Tucanos procuram rifar o PFL








Tucanos procuram rifar o PFL
Com o possível deslocamento de Jarbas para a disputa presidencial, o PSDB deixa claro que não aceita o PFL na cabeça da chapa no Estado

A possibilidade do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) ser mesmo o candidato a vice-presidente na chapa do senador José Serra (PSDB) – o que ainda não foi anunciado oficialmente mas já é dado como certo por tucanos e peemedebistas – acirrou uma disputa entre PSDB e PFL, que vinha se mantendo em bastidores, pela cabeça de chapa da aliança governista em Pernambuco. No dia seguinte à ida do governador à Brasília – onde sofreu fortes pressões para aceitar a vice tucana e terminou por emitir sinais de que cedeu ao chamado – o PSDB caiu em campo para alertar o PFL que, sem Jarbas na cabeça, não há candidato natural e o processo fica zerado.

Em Brasília, o maior cacique do PSDB estadual, Sérgio Guerra, reuniu-se ontem com dirigentes do PPB na tentativa de garantir o apoio do partido ao projeto de candidatura própria ao Governo do Estado. A conversa entre as duas legendas foi resumida em uma nota dos pepebistas, colocando-se na disputa majoritária, caso o governador Jarbas Vasconcelos opte pelo projeto nacional.

Tudo blefe. O PPB pernambucano não tem estrutura partidária para uma disputa pelo Governo. Seria um mero coadjuvante da disputa. A nota nada mais é do que um ‘apoio camuflado’ ao projeto majoritário do PSDB, ou seja, uma ação conjunta de tucanos e pepebistas para rifar o PFL da cabeça-de-chapa da aliança. PSDB e PPB já vinham costurando uma composição para a eleição proporcional, a chamada chapinha, que também atinge o PFL pois o partido defende o chapão com todos os partidos da aliança.

A investida dos tucanos contra o PFL não ficou apenas na tentativa de cooptar o PPB. O PSDB tratou até de ensaiar uma chapa: a reedição da dobradinha Roberto Magalhães (hoje no PSDB) e Raul Henry (PMDB). Na avaliação de pefelistas, entretanto, os nomes poderiam até ser bem aceitos por todos os partidos da aliança, se a chapa não tivesse sido interpretada como um reforço do PSDB contra o PFL. A composição, assim, já nasceu ferida de morte. Ouvidos pelo JC, Magalhães e Henry negaram que tivessem sido convidados e descartaram disputar as eleições majoritárias (leia na página 4).
Nenhum pefelista, porém, partiu para o contra-ataque declarado contra a ofensiva dos tucanos. Mas, em dasabafo, o sentimento era o de o partido está sendo ‘apunhalado pelas costas’. Nos bastidores, os pefelistas avaliam que o vice-governador, Mendonça Filho, é, naturalmente, o titular da chapa, se Jarbas Vasconcelos sair mesmo para a eleição presidencial. Deixam claro que, para eles, é difícil aceitar o PSDB na cabeça, chegando a lembrar que os tucanos não foram nem nem responsáveis pela chegada da aliança ao comando do Estado.

“O PSDB chegou depois na aliança e nós do PFL não tivemos qualquer reação. Pelo contrário, aceitamos os tucanos na chapa na disputa pela Prefeitura do Recife. Agora, eles querem nos tirar o Governo?”, reagiu indignado um pefelista.


Sérgio Guerra garante candidatura do PSDB
BRASÍLIA – A nota distribuída pelo PPB assegura que o partido “lançará candidatos próprios no Estado, não somente para a chapa proporcional, mas para governador e para as duas vagas no Senado”, caso o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) não dispute a reeleição. Foi mais um motivo de acirramento nas relações do PSDB com o PFL.

Informados pelo deputado federal Eduardo Campos (PSB) de que o tucano Sérgio Guerra havia se reunido com o presidente do PPB, Severino Cavalcanti, momentos antes da divulgação do documento, os pefelistas não têm duvida: por trás da nota está o cacique tucano. “Por trás não, que não sou de conspirar. Pela frente mesmo”, reagiu irritado Sérgio Guerra. Ele admitiu que leu a nota e até fez “algumas sugestões” a Cavalcanti. “Qual o problema de conversar com aliados?”, perguntou.

Guerra assegura que se Jarbas não se candidatar à reeleição “a aliança estadual terá que ser rediscutida”. “O PSDB deverá lançar candidato próprio, procurando um projeto que tenha identificação com Serra”, disse.


Mendonça: “Jarbas saberá desatar o nó”
BRASÍLIA – No meio da crise envolvendo os partidos governistas no Estado, o vice-governador Mendonça Filho prefere não fazer qualquer análise dos problemas que o PFL tem para garantir uma candidatura majoritária, com o possível deslocamento de Jarbas Vasconcelos (PMDB) para a disputa presidencial. Aparentando tranqüilidade, limitou-se a dizer, ontem, em Brasília: “Não há nó que não se desate. O governador Jarbas Vasconcelos saberá encontrar uma solução para o Estado”.

Também o vice-presidente nacional do PFL, senador José Jorge, não quis adiantar-se sobre um quadro que está “muito confuso”. Segundo ele, enquanto as regras eleitorais não forem definidas e o governador não anunciar oficialmente sua decisão – se será mesmo o vice do tucano José Serra – toda a movimentação política em Pernambuco ficará “engessada”.

“Quem pode garantir se o governador vai mesmo topar ser o vice de Serra? Ou mesmo se as coligações serão livres nos Estados para os partidos que não se coligarem no nível nacional?”, questionou o senador.

Como Mendonça Filho, José Jorge lembrou que o PFL participa há cinco eleições de uma aliança “bem sucedida” no Estado e se disse confiante no governador. “Jarbas sempre soube comandar as forças aliadas”, disse.

Outro que se declarou sem condições de fazer qualquer prognóstico foi o deputado federal Joaquim Francisco. “Qualquer pessoa de bom senso não se arriscará a fazer uma avaliação sob esse terremoto político que assistimos nos últimos dias. Vamos acompanhar a evolução dos fatos só depois teremos condições de avaliar situação”, considerou.


Bancada governista expõe preocupações
O presidente da Assembléia Legislativa, Romário Dias (PFL), defendeu ontem a manutenção da aliança PSDB/PMDB/PFL/PPB em nível nacional e local, e afirmou que ela voltará a se concretizar “de cima para baixo”. “Temos de dar continuidade à obra de Jarbas, em Pernambuco, e também à obra nacional e internacional de Fernando Henrique Cardoso”, conclamou. Otimista, Romário declarou que a não candidatura de Jarbas à reeleição “não muda quase nada” a aliança em Pernambuco. Segundo o deputado, o PFL tem Marco Maciel e Joaquim Francisco, o PMDB tem Raul Henry e o PSDB tem Roberto Magalhães e Sérgio Guerra para disputarem no lugar de Jarbas. “Todos eles terminam se unindo”, assegurou.

O tucano Gilberto Marques Paulo, ex-PFL, previu, porém, dificuldades para a aliança em Pernambuco, do ponto de vista da vitória eleitoral. De acordo com o deputado, sem Jarbas é um risco muito grande para a aliança, inclusive porque vai se perder tempo na sua reconstituição. “A verticalização das coligações é um desastre, especialmente para a nossa aliança, e a ida de Jarbas para a vice de José Serra é complicada. É como se preparar para o vestibular faltando dois dias para as provas”, comparou.

No mesmo tom, o líder do PFL, Augusto Coutinho, ressaltou que o seu partido “não tem condições de votar, em Pernambuco, em ninguém que não seja Jarbas”. Segundo Coutinho, a opção do governador peemedebista de participar, como vice, da chapa à Presidência da República do tucano José Serra, caso se concretize, deixa a aliança em situação indefinida quanto ao sucessor no Estado. Coutinho disse que o PFL não discutiu até hoje outra hipótese que não a reeleição. “Jarbas na vice de Serra é um fato novo, embora seja muito bom para Pernambuco manter a Vice-Presidência do País”, ressalvou.

O deputado Geraldo Co elho considera, entretanto, que o cenário sucessório local depende do parecer do STF sobre a resolução do TSE que impõe a coligação. “Tudo agora é prematuro e fica na base da simulação. Se continuar a resolução, vai ser preciso uma engenharia política para acomodar a aliança.”


Acordo estadual é maior desafio do governador
Jarbas tem até o dia 5 de abril, data da sua desincompatibilização, para costurar um acordo que garanta, na eleição estadual, a manutenção da aliança MDB/PFL/PSDB/PPB

O impasse na aliança governista em Pernambuco é o que vem impedindo, até agora, o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) de anunciar oficialmente que aceita disputar a Vice-Presidência da República na chapa do senador tucano José Serra. Pelo menos é o que asseguram parlamentares tucanos e peemedebistas do Congresso Nacional.

Jarbas, segundo deputados dos dois partidos, espera garantir a todo custo a unidade estadual, mesmo que o PFL venha a manter uma candidatura à Presidência, ou seja, ficando fora do palanque de Serra.

Assim como muitos tucanos e peemedebistas, entretanto, Jarbas acha que o PFL terminará desistindo da candidatura presidencial da governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Também acredita que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai derrubar a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que obriga a verticalização das coligações nas eleições deste ano. A decisão do TSE complica um acordo estadual, mas o governador pernambucano já disse que continuará unido ao PFL no Estado, mesmo que seja numa coligação branca.

Indo para a disputa presidencial, o maior desafio de Jarbas é conseguir manter unidos, na eleição estadual, o PSDB do deputado federal (licenciado) Sérgio Guerra e o PFL do atual vice-presidente da República, Marco Maciel, e do vice-governador, Mendonça Filho. Principalmente por isso, garantem alguns parlamentares aliados, o governador pediu tempo para costurar um acordo antes de sair, oficialmente, da eleição estadual.
“Se o governador Jarbas Vasconcelos sair (para disputar a vice de Serra), a aliança estadual precisa ser renegociada”, disse ontem o ex-prefeito do Recife Roberto Magalhães (ex-PFL e hoje no PSDB), numa declaração que exemplifica bem o desafio que Jarbas tem pela frente, até 5 de abril, quando deve se desincompatibilizar.


“Sem Jarbas, a aliança terá que ser renegociada”
O ex-prefeito Roberto Magalhães (PSDB) não se mostra entusiasmado a disputar uma eleição majoritária, caso o atual governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) decida mesmo se afastar da disputa estadual. Por telefone, de São Paulo, onde está tratando de assuntos relativos ao seu escritório de advocacia, Magalhães disse ontem que estava “distante” das articulações dos partidos da aliança e que vai mesmo disputar a eleição para a Câmara Federal. Mas avisou que, com a saída de Jarbas, a eleição estadual “precisa ser renegociada”.

JORNAL DO COMMERCIO - O seu nome foi especulado hoje (ontem) como opção para uma chapa majoritária da aliança governista. Com a possível saída do governador Jarbas da disputa, aceitaria disputar o Governo?
ROBERTO MAGALHÃES - Não. Sou candidato a deputado federal, não cogito nenhuma outra candidatura. Até agora ninguém tratou desse assunto comigo.

JC - O senhor não disputaria uma majoritária por conta de sua derrota para o PT em 2000 ?
Magalhães - Não é esse o problema. Não me animo para disputar por dois motivos. Primeiro, a eleição majoritária nesse País está atingindo um nível muito baixo. Não vale a pena. Não quero me submeter às provocações. Segundo, a eleição em dois turnos é perversa. No primeiro, a eleição não é para valer. No segundo, é uma eleição plebiscitária. Não tenho entusiasmo.

JC - Qual nome poderia unir os partidos da aliança e evitar um racha?
Magalhães - Há vários nomes, mas primeiro precisa-se saber qual o partido que vai indicar a cabeça da chapa. Sem Jarbas a aliança precisa ser renegociada. Mas quem deve falar sobre isso é o meu partido (PSDB). À essa altura, o quadro que estaria tranqüilo (com a candidatura à reeleição do governador) modificou-se.


“Estou convencido que Jarbas ainda não aceitou a vice”
Discreto e diplomático, o secretário estadual de Educação, Raul Henry (PMDB), assegurou ontem que não foi convidado para assumir nenhuma candidatura majoritária nas próximas eleições. Mesmo que fosse sondado, não se pronunciaria antes de o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) formalizar sua posição: se aceita a vice de Serra ou concorre à reeleição. Henry insistiu que seu projeto é disputar uma vaga na Assembléia Legislativa.

JORNAL DO COMMERCIO – O senhor chegou a ser contactado para assumir uma candidatura majoritária nas eleições deste ano?
RAUL HENRY - Fico feliz pela lembrança, o gesto. Mas não fui sondado por ninguém até agora.

JC - Por fazer parte do grupo mais próximo de Jarbas Vasconcelos, o senhor é sempre lembrado como herdeiro político do governador. Sendo assim, poderia integrar uma chapa majoritária que buscasse a unidade da aliança?
Raul Henry - Estou convencido de que o governador Jarbas Vasconcelos ainda não resolveu nada (se aceita a candidatura à Vice-Presidência na chapa do senador tucano José Serra). Ficaria muito ruim me antecipar a esse posicionamento oficial.

JC - Mas o senhor vai disputar as eleições deste ano?
Raul Henry - O que é certa é a minha candidatura a deputado estadual. Estou na Secretaria de Educação e esse é um ambiente desconfortável para assumir uma candidatura. Só irei me dedicar à campanha política depois que deixar o Governo. Até lá sou apenas um secretário.


Colunistas

PINGA FOGO - Inaldo Sampaio

Óbices locais
Jarbas Vasconcelos talvez não seja candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo tucano José Serra porque dispõe de apenas 15 dias para tentar rearrumar a aliança local, que não está centrada em torno de um programa de governo ou de uma carta de princípios e sim da pessoa física do governador. Pela lógica, com a ida dele para o plano federal Mendonça Filho assumiria o governo e seria o candidato da aliança, porém há resistência no PSDB local.

Ontem, antevéspera de o governador receber oficialmente o convite desse partido para ser o companheiro de chapa do ex-ministro da saúde, o secretário Sérgio Guerra, principal chefe do tucanato pernambucano, articulava em sentido contrário. Por não aceitar Mendonça Filho como candidato a governador, reuniu-se em Brasília, às pressas, com os três deputados federais do PPB, e arrancou deles uma nota dura em que se afirma categoricamente que só continuarão na aliança se o candidato for o próprio Jarbas.

Foi a primeira demonstração concreta de como não será uma operação simples a substituição do governador pelo seu vice ou mesmo por outro candidato do PFL. Com ele próprio na cabeça não haveria desavenças na aliança, sem ele, o desfecho é imprevisível.

Vai com Deus!
Recém filiado ao PDT, o deputado Guilherme Uchoa não se arrepende nem um pouco de ter rompido com Jarbas Vasconcelos e com seu secretário Dorany Sampaio (governo). Vai dobrar com Arraes em Igarassu e São Joaquim do Monte e torce fervorosamente para que o governador seja o vice de Serra para que Pernambuco se veja livre dele. “Se a saúde, a educação e a segurança estão um caos, o que é que o povo deve a este governo? Nada”, disse ele.

Bico fechado
Procurado ontem em seu gabinete para comentar a possibilidade de Mendonça Filho assumir o governo estadual por 9 meses, tornando-se o candidato natural da aliança ao Palácio do Campo das Princesas, o deputado José Mendonça (PFL) declarou: “Só falo sobre o Santa Cruz (do qual é presidente) porque sobre política estou impedido.


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