, eles acabaram aprovando esta coisa, que passa a ser coisa pública. A tal ponto que um jornalista muito assistido, como é o caso do Bóris Casoy, frisou ontem que eu e o Pitta éramos iguais, o que é uma vergonha. Pergunta: E sobre o gasto mínimo da saúde? Covas: Eu não sei como eu vou fazer a distribuição, porque eu tenho que dar 30% para a educação, tem que dar 12% para a saúde, tem que dar 9,7% para as universidades, tem que dar 1% para a Fapesp. Mas, eu tenho aumento para pagar, tenho aumento para o funcionalismo, tenho aumento para pagar para o Tribunal de Contas, inaudível, e agora vinculação a saúde. Para nós não representa um aumento muito grande, porque nós já gastamos com a saúde 11%. Mas, é ruim porque cada vez você perde mais possibilidade de decisão. As pessoas me dizem assim, com todo este dinheiro vocês não tem dinheiro para por nisso, nós queremos que faça um hospital.(inaudível) Não se faz o hospital porque o dinheiro que vem está todo comprometido, você não tem liberdade de escolha. Pergunta: Qual o senhor acha que é a intenção do Serra em apoiar isso? Covas: A intenção do Serra é botar dinheiro na saúde. Pergunta: Ele está certo? Covas: Ele está, mas se o da educação quiser por 35%, se você me perguntar se ele está certo eu vou dizer que sim. Se o da habitação quiser por 50%, eu também direi que ele está certo. Só que somar 50, com 30, com 20, dá 100. E como é que você paga o resto? Então está coisa te tolhe totalmente a liberdade. Amanhã acontece o inesperado, como aconteceu no começo do ano no Vale do Paraíba e você precisa atender aquilo, não importa, é gente que morreu, é gente que perdeu a casa, que ficou na rua, é gente que teve sua casa inundada pela água. Se você tiver o orçamento todo engessado você não tem nenhuma alternativa, você não tem nem como fazer isso. E não pode, você tem pressões que tem que ter respostas imediatas. O Serra nunca foi muito amigo de vinculações, mas o ministro da Saúde. Pergunta: Existe a hipótese de se rever o aumento do pedágio nas estradas? Covas: Não. Nós temos um contrato e vamos cumprir o contrato. Eu só não cumpro contrato quando a concessionária não cumprir o dele. Eu tenho um contrato assinado e tenho que cumprir, esse contrato não foi feito pela minha cabeça, ele foi feito com a autorização da Assembléia, que votou uma lei permitindo a concessão de estradas e isso não foi feito no governo anterior, que não teve a coragem necessária para fazer, e nós fizemos rigorosamente dentro de leis aprovadas. Agora, para os caras investirem e o metro que eles tem que fazer de estrada, custa “x” num ano, no ano seguinte custa “y”. Portanto, a remuneração tem que mudar também, então, ou tem contrato ou não tem contrato. E contrato é para cumprir. Eu cumpro os desastres que os outros fizeram. Eu já paguei só para o Governo Federal, R$ 16,5 milhões, de dívidas que os outros fizeram. Então, não vou pagar os contratos que foram feitos no meu governo, vou sim. Você vai ver todo mundo festejando as concessões, quando os resultados aparecerem em toda a sua amplitude, você vai ver todo mundo festejando. Porque você tem uma enorme economia tendo a estrada boa. Pergunta: O senhor vai ter uma reunião com o presidente Fernando Henrique para discutir planos de segurança. Eu queria saber se o senhor vai levar alguma proposta? Covas: Quem disse que eu vou ter? Pergunta: Não vai ter não? Covas: Acho que não. Acho que o que o governo pode discutir agora, em termos de planos de segurança, é muito pouco. Foi formado um plano que me agrada, porque a vida inteira eu falei que a violência não era apenas polícia boa e polícia má, era uma série de razões e que eram extremamente abrangentes. Ele aponta uma porção de razões que precisam ser combatidas para diminuir a violência. Sob este aspecto eu até fiquei satisfeito, porque é o que eu digo sempre. Agora, acho que o governo ainda não sabe o dinheiro que tem para fazer isso neste governo, ele também não sabe que prioridades ele vai dar para este dinheiro. Nós temos um programa aqui este ano, que cumpriremos com o sem a ajuda do governo. Temos investimentos que vão custar R$ 100 milhões em penitenciárias, cadeias, e semi-detenção provisória, e R$ 83 milhões em instalações da Febem. Isso vai acontecer com ou sem a ajuda do Governo Federal. Se puder ser com a ajuda do Governo Federal melhor, ou você faz gastando menos, ou você faz mais do que aquilo que você tinha programado para fazer. Pergunta: Os Estados estão sendo chamados para participar desta reunião. São Paulo não está sendo chamado? Covas: Eu não recebi nenhuma notícia. O ministro teve aqui segunda-feira, expondo em linhas gerais o que era o plano, até articulamos um trabalho aqui em São Paulo, conjunto com a Polícia Federal. Mas, eu acho que o governo não estabeleceu o que para ele são prioridades. Ele sabe o que é, no que se refere as ações da polícia federal. Mas, de que maneira ele vai ajudar os Estados, isso é paradoxal. No Ministério da Justiça havia um fundo penitenciário, que tinha neste ano R$ 104 milhões, destinaram para São Paulo R$ 4 milhões, onde está 50% da população penitenciária do país. (inaudível) daqui para frente ele tem que estabelecer que destino eles querem dar. Aqui no Estado, algumas coisas nós achamos prioritárias e vamos botar recursos n06/30/2000
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