Tuma presta homenagem a Octavio Frias, "um liberal em política e economia"



O senador Romeu Tuma (DEM-SP) prestou homenagem, em discurso, ao empresário Octavio Frias de Oliveira, proprietário do Grupo Folha, que morreu no último domingo, aos 94 anos. Ele apresentou requerimento em pede ao Senado que manifeste pesar pela morte do empresário.

Tuma fez um relato da vida de Octavio Frias, observando que, apesar de bisneto do Barão de Itambi, político influente no Segundo Reinado, enfrentou uma infância marcada por dificuldades. Frias teve de trabalhar ainda jovem depois da morte da mãe e do desemprego do pai, começando como office-boy em 1926, na Companhia de Gás de São Paulo, à época pertencente a empresários ingleses. Quatorze anos depois, ocupava a diretoria de Contabilidade e Planejamento do Departamento Estadual do Serviço Público de São Paulo.

Aos 31 aos de idade, conforme o senador de São Paulo, Octavio Frias participou, como um dos acionistas-fundadores, da criação do Banco Nacional Imobiliário, do qual foi diretor. Aos 41 anos, criou uma das primeiras empresas do país especializadas na venda direta de ações ao público. Aos 42 anos, era proprietário de uma granja próxima de São Paulo, onde criava 2 milhões de aves, com exportação para o Oriente Médio. Foi ainda sócio da Estação Rodoviária de São Paulo até que, em 1962, comprou o jornal Folha de S. Paulo, com outro sócio.

Outros jornais paulistas foram incorporados ao Grupo Folha, ao mesmo tempo em Octavio Frias trabalhava para modernizar seu parque gráfico. Ainda de acordo com Romeu Tuma, Frias apoiou a revolução de 64 e a derrubada do presidente João Goulart. A partir de 1973, a Folha apoiou a abertura política, incentivou a participação de todas as tendências de opinião em suas páginas e incrementou o teor crítico das edições. Em 1983 e 1984, observou o senador, o jornal "transformou-se em baluarte, na imprensa, do movimento a favor das eleições diretas" para a Presidência da República. Apoiou o Plano Cruzado, fez críticas a Fernando Collor - embora, enfatizou o parlamentar, apoiasse suas propostas de liberalização econômica - e foi a primeira publicação a pedir o impeachment do ex-presidente.

- Na construção de suas empresas, Frias mostrou inteligência prática e intuitiva e tino comercial.De hábitos simples, quase espartanos, ele era agnóstico em religião, liberal em política e economia - afirmou Romeu Tuma.

Há quatro anos, relembrou o senador, quando se discutia a possibilidade de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) conceder empréstimos às empresas de mídia do país, por causa de seus endividamentos, Octavio Frias declarou: "O que interessa ao governo é a mídia de joelhos. Não uma mídia morta. Uma mídia independente não interessa a governo nenhum".

Romeu Tuma pediu que fosse transcrito nos anais do Senado pronunciamento em que ele presta homenagem à Rede Globo de Televisão, que comemorou 42 anos de criação no último dia 26.



02/05/2007

Agência Senado


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