“Trilhas de São Paulo” chega para incentivar a conservação



Ação pioneira da Secretaria de Meio Ambiente envolve 40 trilhas localizadas em 19 unidades de conservação

“Seu” Toninho é guarda do Parque Estadual da Cantareira há 52 anos, Leonardo pratica “trekking” e pedaladas com os amigos, e Cezar estuda no sexto semestre do curso de Lazer e Turismo da Universidade de São Paulo - USP. São três pessoas com histórias de vidas completamente diferentes, mas com um detalhe em comum: o amor pela natureza, que pôde ser manifestado na quinta-feira, 28, no Núcleo Pedra Grande desse parque, onde a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA) lançou o Programa Trilhas de São Paulo. A iniciativa é uma ação pioneira envolvendo 40 trilhas localizadas em 19 unidades de conservação, num total de mais de 200 km de percurso, para incentivar pessoas como “seu” Toninho, Leonardo e Cezar a praticaram o turismo na natureza.

Para despertar a vontade de percorrer cada uma dessas áreas naturais, a Fundação Florestal, órgão da SMA que vai implementar o programa, criou o “Passaporte para as Trilhas de São Paulo”. Trata-se de uma publicação, com o formato de um passaporte, apresentando as 40 trilhas classificadas como de baixo, médio e alto nível de dificuldade, contendo ainda mapas dos trajetos e informações sobre os atrativos dos parques.

Em cada página do livro, há espaço para um carimbo atestando que o proprietário do passaporte realizou o percurso apresentado, fazendo jus a um brinde. Quem completar todas as trilhas de baixo nível de dificuldade ganhará uma garrafa “squeeze’’, já quem fizer as de nível médio levará para casa uma pochete com porta “squeeze“ e câmera digital, e o aventureiro que encarar todas as de nível alto, ganhará uma mochila. Agora, quem conseguir carimbar todas as páginas com as 40 trilhas do passaporte, ganhará uma camiseta com o logo e nome do programa e a frase “Eu fiz’’. O passaporte custará R$ 5,00 e poderá ser adquirido na própria sede dos parques, na SMA e na Fundação Florestal.

“Se olharmos bem, veremos que lançamos um programa que não é tão revolucionário, o que mostra que estávamos atrasados na agenda do ecoturismo’’, disse o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano.  No seu entender, “conseguimos dar um passo significativo, mas que precisa ser acompanhado com outros passos’’.  Por isso, novas trilhas continuarão sendo mapeadas para as próximas edições do passaporte. Além disso, a SMA vai realizar investimentos em infra-estrutura nos parques e nos planos de manejo. Graziano também anunciou a idéia de se mapear trilhas de longo percursso, para os aventureiros que gostam de trilhas que duram dois, três ou mais dias, e um passaporte para as cavernas do Estado de São Paulo.

Para garantir a implementação dessas propostas, Graziano assinou, durante o evento, um acordo com o Instituto Ilhabela Sustentável para a co-gestão da Trilha da Cachoeira do Gato, no Município de Ilhabela, e uma parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA) para formular em conjunto propostas de ajustes administrativos necessários para a expansão do ecoturismo no Estado.

Amor, desafios e oportunidades

Nascido e criado dentro do Parque da Cantareira, “seu“ Toninho, na verdade Antônio Cassalho, de 71 anos, ficou emociando com a iniciativa. O guarda-parque que já “viu de tudo’’ na unidade de conservação, de passarinhos a onças, se disse feliz por ver as melhorias que o parque vem recebendo e as pessoas freqüentando cada vez mais o local que tanto ama. “É muito bonito ver tudo arrumado, bem cuidado e as pessoas visitando e gostando do parque. Elas vêm e não querem ir embora’’, declarou.

Já Leonardo Barbosa, estava feliz por outro motivo: foi o primeiro visitante a receber um carimbo em seu passaporte. Aventureiro, Leonardo, que já pratica turismo de aventura há bastante tempo e criou um grupo para praticar viagens em meio à natureza, montou um programa para percorrer as 40 trilhas em três meses. “Quero ser o primeiro a completar todo o passaporte’’, afirmou.

O estudante de Lazer e Turismo da USP, Cezar Juliano, comemorava o lançamento do Trilhas de São Paulo por enxergar a iniciativa da SMA como uma oportunidade para os profissionais do turismo. “É um projeto pioneiro, um pontapé inicial no setor de ecoturismo do Estado e do país. Tenho certeza que esse trabalho vai abrir muitas portas para os estudantes e profissionais desta área’’, comemorou.

Trabalho

A idéia do Programa Trilhas de São Paulo, que integra o Projeto Ambiental Estratégico de Ecoturismo da SMA, nasceu no ano passado por sugestão do próprio secretário Xico Graziano. Desde então, foi preciso muito trabalho para concluir o primeiro produto do programa. Outros produtos estão previstos: manuais de monitoramento dos impactos da visitações e de interpretação ambiental das trilhas, e um manual com procedimentos para criação de trilhas em áreas conservadas.

“No dia do pregão eletrônico, para adquirirmos as placas das trilhas, caiu um raio perto da Fundação Florestal e perdemos acesso à internet e telefone. A Diretoria Administrativa correu para uma “lan house“ para realizar a licitação. Foi o primeiro pregão eletrônico do mundo feito em uma lan house’’, contou José Wagner do Amaral Neto, diretor executivo da Fundação Florestal.

A história foi contada para ilustrar os esforços aplicados neste projeto. Neto ainda ressaltou que, para a efetivação da proposta do projeto de ecoturismo da SMA, estão sendo elaborados os planos de manejo de todas as unidades de conservação do Estado. Além disso, foi assinado o decreto das estradas-parque e foi criada a gerência de Ecoturismo e Visitação Pública da Fundação Florestal, para acelerar a implantação do Projeto de Ecoturismo na Mata Atlântica que, por meio de um contrato firmado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em quatro anos, investirá US$ 15 milhões nos parques estaduais de Ilhabela, Ilha do Cardoso, Carlos Botelho, Intervales, Caverna do Diabo e Turístico do Alto Ribeira.

Segundo Neto, mais do que consolidar as unidades de conservação como produtos turísticos com capacidade de atrair visitantes, preservando o capital socioambiental das regiões envolvidas, este programa tem a missão fundamental de trazer as pessoas para a conservação ambiental. “Visitando estes parques, fazendo estas trilhas, tendo este contato com a natureza, as pessoas terão um incentivo para conservar o meio ambiente. Esta é a lógica: ‘Conhecer para Conservar’”, falou o diretor executivo da Fundação Florestal, parafraseando o lema do Programa Trilhas de São Paulo.

Da Secretaria do Meio Ambiente

(I.P.)



08/30/2008


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