Trechos da entrevista do governador Mário Covas, após visita do presidente do Chile, Ricardo Lagos



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Parte I Chile e o Mercosul Pergunta: O presidente do Chile está muito animado, governador, com a entrada no Mercosul? Covas: Eu acho que... tive notícias, não confirmei. Mas aparentemente o pedido formal teria sido feito hoje. Eu não tenho confirmação do que estou dizendo, mas sei que na conversa com o presidente Fernando Henrique esse assunto foi abordado e com muito interesse de parte a parte. Essa é uma pretensão das duas partes bastante antiga, que certamente se formalizará num prazo muito curto. Eu acho que a entrada do Chile no Mercosul vai ser uma conquista muito significativa. O Chile é um país muito bem considerado internacionalmente, do ponto de vista do comércio internacional, portanto acho que isso caminhará com certa velocidade. Pergunta: E para o Estado de São Paulo, governador, tratou-se de algum assunto específico? Covas: Não, nada de especial. A visita foi rápida. Eles têm compromissos adicionais. A universidade, uma parte do grupo vai à Fiesp, vai à universidade agora onde vai ser homenageado. De forma que quanto mais for possível oferecer um cenário da economia brasileira, da situação e de São Paulo em particular, que cria um interesse muito grande. Vieram aqui no Brasil e normalmente eles passam aqui por São Paulo, por uma série de circunstâncias, pela força da economia, e, portanto, a conversa girou mais em torno disso. Nós já temos algumas coisas com o Chile. Por exemplo, na parte de concessão de estradas. O Chile tem um programa de concessão que foi instituído quando ele era ministro. Exatamente por aí, quando era ministro de obras públicas, é que foi instituído o programa de concessão do Chile. E o pessoal da Secretaria dos Transportes daqui tem feito uma série de relações com ele. Uma outra área que a gente tem trabalhos comuns é na área da Fazenda, com os ministérios da Fazenda do Chile. Trabalho de intercâmbio, de conhecimento, de técnicas etc. Depois, o Chile é um país extremamente simpático, portanto, a presença dele, não apenas dentro do País, mas a presença dele no Mercosul vai ser uma coisa que aproxima. Acho que o Montoro viu bem o sentido disso. Tanto que fez até incluir o dispositivo disso na Constituição a respeito da integração na América Latina. O Mercosul não é apenas como a Europa - o Mercado Comum Europeu -, um sistema econômico, é mais do que isso. É um processo de aproximação política entre as nações que se reflete na parte econômica, mas acho que é muito mais um processo de aproximação política. Pergunta: Agora, governador, a redução da Tarifa Externa Comum (TEC), que é considerada um dos pontos iniciais da discussão com o Chile para trazer o país para o Mercosul, pode ter algum reflexo no Estado de São Paulo? Covas: Isso se faz mediante processos de aproximações sucessivas, você vai criando condições para que essa coisa ocorra. Afinal, eu me lembro de saudar o Grand Duque de Luxemburgo, quando ele visitou o Congresso Nacional em 1966, e ainda falavam em Roberto Schumann, que tinha criado o Benelux, que foi o fluxo inicial do Mercado Comum Europeu. Portanto nós estamos aí com 40 anos do Mercado Comum Europeu. Até eles chegarem a uma moeda etc. Isso é um processo de aproximações sucessivas. É lógico que não se resolve instantaneamente, não se resolve zerando uma coisa. É preciso que a existência do Mercosul seja realmente um fator de favorecimento para todos. Seja um acúmulo de forças capaz de nos permitir uma competição de natureza internacional muito mais forte. E, portanto, esse é um problema superável. Não é superável instantaneamente, mas é superável no processo. Pergunta: Num curto prazo, uma redução de alíquota poderia trazer desemprego, por exemplo para o Brasil? Covas: Isso não acontecerá em hipótese nenhuma. Primeiro isso não acontecerá assim. Segundo, você está se referindo à tarifa de exportação, não é isso? Pergunta: É, a TEC.... Covas: Então até não é muito ruim. Porque nessa hipótese você até poderia exportar mais para lá. Esse é um problema de natureza técnica que, como todos os outros, se resolve por negociação e que acaba atendendo o interesse de todos os países. Se não atender o interesse você perde parceiros, e não é isso que se quer, o que ser quer é o contrário. O que se quer é ampliar os parceiros e, portanto, enfrentar as circunstâncias de natureza internacional que são cada vez mais difíceis, com blocos cada vez mais organizados, mais fortes. É indispensável que a América do S

07/14/2000


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